Estiagem colabora para o aumento de 172% nos focos de incêndio no MS

23/02/2024 20:12 Brasil
Área atingida pelo fogo na Serra do Amolar (Foto: divulgação IHP)
Área atingida pelo fogo na Serra do Amolar (Foto: divulgação IHP)

Interior

Corumbá é a sexta cidade do país com mais registros de queimada

Com maioria dos casos em áreas pantaneiras, Mato Grosso do Sul já registrou 438 focos de incêndio nos dois primeiros meses do ano, de acordo com o painel do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), atualizado diariamente. Em comparação ao mesmo período de 2023, nesta sexta-feira (23) já representa aumento de 172%.

Os casos deste ano também já superam os registrados, no mesmo período, nos anos de 2022 e 2021, que ficaram em 322 e 120 respectivamente. A alta mais recente ainda é de 2019, quando Pantanal teve o maior aumento de território queimado entre todos os biomas brasileiros.

Das cidades com mais pontos em chamas, Corumbá é o sexto do país com mais registros, com 153 focos. Já a nível estadual, Mato Grosso do Sul só fica atrás do Paraná, Mato Grosso, Pará e Maranhão.

No começo de fevereiro, o Corpo de Bombeiros atuou por 12 dias na Serra do Amolar no combate a incêndios na região. Porém, desde o dia 27 de janeiro brigadistas voluntários trabalhavam para conter as chamas na área da Reserva da Biosfera e Patrimônio Natural da Humanidade. Segundo o IHP (Instituto Homem Pantaneiro), o território é formado por morrarias, em que só é acessado pelo Rio Paraguai e a estiagem está favorecendo a propagação das chamas.

“Com base na análise de diferentes estudos, temos também o relato dos moradores de comunidades, é que o Pantanal está em processo de estiagem e essa condição favorece que incêndios propagam-se. O volume de chuva, principalmente no final do ano passado, foi menor do que ocorreu em anos anteriores”, conta Isabelle Bueno, coordenadora de operações do IHP.

Agora, a preocupação é com os riscos à saúde das pessoas que vivem nas comunidades pantaneiras e estratégias de educação ambiental. “A atuação na prevenção é uma necessidade urgente, em razão desse cenário de menos chuva no Pantanal. A educação ambiental também é uma exigência para aumentar o impacto na conservação”, conclui Isabelle.

A Brigada Alto Pantanal é mantida pelo Instituto e tem uma atuação permanente ao longo de todo ano e também trabalham com moradores para realizar limpeza de corixos, que dão acesso a casas. Esses corixos ficam entupidos com vegetação aquática e a limpeza deles com uso do fogo, por exemplo, pode trazer um risco para novos incêndios.

Influência do clima

Ao Campo Grande News, a  Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) diz estar monitorando as condições climáticas em todo território, através do CEMTEC (Centro Estadual de Monitoramento do Tempo e do Clima), e notou chuvas abaixo da média histórica.

Outro fator que pode influenciar no aparecimento de focos de calor é a influência do o El Niño, que vem elevando as temperaturas. Além disso, foi observado, pelo Serviço Geológico do Brasil, que os rios que compõem a bacia pantaneira estão com níveis muito abaixo da média histórica para esta época do ano, sugerindo que o Rio Paraguai poderá atingir os níveis mais baixos dos últimos 124 anos.

É importante destacar que há um decreto de emergência ambiental publicado do Ministério de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas para diversos Estados brasileiros para os riscos de Incêndios Florestais, com destaque para Mato Grosso do Sul, onde o período de maior atenção é de março a novembro deste ano.

Fonte: Kamila Alcântara / Campo Grande News

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