Mesmo após acordo no ES, mulheres seguem bloqueios e policiais não voltam às ruas

11/02/2017 10:33 Brasil
Mulheres seguem ocupação nas portas dos batalhões em Vitória (Foto: Juliana Borges/G1)
Mulheres seguem ocupação nas portas dos batalhões em Vitória (Foto: Juliana Borges/G1)

As mulheres de PMs seguem ocupando as portas dos batalhões da Polícia Militar no Espírito Santo após o fim do prazo firmado entre representantes da categoria e o Governo do Estado. Um acordo previa que os policiais voltassem ao trabalho às 7h deste sábado (11).

A associação dos Oficiais Militares diz que a maioria dos PMs quer continuar nos batalhões. A Secretaria de Estado da Segurança Pública confirma que as ruas da Grande Vitória e do interior continuam sem a PM.

O Espírito Santo está sem policiamento nas ruas desde o sábado passado (4). Nesse período, o estado registrou 137 mortes, ante as 122 em todo o mês de fevereiro de 2016. Roubos e saques têm sido comuns.

Representantes dos policiais militares e do Governo do Estado chegaram a um acordo, na noite desta sexta-feira (10), em uma reunião sem a participação das mulheres dos PMs que ocuparam a frente dos batalhões no estado.

"Não vimos nenhum movimento de volta da PM, só o governo pode falar. Rodamos alguns batalhões e havia bastantes resistência das mulheres e dos PMs. A maioria deles quer ficar nos batalhões", afirmou o major Rogério Fernandes Lima, da Associação dos Oficiais Militares.

Segundo Lima, os policiais "se dizem revoltados com o secretário e com os governadores (em exercício e licenciado). Eles acham que as falas do governo são agressivas e ofendem as mulheres deles. Isso acabou acirrando os ânimos."

Sobre uma possível volta à normalidade, o major disse que só diálogo é o caminho. "Só aposto no diálogo. Acho que é o melhor caminho. Qualquer medida contrária só vai agravar."

Na porta do quartel de Maruípe, uma policial militar conversou com as manifestantes. Ela pediu para que as mulheres deixassem o local.

"Ontem nós recebemos uma ordem, e nós temos que dar um jeito. Nosso último recurso é querer algum problema. A gente sabe que são mães, mulheres grávidas, eu quero pedir de coração, encarecidamente para vocês saírem. Estamos todos aqui à flor da pele, nervosos. Oito horas a gente tem que estar lá. Não sei o que vai acontecer depois do que aconteceu ontem. Nós estamos precisando. O pessoal não está aguentando”, disse no vídeo.

Associações
O major Rogério Fernandes Lima, presidente da Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo (Assomes), explicou que a proposta definida na reunião ainda será apresentada aos policiais militares.

Rogério disse que este é um acordo firmado entre as associações e o Governo. "O militar não vai precisar atender ao acordo. Mas se ele não atender, poderá responder ao rigor da lei. Vamos rodar as unidades para conversar com policiais e militares e explicar a eles as implicações e penalidades das questões envolvidas”, disse.

O major ainda pontuou que as associações não têm nenhuma participação com o movimento, mas que protagonizaram essa negociação porque, segundo ele, “as mulheres [que organizam a manifestação], não têm personalidade jurídica para representá-las”.

Fernandes explicou que "as associações são os únicos entes legitimados a fechar esse acordo. Fizemos isso para evitar que os policiais sejam punidos”.

"Acredito que haverá anistia para os policiais que já foram indiciados, caso o Congresso Nacional lute por isso", disse o Major Rogério.

Rogério disse que acredita que os militares conseguiram chegar a um bom termo até as 7h. "Vamos conversar com os policiais e, se for preciso, vou virar a noite e rodar todas as unidades. Essa decisão vai garantir o emprego deles. Um processo, seja ele criminal ou administrativo, sempre é um peso para um policial militar, pois não se sabe a decisão. Geralmente esses processos se resolvem em 30 dias, então pode ser quem em 30 dias tenhamos menos policiais", disse o Major Rogério.

 

Fonte: Por Juliana Borges, Viviane Machado e Rodrigo Reze

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