Curso de jardinagem capacita detentas enquanto cumprem penas em presídio
No Estabelecimento Penal Feminino de Regime Semiaberto de Dourados, reeducandas buscam, literalmente, plantar durante o caminho atrás de uma segunda chance no mercado de trabalho, na esperança de que os próximos frutos, além de bons, sejam mais coloridos e longe da vida no crime.
Trinta mulheres que cumprem penas na unidade participam de um “Curso de Formação Profissional para Jardineiro”, que envolve conteúdos teóricos e práticos de plantio, manutenção e paisagismo, abordando conhecimento sobre estudo do PH do solo, cultivo, adubação, organização de viveiros, poda, controle de pragas e produção de plantas ornamentais.
O curso é uma iniciativa da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) em parceria com a 3ª Vara Criminal de Dourados e Ministério Público e surge como uma oportunidade das detentas ao cumprirem suas penas, terem um novo meio de sustento.
“Como se trata de planta, é necessário cuidado, carinho e habilidade. Acredito que futuramente posso ter como uma profissão”, comentou a reeducanda Andreia Cardoso, 35 anos, destacando entre os aprendizados a produção de kokedamas, um tipo de ornamento com plantas utilizado em decorações internas.
Dados do Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura) apontam que o mercado de plantas está em pleno crescimento e movimenta um faturamento médio de R$ 5 bilhões ao ano. A especialista em paisagismo e arquiteta Monad Clemente também aponta que a média salarial para quem atua no ramo de jardinagem gira em torno de R$ 2 mil.
“Se quiser garantir sua competitividade tem de agregar conhecimento de variedades, adubação correta, época de corte e de plantio, regime de regas, nível de umidade e intensidade do sol e sombra, tipo de terreno e etc.”, pontua.
No fim do curso as alunas serão capazes de escolher plantas, ler projetos, organizar canteiros, pois contam com aulas de desenho técnico e representação gráfica. Além do conhecimento adquirido e a certificação profissional, a participação nas aulas também assegura remição na pena por estudo, conforme prevê a Lei de Execução Penal.
A capacitação teve início em agosto e prossegue até janeiro. Só este ano cerca de 900 custodiados em presídios de Mato Grosso do Sul já foram qualificados com atividades de profissionalização, enquanto cumprem suas penas.
Fonte: Adriano Fernandes / Campo Grandes News
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