Devastada pela chuva, Amambai precisa de 10 milhões para sair do buraco
A chuva castiga municípios da região sul de Mato Grosso do Sul e da fronteira do Brasil com o Paraguai. Treze deles estão em situação de emergência, decretada pelas prefeituras e reconhecida pelo governo do Estado. Um é Amambai, a 360 km de Campo Grande. O município estima em pelo menos R$ 10 milhões o montante necessário para construir pontes novas e recuperar as estradas – medidas mais urgentes.
O Campo Grande News foi à cidade de 35 mil habitantes para mostrar os estragos provocados pela chuva, que no mês passado superou os 300 milímetros – volume três vezes maior que a quantidade histórica esperada para novembro.
Na cidade os prejuízos até agora foram pequenos. Na Vila Pimentel estão os maiores estragos. Com tanta chuva, o lençol freático está rompendo o asfalto em várias ruas, que estão interditadas. Apenas uma família teve de ser removida.
Cenário de destruição – É na zona rural, justamente o que sustenta a economia de Amambai, que se concentram os maiores estragos. Estradas inteiras estão intransitáveis, 12 pontes de madeira foram levadas pela água ou estão comprometidas nos limites com municípios vizinhos, propriedades rurais estão isoladas, casas de sítios e fazendas foram desocupadas depois de serem inundadas por rios e córregos, o transporte escolar foi suspenso e o acesso ao município de Coronel Sapucaia está totalmente interrompido.
O cenário é de destruição no município. O prefeito Sérgio Diozébio Barbosa (PMDB) acompanhou a reportagem nos lugares mais devastados pela chuvarada, que já dura 20 dias.
“Se não bastasse o tanto que choveu nessas três semanas, ontem [sexta-feira] tivemos em Amambai a maior chuva de todos os tempos. Foram mais de cem milímetros de água em quatro horas. O que já era preocupante ficou desesperador”, afirmou Sérgio Barbosa.
Situação de emergência – O prefeito afirma que a situação de Amambai é, literalmente de emergência, mas ele se mostra pouco confiante no resultado prático dos decretos de emergência, tanto municipal quanto federal.
“Com a situação de emergência, o município pode tomar providências urgentes para fazer obras, contratar serviços e outras despesas sem precisar esperar os trâmites burocráticos de uma licitação, por exemplo. Mas isso não adianta nada se não tiver dinheiro em caixa. O que resolveria mesmo é se o governo federal liberasse os recursos, mas do jeito que está... Antes o dinheiro de uma emenda demorava seis meses. Agora, estamos conseguindo empenhar recursos de emendas de 2013”, afirmou Barbosa.
O prefeito afirmou que seriam necessários pelo menos R$ 5 milhões para a construção das pontes. “Essas pontes de madeira que foram levadas pela água ou estão comprometidas, terão de ser substituídas por estruturas de concreto. Não existe mais madeira de qualidade para fazer ponte”.
Cratera na estrada e ponte destruída – Sérgio Barbosa disse que seriam necessários outros R$ 5 milhões para recuperar as estradas vicinais, sem contar as rodovias estaduais, também destruídas pela chuva, como a MS-485, que liga Amambai a Aral Moreira e passa por uma importante região produtora de soja. “Aqui estão as terras mais produtivas do Brasil, com 60 sacas de soja por hectare”, disse ele.
A estrada é de terra, mas virou um lamaçal e parece mais um varjão do que uma rodovia. Só caminhonetes 4x4 conseguem romper os trechos mais críticos. A água escorre nas laterais da pista como se brotassem dali mesmo. “Olhe aquilo ali, é uma nascente de água que surgiu de repente, aquela queda de água não existia antes dessas chuvas. É como se uma mina tivesse nascido do nada, bem do lado da rodovia”, diz Ivo Alves, voluntário da Defesa Civil.
Em um bom trecho da rodovia, uma das margens começou a desmoronar e surgiu no local uma enorme cratera, que visivelmente aumenta a cada chuva. A rodovia foi interditada.
No limite dos municípios, a ponte de madeira foi levada pelo Córrego Canguerí. No local onde existia a ponte só tem agora um enorme buraco, de pelo menos 50 metros de extensão, com paredões de terra de um lado e do outro.
O volume de água do córrego cresceu pelo menos cinco vezes. “Esse córrego tinha um metro de profundidade e a largura não era nem metade do que está agora”, afirmou Ivo Alves.
Fonte: Hélio de Freitas, do Campo Grande News
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