Na Caixa Econômica Federal, já falta dinheiro para a casa própria
Não bastasse o aumento da taxa de juros e a redução do limite de financiamento, também já começam a faltar recursos para o crédito imobiliário em algumas agências da Caixa Econômica Federal. Em duas de sete agências visitadas pelo GLOBO no Rio e em São Paulo, nos últimos dois dias, os gerentes informaram que não poderiam conceder novos empréstimos por falta de dinheiro. Em outras duas, tinha havido falta de recursos, mas a situação já estava normalizada.
— Não temos verba para financiar imóveis. E não sabemos quando vamos ter de novo — afirmou na terça-feira a gerente de atendimento de uma agência da região central de São Paulo.
Em outra agência da cidade,a informação foi semelhante.
— A Caixa nesse momento não tem recursos para esse financiamento (pelo SFH com recursos da poupança).
Numa terceira, a informação foi de que a aprovação do financiamento dependeria do “fluxo de empréstimos” na época em que a documentação fosse entregue e, nas outras duas, a concessão estava normal.
Segundo gerentes, a Caixa estabeleceu este ano um orçamento de crédito imobiliário para cada agência. Em algumas delas, o dinheiro acabou, mas depois houve uma redistribuição de verbas de outras agências.
— Nossa verba para financiar imóveis no primeiro semestre acabou em abril. Tivemos alguns dias difíceis, mas depois a superintendência começou a reorganizar os recursos entre as agências. Quem está com mais pedidos pega recursos com quem tem menos demanda. Agora, não há riscos de não ter dinheiro — afirmou o gerente de uma agência na Zona Sul do Rio.
Já na Zona Norte do Rio, um gerente da Caixa confirmou que faltou dinheiro para a casa própria há alguns dias, mas agora a concessão está normal.
ASSINATURA CANCELADA
A falta de verba quase acabou com o sonho da casa própria da engenheira Christiany Goulart. Com horário marcado para assinar o contrato de crédito imobiliário da Caixa Econômica Federal às 14h do dia 29 de abril, ela recebeu um telefonema do gerente pela manhã, avisando que não havia mais dinheiro para o financiamento. Como havia apenas mais um dia útil com as regras antigas, seu contrato teria que ser incluído nas novas regras, com juros mais altos. E a entrada, que era de 20% do valor do imóvel, passaria para 50%.
— Eu já tinha pago R$ 12 mil de imposto (ITBI) e, na hora, pensei que nunca mais conseguiria comprar minha casa própria. Minha parcela do financiamento aumentaria em R$ 2 mil e eu não teria condições de pagar.
Para tentar reverter a situação, ela foi à agência com o marido e os vendedores, que passaram das 14h às 19h no local. O gerente começou a ligar de agência em agência em busca dos recursos para garantir o financiamento. No dia seguinte, voltaram à agência e ficaram mais três horas, das 10h às 13h. Conseguiram assinar o contrato no último dia de vigência das regras antigas.
A expectativa dos gerentes é que, com a exigência de entrada maior, a procura por empréstimos caia e pare de faltar dinheiro. Procurada, a Caixa informou que não há limite de orçamento e que o crédito imobiliário está sendo oferecido normalmente.
Fonte: Lucianne Carneiro e Lino Rodrigues, do O Globo
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