Câmara de Três Lagoas aprova prorrogação do fim da construção da fábrica da Petrobras para 2022

Cerca de 180 empresários da cidade protestaram contra falta de pagamento que empresas terceirizadas da fábrica teriam deixado de fazer.
28/03/2018 23:36 Brasil
Unidade de Fertilizantes III (UFN-III), em Três Lagoas (MS), teve a venda anunciada em setembro de 2017 (Foto: Reprodução/TV Morena)
Unidade de Fertilizantes III (UFN-III), em Três Lagoas (MS), teve a venda anunciada em setembro de 2017 (Foto: Reprodução/TV Morena)

A Câmara Municipal de Três Lagoas, município a 313 quilômetros da capital de Mato Grosso do Sul, aprovou em caráter de urgência a prorrogação do prazo para o fim da construção da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-III), da Petrobras, para março de 2022.

Durante a votação, na sessão de terça-feira (27), um grupo de empresários protestou a falta de pagamentos em relação aos serviços prestados na obra que está parada desde dezembro de 2014. A construção começou em 2011, está 80,95% concluída e não tem previsão de término.

“Nosso débito com esses 178 empresários é de R$ 38 milhões. No montante das negociações é 0,25%. Então está faltando vontade da Petrobras e está faltando força política”, disse o empresário Jair Panucci, representante do grupo.

A assessoria da Petrobras informou que está legalmente impedida fazer pagamentos com quem não negociou diretamente. Ainda de acordo com a assessoria, os empresários fecharam os serviços com a Galvão Engenharia e Sinopec. A Petrobras rescindiu contrato com essas empresas.

A Galvão Engenharia não retornou o contato até a publicação desta reportagem. A produção da TV Morena não conseguiu contato com a Sinopec.

O projeto de lei foi aprovado por 14 votos. Os vereadores Davis Martinelli (PROS) e Renée Venâncio (PSD) votaram contra. A proposta também inclui à Petrobras mais R$ 6 milhões em ações mitigatórias, que deverá ser pago até dezembro de 2020, IPTU com alíquota de 1% após início das operações da unidade, e ISSQN com alíquota de 2%.

“A empresa que venha a terminar esta obra, ela tem que pagar 2% de Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza [ISSQN] durante a obra. Após a construção da obra também conseguiu 1% do valor de edificação, o que a Petrobras tinha recebido na hora foi 25 anos de isenção de IPTU. Então nós sabemos a importância de uma obra dessa envergadura para o município”, afirmou o secretário Geral da Prefeitura de Três Lagoas, José Pereira da Silva.

Em setembro de 2017, a Petrobras anunciou a venda da UFN-III. A fábrica é um dos maiores investimentos no estado e as obras pararam há três anos. A indústria será vendida em conjunto com a empresa Araucária Nitrogenados S.A. (Ansa), que opera em Araucária (PR).

Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou prejuízo aos cofres públicos de R$ 155 milhões, o que representa 5% do valor contratado, de R$ 3,1 bilhões. Esse dinheiro foi adiantando, segundo o Ministério Público Federal (MPF), ao consórcio responsável pela obra sem qualquer contrapartida de serviços.

Em agosto, o MPF ajuizou ação de improbidade administrativa contra ex-diretores da Petrobras e das empresas por irregularidades na construção da UFN-III. O MPF pediu, liminarmente, a indisponibilidade de bens dos denunciados e, no final da ação, a condenação dos réus e devido ressarcimento ao erário, suspensão de direitos políticos, proibição de contratar com o poder público e demais penas previstas na Lei de Improbidade Administrativa.

Segundo a Petrobras, a unidade deve utilizar como matéria-prima gás natural processado, com consumo médio previsto de 2,2 milhões m³/dia. A unidade de amônia terá capacidade para produzir 2.200 toneladas/dia e a de ureia, 3.600 toneladas/dia. Ambos são utilizados pela agricultura no preparo de adubo. A planta será capaz de produzir ainda 290 toneladas/dia de CO2.

Fonte: Eliane Freitas, TV Morena / G1 MS

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