Tensão entre Irã e EUA afeta economia brasileira e tem reflexos para o MS

Além da alta nos combustíveis, o conflito preocupa setor agrícola pois Irã é um dos maiores parceiros comerciais do País
08/01/2020 20:16 Economia
Alta nos combustíveis é dada como certa pelos representantes do setor. (Arquivo)
Alta nos combustíveis é dada como certa pelos representantes do setor. (Arquivo)

A tensão entre os Estados Unidos e o Irã, que tem deixado o mundo em alerta sobre a possibilidade de conflito entre os dois países, deve elevar o valor dos combustíveis mas também pode trazer outros impactos na economia no Brasil, e que podem afetar o Mato Grosso do Sul. O Irã é um parceiro comercial de MS e no ano passado comprou o equivalente a US$ 141,9 milhões de dólares, ou 2,9% do total exportado.

O reflexo mais direto da disputa será o aumento no custo do petróleo. Para o diretor executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto, com relação ao assunto existe temor com a gravidade do problema. “Acho que o mundo esta temendo pelo pior, que seria o início de uma nova guerra entre os Países envolvidos (Irã x Iraque x EUA), e que certamente envolveria outros tantos Países apoiadores de ambos os lados, e isso refletiria em todos nós”, afirmou.

Já em relação a indicativos de que os preços possam subir nas refinarias, ele destaca que será inevitável um reajuste de preços pela Petrobras. “A Petrobras utiliza o conceito da paridade de importação, que inclui as cotações internacionais do Petróleo, a taxa de câmbio e custos para trazer os produtos ao País. Para os analistas econômicos, as cotações do barril devem ultrapassar os US$ 70,00, já na semana que vem pois existe a possibilidade de conflito militar “ limitado nas próximas semanas, e esse cenário tornaria inevitável um reajuste nos preços internos dos combustíveis”, enfatizou.

Lazarotto lembrou ainda que no ano passado, em setembro quando a refinaria da Arábia Saudita foi bombardeada, a Petrobras esperou o mercado acalmar, para evitar repasses ao consumidor da volatilidade no mercado Internacional, na ocasião a gasolina subiu 3,5 % e o Diesel 4,2 %.

Cautela - Líderes do setor agropecuário brasileiro estão preocupados com o apoio do Brasil ao ataque americano que matou na semana passada, que matou no Iraque o general Qassim Suleimani, principal militar iraniano. Eles pedem mais cautela no campo diplomático para não atrapalhar os negócios. O Brasil é o país que mais exporta produtos agropecuários para o Oriente Médio, ganhando cerca de US$ 9 bilhões por ano.

“O Oriente Médio é um grande parceiro do Brasil em termos de alimentação. Temos muitos interesses lá”, alerta o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli. Ele diz que a atual crise, com o embargo dos EUA ao Irã, já prejudica o comércio, mas garante que uma escalada seria pior.

“Devemos ter cautela, não temos de chamar essa briga para nós, não precisamos nos envolver. O que queremos com isso?”, questiona o deputado federal Neri Geller (PP-MT), ex-ministro da Agricultura. Ele sugere que o Brasil trabalhe pela pacificação e construção de mais relações comerciais no exterior e frisa que o Irã é um comprador importante de produtos como milho, soja e carne bovina do Brasil.

Segundo dados do Insper Agro Global, o Brasil é o maior fornecedor de alimentos para o Oriente Médio, seguido por Índia e EUA. O setor de agronegócio representa 97% das exportações brasileiras ao Irã.

Em 2018, o Irã foi o quinto maior destino das exportações brasileiras do setor agrícola, após China, União Europeia, EUA e Hong Kong. O Brasil exportou US$ 2,258 bilhões em produtos agrícolas ao Irã e importou US$ 39,92 milhões. Isso criou um superávit de US$ 2,218 bilhões no ano. Ainda em 2018, o Brasil exportou US$ 550 milhões em produtos agrícolas para o Iraque.

“O Irã comprou, no ano passado, US$ 2,2 bilhões do Brasil – basicamente, milho, soja e carne bovina”, afirma Marcos Jank, professor de agronegócio global do Insper e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). Isso coloca o país como o principal destino dos produtos brasileiros na região.

“Não deveríamos tomar partido neste momento de radicalização e conflitos. Temos de reservar nossos grandes interesses no Oriente Médio, que compra quase duas vezes mais produtos agropecuários do Brasil do que os EUA”, disse Jank.

O Irã também é o maior mercado para o milho brasileiro e o quinto maior destino da carne bovina e da soja exportadas pelo Brasil, segundo dados do Ministério de Relações Exteriores.

Fonte: Rosana Siqueira / Campo Grandes News

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