Com projeto definido, governo quer ponte sobre Rio Paraguai em 4 anos

Projeto prevê estrutura semelhante à ponte de Alencastro, entre MS e Minas Gerais, ao custo de US$ 75 milhões
19/03/2019 17:12 Brasil
Ponte de Alencastro, entre Paranaíba e Minas Gerais, será o modelo a ser seguido em Porto Murtinho. (Foto: Divulgação)
Ponte de Alencastro, entre Paranaíba e Minas Gerais, será o modelo a ser seguido em Porto Murtinho. (Foto: Divulgação)

A visita técnica realizada na manhã desta terça-feira (19) à região de Porto Murtinho, que deve receber a ponte sobre o Rio Paraguai, ligando o município ao vizinho paraguaio Carmelo Peralta, terminou com a expectativa de que os trâmites burocráticos para o empreendimento sejam superados em até 12 meses, com a ponte, do tipo estaiada, sendo inaugurada em agosto de 2023 e abrindo caminho para a rota bioceânica.

A obra, estimada em US$ 75 bilhões, será bancada pela Itaipu Binacional –os recursos sairão da participação paraguaia na usina hidrelétrica. A localização da ponte ficará a cerca de dez quilômetros da zona urbana de Porto Murtinho, como antecipado na segunda-feira (18).

A previsão foi anunciada pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, após a vistoria ao local. Segundo ele, serão concentrados esforços para que projetos e trâmites burocráticos sejam finalizados em 12 meses, para acelerar o início das obras. A expectativa é entregar a ponte em até quatro anos e cinco meses.

“Hoje temos orçamento, temos projeto, tem uma equipe técnica já trabalhando aqui, portanto, as condições todas estão reunidas”, declarou Verruck, segundo quem a ponte “é um grande passo para a estruturação logística e a integração econômica do Estado de Mato Grosso do Sul e torna realidade o sonho de muitas pessoas que pensaram e discutiram a concretização de uma rota bioceânica”.

Comitiva – A vistoria foi o primeiro encontro entre representantes dos dois países para discutir o projeto da ponte. Diretores da Itaipu Binacional participaram da visita, incluindo o conselheiro e ex-ministro Carlos Marun. Segundo ele, a partir da vistoria, será possível convocar uma reunião extraordinária do Conselho de Administração da usina, “para aprovar os recursos destinados ao custeio da fase preparatória, que seriam os estudos, o licenciamento”.

Também presente, o diretor da Itaipu Paraguai, José Alberto Alderete considerou a obra “um marco” para a integração regional. “Após 53 anos da construção da Ponte da Amizade sobre o rio Paraná, Itaipu constrói mais uma ponte internacional. A ponte ligando Porto Murtinho a Carmelo Peralta será a primeira sobre o Rio Paraguai a unir os dois países”, disse, prevendo ainda “o desenvolvimento da fronteira Paraguai-Brasil”.

Além da ponte em Murtinho, Itaipu construirá outra estrutura, já em fase licitatória, entre Foz do Iguaçu (PR) e Presidente Franco (Paraguai), também orçada em US$ 75 milhões. A cidade sul-mato-grossense ganhará, ainda, outra ponte, ligando-se a Puerto Valle-Mi (50 km ao sul da área urbana), orçada em R$ 25 milhões.

Derlei Delevatti (PSDB), prefeito de Porto Murtinho, ressaltou que a ponte construída por Itaipu permitirá a ligação com o Oceano Pacífico, implementando um braço importante da rota bioceânica. “Com essa ponte vamos conseguir colocar os produtos, o grão principalmente, no mercado asiático através dos portos do Chile. Hoje estamos confirmando um sonho de 50 anos”.

Também participaram da visita a diretora financeira de Itaipu, Monica dos Santos, e o diretor de Coordenação, Miguel Gomez, além do deputado federal Vander Loubet (PT) e técnicos do Departamento de Engenharia da Itaipu.

Localização – A intenção é utilizar um projeto de 2016 do Ministério dos Transportes para construção da ponte, incrementado de outras definições técnicas. A estrutura será construída à direita da zona urbana de Murtinho, a uma distância de 12 quilômetros da cidade brasileira e a 3,5 quilômetros de Carmelo Peralta. O acesso brasileiro demandará a construção de uma alça viária, a partir da BR-267 –que liga Murtinho ao restante do país.

O modelo a ser utilizado é o da Ponte de Alencastro, entre Paranaíba e Porto Alencastro (MG), sobre o Rio Paranaíba. Estaiada (suspensa por cabos presos em mastros, que são formados pelos pilares), ela permite a navegabilidade a partir da criação de um vão maior entre os suportes –dando segurança para a passagem de barcaças.

A ponte em Porto Murtinho terá 680 metros, 12 metros de largura e uma passagem lateral para pedestres. O vão principal terá 380 metros, com mais 150 metros entre cada pilar e a margem mais próxima. Cada estrutura do tipo terá 95 metros.

Fonte: Humberto Marques / Campo Grandes News

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