Focos de incêndio no Pantanal triplicam em julho em relação ao mesmo mês de 2019

O Pantanal registrou 1.684 focos de queimadas - o pior resultado para o mês desde o início da série histórica em 1998. Na Amazônia, as queimadas avançaram 28% em julho em relação ao mesmo período de 2019.
03/08/2020 20:49 Brasil
Foto: Reprodução
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Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais mostram que, em julho, o número de queimadas disparou no Brasil, em relação ao mesmo mês de 2019. Só no Pantanal, os focos de incêndio triplicaram.

O Pantanal registrou 1.684 focos de queimadas em julho. O aumento foi dramático: 240,89% a mais do que no mesmo mês de 2019, de acordo com o Inpe. É o pior resultado para o mês desde o início da série histórica em 1998.

Na Amazônia, as queimadas avançaram 28% em julho em relação ao mesmo período de 2019 - foram mais de 6.800 focos de queimadas. De acordo com o Inpe, só na quinta-feira passada, 30 de julho, foram 1.007 pontos de calor. Há 15 anos não se viam tantas queimadas em um único dia de julho na Amazônia. E agosto começou com a mesma tendência: no sábado (1º), foram 1.275 focos; neste domingo (2), 938.

Esse aumento das queimadas acontece apesar do decreto do governo que proibiu o uso de fogo para limpar terras na Amazônia e no Pantanal por 120 dias desde 16 de julho. Especialistas avaliam que é um sinal preocupante de que a moratória não está sendo respeitada e a situação pode ficar ainda pior em agosto, que é o mês em que, tradicionalmente, o número de queimadas na Amazônia aumenta.

“A moratória do fogo deu certo ano passado porque pegou as pessoas no susto. Agora as pessoas que desmataram no ano passado não vão aguentar ficar mais um ano sem queimar. Então, ela só daria certo hoje se realmente tivesse um posicionamento governamental de fato veemente, que vai combater a ilegalidade na Amazônia”, acredita Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam.

Em maio, o governo iniciou uma operação de garantia da lei e da ordem na Amazônia - a operação vai até novembro. Mas o desmatamento continua aumentando.

Em nota, o Ministério do Meio Ambiente disse que contratou 3 mil brigadistas temporários para auxiliar os Corpos de Bombeiros estaduais no combate e prevenção às queimadas. O Jornal Nacional pediu para ouvir o ministro Ricardo Salles, mas não teve resposta da assessoria.

O vice-presidente, Hamilton Mourão, que comanda o Conselho Nacional da Amazônia Legal, também não respondeu. Mais cedo, em entrevista à Rádio Nacional, Mourão disse que o governo está intensificando a fiscalização: “Toda a Amazônia Legal nos preocupa. No entanto, os nossos esforços estão mais concentrados nas áreas de maior risco de incêndio, que são aquelas que foram desmatadas. As que as árvores que foram tombadas estão secas e aí os ilegais aproveitam para fazer a limpeza do terreno usando o fogo”.

O governo vem sendo cobrado por investidores estrangeiros e brasileiros que ameaçam interromper investimentos no país por causa do aumento do desmatamento e das queimadas.

O coordenador do Mapbiomas, Tasso Azevedo, afirma que o governo está errando na estratégia de combate: “O governo tem que ter uma mensagem uníssona, que envolva o ministro do Meio Ambiente, que envolva a ministra da Agricultura, o ministro da Economia, envolva a Casa Civil e o Presidente da República, principalmente, dizendo que não podemos ter mais fogo. Não dá para usar o fogo nessa época do ano e nesse ano, porque nós estamos com muita probabilidade de termos grandes incêndios. Então, é o que resta a fazer agora. E tem que ser muito direto. E a outra é ser absolutamente implacável com o desmatamento ilegal, porque esse desmatamento vai alimentar não só o fogo desse ano, mas o fogo do ano que vem”.

Fonte: G1

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