Mulheres vão à Praça em Dourados e cobram mais ações do poder público

Para alguns, o dia é colocado como comemoração, mas historicamente, o dia é de luta por direitos e foi isso que as reivindicações trouxeram a tona
08/03/2019 19:28 Brasil
Movimento levou grande grupo ao centro de Dourados - Crédito: Gizele Almeida
Movimento levou grande grupo ao centro de Dourados - Crédito: Gizele Almeida

Feminicídio, retirada de direitos, preconceitos, desigualdade salarial. A “lista” colocada em pauta pelo movimento de mulheres na Praça Antônio João, na tarde desta sexta-feira (08), é extensa e traz vários debates em um dia apontado como de celebração para alguns, mas historicamente de lutas”. A ação marcou o Dia da Mulher em Dourados e levou um grande grupo à área central.

Cartazes, faixas, tintas no corpo, camisetas, batucadas e discursos expressavam a luta do movimento. Diante de dados como o da OMS (Organização Mundial de Saúde) que apontam que o número de assassinatos chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres, as manifestantes enfatizavam: “luto”.

Naara Siqueira de Aragão, assistente social, participante do programa Acalento (apoio a vítimas de violência sexual) ressalta que Mato Grosso do Sul conta com alto índice de caso de feminicídio e abuso sexual e diz que implantar Delegacia de Atendimento a Mulher não é o suficiente. 

“A situação é ainda mais alarmante para nós quanto as mortes de mulheres e de violência e faltam políticas públicas de atendimento, faltam delegacias com atendimento mais humano e menos machista. Devemos eliminar a culpabilização da mulher pelos crimes sofridos, não há prisão definitiva dos agressores, nota-se que ainda estamos longe do ideal”, diz. 

Elisa Cristaldo Romero, 52, professora, também aponta as mobilizações como importantes para “levantar” as pautas da categoria. Ela teme a aprovação da Reforma da Previdência que aumenta o tempo de contribuição e trabalho para homens e mulheres e destaca que é preciso que a população se posicione. 

“Direitos já conquistados, causas que envolvem todos os setores“, diz. 

A professora diz que os movimentos como o Marcha das Mulheres sofrem preconceitos e destaca decepção com o fato. 

“Muitos dizem que é ‘coisa de mulherzinha’. Somos pessoas sérias, produzimos, levamos a economia do país e somos a maioria e, ainda querem nos limitar de várias formas, seja no mercado de trabalho, com os diversos tipos de violência ou com repressão”, comenta. 

“Antes mesmo de se eleger, o presidente potencializava discursos que naturaliza a violência, banaliza nossas lutas, nossas vidas. Além de machista, Bolsonaro quer facilitar o porte de arma, o que para nós pode representar ainda mais vidas ceifadas, pois, já sofremos com feminicídio com o porte de armas mais restrito, imagina se for facilitado! Temos muito chão pela frente não há liberdade!”, ponderou. 

Após período de concentração na praça central, a marcha percorreu a Marcelino Pires e retornou ao ponto. 

As manifestantes também destacam o próximo dia 14, o qual marcará um ano da morte da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, ainda sem justiça. 

Fonte: Gizele Almeida / Dourados News

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