TJ aceita denúncias contra funcionários da Samarco e VogBR por tragédia em Mariana-MG
Funcionários precisaram ser retirados da área de trabalho após deslocamento de lama em barragem da Samarco em Mariana (Foto: Reprodução/TV Globo)
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) aceitou três denúncias do Ministério Público (MP) do estado contra a Samarco, o diretor-presidente licenciado Ricardo Vescovi, outros sete funcionários da mineradora, a empresa de engenharia VogBR Recursos Hídricos e Geotecnia e dois de seus empregados. Os réus vão responder por crimes ambientais.
De acordo com o MP, uma das denúncias aponta que a Samarco omitiu informações quanto à existência e cumprimento de obrigações de controle ambiental na barragem de Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, que se rompeu no dia 5 de novembro do ano passado.
Em 2013, a mineradora não teria incluído no Relatório de Avaliação de Desempenho Ambiental (Rada), documento necessário para renovação da licença de operação, itens relacionados a questões de segurança da barragem de rejeitos.
“Os imputados informaram apenas as condicionantes referentes à supressão de vegetação impostas pelo adendo, induzindo o órgão ambiental a erro sobre obrigações de relevante interesse ambiental”, diz a denúncia. De acordo com o MP, o Rada também não informa que uma mina da Vale, vizinha à Fundão, também lançava rejeitos no local.
Sobre o lançamento realizado pela Vale que, junto com a BH Billiton, é dona da Samarco, os promotores alegam em outra denúncia que a operação era irregular. A barragem de Fundão possuía licença ambiental para operação. Mas ela permitia apenas que a Samarco lançasse rejeitos no local.
“(...) fizeram funcionar o recebimento de rejeitos minerários oriundos da empresa Vale S.A. na Barragem de Rejeitos de Fundão. Esta atividade, muito embora necessite ser analisada em procedimento de licenciamento ambiental, por ser potencialmente poluidora e demandar mecanismos de monitoramento e controle, não estava amparada na licença de operação pertinente”, diz denúncia.
Ainda de acordo com o MP, os denunciados omitiram a atividade da Vale aos órgãos ambientais.
A terceira denúncia diz que os réus “construíram, instalaram e ampliaram alteração do eixo da Barragem de Fundão, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes e operaram a referida Barragem contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes” e ainda “deixaram de agir e permitiram a operação da barragem de Fundão contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes”.
Segundo o MP, em 2015, meses antes da tragédia, a VogBR e a Samarco elaboraram relatório ambiental parcialmente falso. A denúncia ainda diz que em 2012, a Samarco decidiu “alterar a dinâmica e geometria do alteamento, mediante recuo da linha da ombreira esquerda, com a alteração no eixo da Barragem de Rejeitos de Fundão e do próprio ‘desenho’ da estrutura”.
Ainda de acordo com o Ministério Público, o “’recuo’ realizado pelos denunciados na Barragem de Rejeitos de Fundão comprometeu a segurança da estrutura”.
Os acusados vão responder por quatro crimes, como apresentar informação falsa ao poder público e associação criminosa. Eles podem receber penas de 16, 18 e 22 anos de prisão.
Em nota, a Vale informou que “reforça a informação de que, na média dos últimos três anos, destinou aproximadamente 5% do volume total de rejeitos depositados pela Samarco na Barragem de Fundão, no mesmo período. Antes deste período, a barragem não tinha sequer atingido 50% de sua capacidade total. Além disso, nunca houve variação significativa, em tonelagem, do volume de rejeitos enviado pela Vale à Samarco”.
Até a conclusão desta reportagem, ninguém da VogBR foi encontrado para falar sobre o assunto.
A mineradora Samarco informou que ainda não foi notificada deste processo e que, por enquanto, não se posicionou.
A defesa de Ricardo Vescovi ainda não foi encontrada pelo G1.
Tragédia
Em 5 de novembro, o rompimento da barragem de Fundão, que pertence à mineradora Samarco, cujas donas são a Vale e a BHP Billiton, afetou distritos de Mariana, além do leito do Rio Doce. Os rejeitos atingiram mais de 40 cidades de Minas Gerais e no Espírito Santo e chegou ao mar. O desastre ambiental é considerado o maior e sem precedentes no Brasil.
Fonte: G1
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