Com rock autoral, Codinome Winchester lança 1º álbum, financiado por vaquinha
Apesar de há alguns meses o trabalho ser em São Paulo, os integrantes da banda Codinome Winchester não poderiam ter escolhido outro lugar para lançar o primeiro álbum que não fosse Campo Grande, o berço do grupo.
Financiado por vaquinha online e pelo bolso dos próprios músicos, o CD divulgado há três meses em plataformas de música online teve ontem o lançamento oficial, no Capivara’s Pub. Além de canções inéditas, o álbum também traz alguns hits regravados, como Mensagem de Outras Horas e O Paulista, que tem clipe com mais de 130 mil visualizações no Youtube.
Inspirado na máxima “céu e inferno são dois estados da mente”, do poeta britânico Willian Blake, o disco foi batizado como "Reunião Entre Céu e Inferno", alusão aos opostos estados de espírito e o contraste entre as fases vividas pelos músicos.
Em 2017, eles receberam o convite para gravar o disco no Rio de Janeiro depois do EP de 2016, “Acoustic Sessions”, que saiu da Toca do Bandido, estúdio criado por Tom Capone, que já produziu grandes nomes da música brasileira como Raimundos, Renato Russo, Skank, Legião Urbana, Maria Rita, Gilberto Gil, O Rappa e Lenine.
Antes da realização desse sonho, o grupo foi conquistando, aos poucos, o seu espaço. Em 2016 a Codinome Winchester foi parar na revista Rolling Stones, com a coletânea “Viva Renato Russo 20 anos”, um projeto com releituras de clássicos da Legião Urbana em homenagem ao músico. Nesse projeto, que eles participaram com uma versão especial da música Índios.
A composição do grupo é uma mistura. Fillipe Saldanha, vocalista e compositor, chegou a cursar Psicologia e Ciências Sociais, mas deixou a faculdade para abrir um estúdio de música. Arthur Maximilliano, que toca guitarra e teremim, cursou Engenharia de Produção, mas também abandonou o curso. Guilherme Napa, da bateria, fez alguns semestres de Odontologia. Luciano Armstrong, que faz guitarra, backing vocal e ainda comanda o sintetizador, experimentou dois cursos - de Arquitetura e de Publicidade. E o baixista Thiago Souto, o único que concluiu a graduação, fez Publicidade e Propaganda. Segundo eles, é essa variedade de origens que “dá a liga” à banda.
E sobre projetos, eles não param: mal acabaram de lançar o primeiro álbum, já estão compondo as músicas do próximo. Todos os integrantes da banda se mudaram para São Paulo há 4 meses, mas isso não atrapalhou o momento do grupo. Eles já estão com agendas fechadas para o próximo ano. Em terras paulistas, o grupo sul-mato-grossense causa estranheza: “sempre quando nos entrevistam lá eles perguntam ‘vocês vêm do estado do sertanejo, como é ser representante de um outro estilo?’, brincam.
Luciano Armstrong, baixista da banda, garante que o grupo saiu do estado, mas o estado não saiu do grupo: “todos esses elementos do Pantanal, de Mato Grosso do Sul, estão dentro da gente. Nem teria como ser diferente. A gente convive muito com vários músicos de grupos sertanejos daqui, temos vários amigos. Não que isso nos influencie no som que a gente faz, mas muitas coisas aprendemos com eles, como, por exemplo, o profissionalismo que os grupos de sertanejo daqui têm. Isso que fez a gente deixar de ser uma banda de garagem e buscar produzir algo profissional, com qualidade de gravação”, explica.
O baterista do grupo, Guilherme Napa, acrescenta que a ideia da banda não é deixar a cena sul-mato-grossense, mas criar um intercâmbio entre os artistas daqui e os de lá. “O que a gente quer fazer, na verdade, é criar uma ponte entre MS e SP. A gente vê vários artistas saindo daqui do estado, não só da música, mas também da fotografia, da dança, do teatro, do grafite. E a proposta é mostrar o que tá sendo produzido aqui, além de também trazer gente de lá pra se apresentar aqui”.
Sobre o sucesso que o grupo vem conquistando, eles revelam que a receita é uma mistura de coragem e muito trabalho duro. “Tem que ter coragem de sair, dar a cara pra bater. Tentar trabalhar com artistas de fora. E sempre tentar fazer o melhor, ensaiar muito. Não pode ter medo de arriscar. Aqui em Campo Grande, quando não tinha evento, a gente criava o nosso próprio evento para divulgar nossas músicas, e a galera ia. As pessoas curtiam isso”, comentam.
Sobre a inspiração para as letras, Filipe Saldanha conta que tenta, com suas letras, tocar o que há de humano nas pessoas. “Geralmente o objetivo dentro de uma música, independente de como ela seja, é tentar atingir uma parte de outra pessoa que seja comum na pessoa que escreveu, de bom ou de ruim, algo que nos torna humanos. Eu gosto muito de assuntos que envolvam religiosidade, espiritualidade. Mas também escrevo sobre as relações da pessoas, as idas e vindas, o jovem na bad. O negócio é fazer as pessoas se identificarem com o que a gente canta. A nossa vibe é unir as pessoas”, resume ele.
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Fonte: Gustavo Maia / Campo Grandes News
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