Com alta do dólar, brasileiros devem optar por turismo interno
A disparada do dólar pode tornar as viagens ao exterior muito mais caras. Por isso, especialistas acreditam que consumidores devem trocar viagens para Estados Unidos e Europa pelo turismo interno ou escolher países da América do Sul.
Na última sexta-feira (18), o dólar turismo chegou a R$ 3,95, com alta de 1,02%, enquanto o dólar comercial, usado no comércio exterior, fechou o dia cotado a R$ 3,74, com um aumento de 1,04% em relação ao dia anterior. A alta acumulada da semana chegou a 3,85%. O euro fechou a sexta-feira cotado a R$ 4,40, com alta de 0,9%.
O professor de Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Fábio Gallo acredita que haverá uma mudança efetiva no patamar do dólar. “O rally do dólar começou pesado. No primeiro momento, o dólar sobe bastante e depois se acomoda em um patamar mais baixo do que está hoje, mas deve ficar em algo perto de R$ 3,50. Não volta ao que era antes. Isso afeta de imediato a área de turismo, porque está muito caro”, disse.
Mas, na avaliação de Tanabe, se a ideia era viajar no próximo período de férias, em julho, pode haver mudança de destino. “Os destinos brasileiros têm muito a ganhar com essa alta do dólar”, disse.
De acordo com dados do Banco Central (BC), os gastos de brasileiros no exteriorchegaram a US$ 4,932 bilhões no primeiro trimestre deste ano, com crescimento de 10,2% em relação ao mesmo período do ano passado (US$ 4,474 bilhões). Esse foi o maior resultado para o primeiro trimestre desde 2015, quando foram registrados US$ 5,232 bilhões. No final de março, a cotação do dólar estava mais baixa do que a atual, em R$ 3,44.
Com a alta do dólar, Gallo acredita que os gastos no exterior não devem seguir nesse ritmo. “Isso [a alta do dólar] sem dúvida afeta o cenário das empresas de turismo”, disse o professor.
Tanabe, entretanto, disse que a projeção de crescimento do turismo, neste ano, no país e no exterior, se mantém entre 8% e 10%. O diretor-executivo da Abav acredita que o setor deve adotar estratégias para tentar manter o ritmo de consumo de viagens internacionais. “As agências são muito criativas. Vão buscar mecanismos de fazer com que diminua pouco [as viagens ao exterior], facilitando o prazo de pagamentos para o consumidor, congelando o câmbio”, disse. Por outro lado, avalia, os gastos de estrangeiros no Brasil devem aumentar. “O Brasil fica mais barato ainda para os estrangeiros”, destacou.
O professor da FGV recomenda a quem ainda está pensando em viajar ao exterior a analisar alternativas, como países da América Latina. “Se está pensando, o melhor é fazer outra opção. Quem viaja ao exterior leva uma parte dos recursos em moeda, outra em cartão de débito pré-pago e outra no cartão de crédito. Tudo isso pode ficar muito caro, principalmente no cartão de crédito porque o turista não sabe onde vai parar o dólar”, disse Gallo.
No caso de quem já está com a viagem agendada, a estratégia sugerida por Gallo é planejar as despesas em detalhes. “Tem fazer um plano de viagens muito bem. Planeje todos os dias, por período da manhã, tarde e noite. Considere todos os gastos com transporte e gorjeta, por exemplo. Antes de sair do país, compre os ingressos dos passeios pela internet”, recomendou.
Tahiana D’Egmont, sócia de uma plataforma que vende passagens aéreas com milhas, disse que com a alta do dólar os consumidores estão buscando meios de economizar nas viagens. A plataforma permite a compra e venda de milhas. Assim, é possível vender passagens com descontos.
Ela acredita que haverá crescimento das vendas desse tipo de passagens aéreas, mesmo com a alta do dólar porque, com as milhas, os clientes conseguem descontos. “O preço das passagens é baseado em dólar, já as passagens por milhas seguem uma tabela paralela. De janeiro para agora o preço médio das milhas até diminuiu em 5%. Nossa projeção de crescimento é muito agressiva porque como nós somos uma startup [empresa emergente], a gente ainda cresce muito rápido. Este ano gente deve quase triplicar de tamanho em relação ao ano passado”, disse.
Tahiana sugeriu aos clientes com viagem planejada a longo prazo a aplicar uma reserva em um fundo cambial, para se proteger da alta do dólar. Ela sugeriu ainda usar aplicativos de transporte e trocar o hotel por aluguel de quartos e apartamentos feito por donos de imóveis, por meio da internet.
Fonte: Agência Brasil
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