Lado a lado, obra parada e “cemitério de vagões” chamam atenção

Mais de 60 compartimentos, antes usados no transporte de carga, agora enferrujam às margens da BR-262
28/08/2018 15:21 Brasil
Foto: Reprodução
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Onde deveria existir o Terminal Intermodal de Cargas de Campo Grande - o chamado Porto Seco - jaz um verdadeiro cemitério de pelo menos 60 vagões de trem. Além do empreendimento parado há 11 anos, o comboio, antes usados para transportar combustíveis e outros produtos, aumentam a sensação de abandono às margens da BR-262, no Anel Viário.

Os vagões estão em dois pontos. Parte deles em uma área restrita da empresa Rumo ALL, mas a outra metade fica “estacionada” em trilhos inativos, em um lugar de fácil acesso a curiosos.

O local já é conhecido por parte dos campo-grandenses e para muitos virou ponto de encontro nos fim de semana e até o local perfeito para ensaios fotográficos. Parte dos vagões que antes transportavam combustíveis e minerais, agora está enferrujada e virou "tela" e para grafites e pichações, que dão um pouco de cor ao cenário de abandono.

Com as visitas, garrafas e sacolas plásticas, além de latas de cerveja, passaram a compor o ambiente, que desde 2015 passou a ser casa dos vagões já sem demanda da empresa. Três anos depois, a Rumo ALL afirma que os compartimento “estão devidamente estacionados em área operacional da ferrovia” e aguardam recuperação, manutenção ou baixa definitiva.

No entanto, para quem trabalha por ali a promessa de manutenção aos vagões não tem sequer previsão para acontecer. “Esses vagões vão precisar de uma revisão para ver se conseguem voltar a funcionar”, afirmou um dos funcionários. “Acho que manutenção aqui não deve acontecer tão cedo”, revelou outro.

Hoje, uma única linha corta Campo Grande, o trem de uma siderúrgica que leva material de Bauru, estado de São Paulo, para Corumbá - fronteira com a Bolívia - dia sim, dia não.

Sobre o lixo no local, a empresa alegou em nota que todos os cuidados para não “causar transtornos à população” são tomados, mas que os resíduos são deixados pelos próprios visitantes e não pela operação ferroviária.

Histórico – O Terminal Intermodal de Cargas de Campo Grande, mais conhecido como Porto Seco, teve a obra iniciada em setembro de 2007, visando a se concretizar como um ponto de confluência de transportes ferroviário, rodoviário e aéreo –por meio de interligação com o Aeroporto Internacional de Campo Grande.

Um ano depois de lançada, foi embargada pelo TCU (Tribunal de Contas da União), que apontou problemas na execução. Em 2009, houve nova autorização para a construção, que prosseguiu até 2012 –quando a empreiteira responsável pela obra entrou em recuperação judicial. Desde então, não houve avanços na obra.

A Park X já venceu licitação, naquele ano, para admininistrar o terminal por 30 anos, pagando R$ 80 mil ao município após o terceiro ano de operações. Em contrapartida, o grupo prevê investir até R$ 200 milhões na instalação de terminais de cargas, combustíveis e armazéns –estudos apontam potencial de investimento de 2,2 milhões de toneladas no local.

Já foram investidos R$ 23,2 milhões no empreendimento, advindos de convênio com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e contrapartida municipal. Em 2013, a estimativa para conclusão do porto seco era de R$ 3 milhões.

Em maio deste ano, a administração da Capital lançou nova licitação para as obras complementares, incluindo rede de água e esgoto e iluminação pública no valor de R$ 3,9 milhões –sendo R$ 3,2 milhões em recursos federais, segundo informações do secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese.

Contudo, as duas chamadas para concorrentes feitas até aqui não avançaram. Recurso impetrado por uma empresa que tentava participar da licitação foi indeferido, sendo convocada continuidade da licitação para as 14h desta quinta-feira (30), na Diretoria Central de Compras e Licitação (no Paço Municipal).

Em paralelo, foi firmado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público Estadual para a recuperação de erosão no córrego Sumaré, que teria sido causada pela obra do porto seco, ameaçando o manancial.

Fonte: Geisy Garnes / Campo Grandes News

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