Acampamento "fantasma" tem barracos vazios na BR-262, em Campo Grande

Nesta manhã, poucas pessoas eram vistas no local, que no começou do ano passado prometia abrigar mais de 600 famílias
27/08/2018 14:52 Brasil
Acampamento Zumbi dos Palmares fica nas margens da BR-262 (Foto: Henrique Kawaminami)
Acampamento Zumbi dos Palmares fica nas margens da BR-262 (Foto: Henrique Kawaminami)

Há pouco mais de um ano, famílias de 150 bairros de Campo Grande se mudaram para às margens da rodovia BR-262 - no anel viário, exigindo terra para fins de reforma agrária. Hoje, o clima no acampamento é de abandono, e apesar do grande número de barracos, é difícil encontrar moradores.

O acampamento Zumbi dos Palmares, ligado ao MPL (Movimento Popular de Luta), começou a ser montado em março do ano passado. Na época, o Campo Grande News encontrou famílias alegando que, com dificuldades financeiras, tinham o sonho de ter um terreno para produzir. A maioria dizia que abandonou o aluguel para morar ali.

O cenário na manhã desta segunda-feira (27) era bem diferente. Andando pelo acampamento é possível ver os vários barracos já montados, muitos cercados e até com hortas organizadas. Outros no entanto estão desmontados e abandonados.

Se a promessa no ano passado era reunir cerca de 600 famílias no local, hoje poucas pessoas são vistas, deixando um cenário de abandono na maior parte dos barracos - que ocupam cerca de 500 metros dos dois lados da rodovia.

A equipe de reportagem tentou contato com a liderança do grupo para entender a atual situação do acampamento e quantas famílias deveriam estar morando no local, mas na sede do movimento foi avisada que informações não seriam repassadas à imprensa. O contato também foi feito por telefone, mas durante a ligação, a líder do grupo alegou que não poderia falar naquele momento.

No Estrela 13 - acampamento vizinho ao Zumbi dos Palmares - o movimento nesta manhã também era tímido, e as famílias eram vistas em poucos barracos. A explicação, segundo uma das moradoras que a reportagem encontrou no local, é a “morada paralela”. “Também moro na cidade, fico aqui alguns dias, outro lá”, detalhou a mulher de 38 anos.

“Meu sonho é ganhar minha terra, ter meu sítio para criar meus filhos”, explicou a mulher quando questionada o motivo que a faz ir ao acampamento todas as semana durante os três anos que “vive” ali.

Ao Campo Grande News, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) informou que não é possível saber quantas famílias deveriam ocupar o acampamento, mas afirmou que os dois movimentos esperam por um novo projeto de assentamento, ou a retomada da distribuição dos lotes da reforma agrária. Até o momento não há previsão para isso.

Fonte: Geisy Garnes / Campo Grandes News

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