Depois do câncer, Danieli se apaixonou novamente pela vida pedalando

Para quem não gostava de atividade física, Danieli não só espantou as sombras da doença, como encarou o Caminho da Fé, uma das maiores trilhas de peregrinação brasileiras feita por devotos de Nossa Senhora Aparecida
08/01/2019 08:45 Ciclismo
Depois de uma vida entre o escritório e o sofá, Daniele afastou o sedentarismo pedalando (Foto: Arquivo Pessoal)
Depois de uma vida entre o escritório e o sofá, Daniele afastou o sedentarismo pedalando (Foto: Arquivo Pessoal)

Danieli Mathias estava acostumada à vida entre o escritório e o sofá. Zona de conforto repentinamente invadida pela sombra de um câncer de tireoide, que no momento do diagnóstico teve o peso de uma sentença de morte. Os problemas de saúde foram a faísca necessária para que Danieli redescobrisse na bicicleta, uma maneira de viver e ver a vida de outro jeito. 

O diagnóstico de câncer ocorreu há cerca de 4 anos, durante uma consulta de rotina ao dermatologista, por causa da queda excessiva de cabelo e ganho de peso.

“Comecei a chorar, achei que ia morrer, porque é uma palavra muito forte. A calma só veio depois de chegar ao hospital do câncer, onde o médico me explicou que as chances de cura eram grandes, que o tumor estava no começo e que eu não precisaria fazer nem iodoterapia. No meu caso, o tratamento durou entre 1 e 2 meses, só o tempo do preparo para a cirurgia de remoção da tireoide. Hoje a única coisa que ainda preciso fazer é o acompanhamento de 6 em 6 meses, para ter certeza de que está tudo bem”, relembra.

Sem a tireoide e levando uma vida sem exercícios, Danieli engordou 22 kg. Para ela, que sempre foi magra, não teria sido um grande problema, se o peso não tivesse a levado novamente ao hospital sob suspeita de infarto. Com ultimato do médico, era hora de fazer alguma atividade física.

Maior incentivador da esposa, o marido, Alan Figueiredo Silva, vendeu a bike e comprou um modelo feminino para que ela tivesse mais conforto e só conseguiu outra para acompanhá-la depois de 9 meses. A atitude foi um dos principais motivo pela qual Danieli acabou se apaixonando pelo esporte.

Da primeira volta pedalando, até a viagem que marcou definitivamente a nova vida de Danieli, foi 1 ano de planejamento e cerca de R$ 1.800 investidos. Ela, o marido e mais 3 amigos fizeram de carro o percurso de 1140 km de Miranda até Águas da Prata, onde começa o Caminho da Fé, uma das maiores trilhas de peregrinação brasileiras feita por devotos de Nossa Senhora Aparecida e inspirada no Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha.

“Saímos de Águas da Prata, interior de São Paulo e fomos até Crisólia, uma distância de 66,20 km, nesse dia foi a única vez em que pensei em desistir, aqui em Miranda é tudo muito plano e lá o caminho é praticamente feito só de morros.Não andamos nem 1 metro e já enfrentamos uma baita subida, quando cheguei lá me cima pensei em voltar, já que ainda estava só no começo, mas pensei ‘fiz tudo isso para vir até aqui e não vou desistir agora’. Nesse dia o casal de amigos que estava com a gente resolveu voltar para Águas da Prata, seguimos viagem em 3 pessoas”, relembra.

O segundo dia do caminho foi de Crisólia até Todos do Mogi trecho de 55,9 km, o terceiro dia foram mais 42,5 km entre Tocos do Mogi e Consolação, quando o outro amigo que acompanhava Danieli e Alan desistiram, o casal continuou por mais 3 dias, de Consolação ao Pé da Luminosa, distância de 46,5 km e de Luminosa a Campos do Jordão, com 33,1 km percorridos, De Campos do Jordão ao destino final em Aparecida foram 63,7 km, totalizando 310 km feitos de bicicleta, passando por estradas de terra e trechos tão altos que foi preciso descer da bicicleta e seguir a pé, nem as manhãs frias e os dias quentes foram o suficiente para fazer o casal mudar de ideia.

“O Engraçado é que nós não somos devotos de Nossa Senhora Aparecida, nossos amigos são, mas eles acabaram desistindo no meio da viagem e só nós concluímos o percurso. Passei por uma fase em que quase morri e que foi marcada pelo desespero, depois disso tive a chance de voltar a me encantar com a vida. Sempre fui uma pessoa mole, voltei mais forte, não só física como espiritualmente”, afirma.

Danieli diz ter planos de refazer o caminho, uma oportunidade não apenas de se desafiar, como ela acreditou ser no começo da viagem, mas também de repensar a vida. O trajeto deixou na lembrança a gentileza das pessoas, que unidas pela fé aprenderam a cuidar uma das outras, em um percurso feito para que os corajosos o suficiente para encarar, consigam ver lá de cima o mundo encoberto pelas nuvens.

Fonte: Kimberly Teodoro / Campo Grandes News

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