Rolls-Royce é acusada de pagar propina para fechar contratos com Petrobras, diz jornal britânico
Delator da Rolls-Royce, Pedro Barusco admitiu receber propinas desde 1997 - Pedro Araújo/16.02.2006/Estadão Conteúdo
O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco acusou a empresa britânica Rolls-Royce de subornar funcionários da estatal brasileira em troca de um contrato de US$ 100 milhões. A empresa, famosa pelos carros de luxo, também fabrica turbinas de gás para plataformas de petróleo, além de ter investimentos milionários no Brasil no setor petrolífero.
Esse depoimento de Barusco - que fechou acordo de delação premiada com a Justiça Federal em meio a operação Lava Jato - foi divulgado nesta segunda-feira (16) pelo jornal britânico Financial Times.
Segundo a reportagem, que ganhou destaque na capa do jornal, o próprio Barusco teria dito à Justiça brasileira que recebeu pelo menos US$ 200 mil durante a operação.
Na resposta ao jornal, de acordo com a reportagem, a Rolls-Royce disse que "não tolera conduta empresarial indevida de qualquer tipo", e tomará "as medidas necessárias para garantir o cumprimento das leis".
Barusco é o ex-funcionário da Petrobras que admitiu receber propinas à frente da estatal brasileira desde 1997 - segundo disse em depoimento à Justiça por meio de delação premiada.
Os negócios da Rolls-Royce no Brasil
A reportagem do Financial Times não detalha quais contratos entre a Rolls-Royce e a Petrobras estão sob suspeita, mas a empresa britânica tem negócios milionários no País.
Em junho de 2013, a Rolls-Royce fechou contrato com o Grupo Detroit Chile para fornecer oito guindastes modelo Dual Draglink a quatro embarcações do Brasil de apoio a plataformas offshore.
Já em abril passado, a companhia anunciou, no Rio de Janeiro, o investimento de R$ 80 milhões na construção de uma fábrica de propulsores marítimos e outros equipamentos navais na cidade de Duque de Caxias. A planta ainda está em construção.
O anúncio foi feito à época pelo presidente do grupo para a América Latina, Francisco Itzaina, em um evento com empresários brasileiros no Rio de Janeiro que contou com a participação do ministro das Finanças do Reino Unido, George Osborne.
O objetivo da Rolls Royce era atender à demanda por propulsores e grandes motores dos estaleiros que se instalaram no Brasil para atender as encomendas da Petrobras, que aumentaram após as descobertas do pré-sal, com encomendas recordes de plataformas petrolíferas marítimas, sondas, cargueiros e navios de apoio.
Investigação da CGU
Em 2011, a Rolls-Royce fechou contratos de US$ 650 milhões com a Petrobras para fornecer turbogeradores para embarcações. Em dezembro de 2014, a CGU (Controladoria-Geral da União) investigava o pagamento de propina nesses negócios.
A CGU apurava a atuação do lobista Julio Faerman, suspeito de pagar propina para a Petrobras em nome de grupos estrangeiros, como a Rolls-Royce, além da holandesa SBM Offshore.
O órgão brasileiro rastreava negócios intermediados por Faerman e duas de suas empresas - a Oildrive e a Faercom - para outros clientes, sediados em vários países.
Conforme dados obtidos pelos auditores da CGU, Faerman e suas empresas teriam representado a multinacional inglesa no Brasil.
Fonte: R7
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