De volta à infância, o que você estaria fazendo agora se ainda fosse criança?
Emerson na infância, subindo em brinquedos do mesmo jeito que subia em árvores. (Foto: Arquivo Pessoal)
Um belo dia, a gente olha no espelho e percebe que aquela criança desapareceu, dopou-se de tantos compromissos, trabalho, atrasos e conta tão negativa quanto a distância cada vez mais longa da infância que um dia foi incrível.
Mas se você voltasse a ser criança neste exato momento, o que faria? Nas ruas vemos um sorriso tímido, como quem sente saudade de um tempo que dançar na frente de todo mundo ou tocar a campainha do vizinho e sair correndo era ser feliz.
“Com certeza eu sairia na rua, bateria de porta em porta chamando os meus amigos para jogar bola, depois ia jogar bets, se desse tempo tinha o esconde-esconde, mas se tivesse chovendo como hoje a gente voltava a brincar tudo de novo na chuva”, responde o pedagogo e professor de capoeira Josimar Araújo, de 42 anos.
Depois de muitas brincadeiras como menino, ele decidiu ensinar um pouco do que viveu para a filha, Izabeli, de 11 anos, mesmo que nem toda brincadeira volte a ser como antes. “Hoje, infelizmente, não é a mesma coisa. Mas minha atividade como lazer e esporte tem a missão de trabalhar as coisas primárias, por isso busco resgatar aquelas brincadeiras que um dia fizeram toda criança ter contato com o outro”.
O mesmo faz Edmo Mariano da Silva, de 34 anos, que se pudesse diz que “estaria jogando bola com os amigos da rua”. Hoje, ele tenta preservar os momentos de infância em cima de uma bicicleta, competindo ou se exercitando. “É o nosso lado criança que nunca morreu, por isso nunca larguei a bike”.
A foto de menino, subindo em parquinho, estampada na capa é do publicitário Emerson Braz, de 45 anos, que hoje não daria trégua para o tempo, caso voltasse à infância. “Eu ia subir em árvore, pegar manga, brincar de bandeira, rasgar a sola do pé de tanto jogar bola”.
Não há dor que supere a vontade de brincar quando se é criança, diz Emerson que guarda com carinho na memória os machucados da infância e teme toda vez que vê uma criança que não corre por medo de cair. “Isso era normal no meu tempo, aliás, a gente nem se machucava porque encarava tudo, não era essa coisa de ficar no celular e nem olhar por onde pisa”.
O técnico de rede Michel França, de 34 anos, também não tem dúvidas que ficaria na rua até ouvir a mãe gritar: vai tomar banho! “Era só assim que eu ia embora para casa”, lembra.
Com saudades, ele fala de uma infância perdida, ou pelo menos, abalada. “A gente foi criança de verdade e foi criança por muito tempo. Com 12 anos eu ainda queria ficar na rua jogando. Além de futebol, o que rolava era a queimada, que lá na Bahia se chama baleado. Hoje tem criança que nem sabe como começar esse jogo, eu fico triste”.
Rose Vianna, de 37 anos e Sandra do Nascimento, de 42, são amigas que hoje buscam resgatar a infância ao lado dos filhos, mas nada se compara a vida de meninas que cresceram em Corumbá e tinham o Rio Paraguai como quintal, além de um por do sol como atração, todos os dias.
“Era muito pega-pega e esconde-esconde, numa igreja antiga, em que além de brincadeiras, tinham muitas histórias. Sabe como é... criança adorava uma história de assombração”.
Se fechasse os olhos, Sandra poderia sentir o vento e o calor no corre-corre da meninada. “Com a gente não tinha tempo ruim, era o dia todo na rua brincando, voltava suada para casa”.
Hoje, ainda que possa, Rose diz que não leva mais jeito para brincar de elástico, daqueles feitos com restos de meia e que precisa no mínimo três pessoas para a brincadeira. “Não tinha como ficar desunido, um dependia do outro”, diz Rose.
Em mais um dia de caminhada e o ar puro do Parque das Nações Indígenas, o pedagogo Décio Filho, de 70 anos, é sabedoria quanto o assunto são as brincadeiras de infância. “Com certeza eu ia jogar uma pelada, mais tarde pegaria as bolinhas de gude”, afirma lembrando-se das bolinhas que eram encontradas em armazéns da cidade. “Hoje você só encontra em loja de utilidades e o povo ainda usa para decoração, mal sabem a alegria que é ouvir aquele barulhinho do acerto de uma na outra”, menciona.
Fonte: Thailla Torres / Campo Grandes News
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