Karl Marx: conheça a vida e a obra do pensador alemão

GALILEU reuniu curiosidades e fatos sobre a trajetória do pensador cujas ideias impactam o mundo até os dias de hoje
06/05/2018 04:06 Educação
Karl Marx (Foto: Wikicommus)
Karl Marx (Foto: Wikicommus)

Vale ressaltar que até aquele momento Marx não era comunista. Ele acreditava na ideologia de Hegel: a realidade se move através de embates (tese, antítese e síntese) e de confrontos, os quais são amplamente idealistas, ou seja, que ocorrem no campo das ideias.

A Gazeta de Renana, por sua vez, era um jornal liberal, que pregava uma Prússia constitucional e denunciava a ditadura do rei. Marx, em particular, deixava transparecer em seus artigos o desejo por democracia. Por conta desses ideais propagados em suas páginas, o veículo foi alvo de censura do regime prussiano e, em 1843, foi fechado.

Guinada para o comunismo
Vítima da censura e expulso de seu país, em 1843, Marx se mudou com a família para Paris, e passou a escrever para o jornal Anais Franco-Alemães, veículo em prol da democracia.

“É nesse mesmo ano que Marx conhece a realidade operária de fato, e entra em contato com organizações de trabalhadores. Assim, suas ideias que eram muito abstratas ganham concretude”, explica o professor Angelo Segrillo, da USP.

Marx percebe, então, que as transformações sociais não acontecem no campo das ideias, mas no campo material e real. O filósofo também vê que o Estado prussiano, o mesmo que o censurou, não é uma evolução democrática, mas uma instituição injusta.

Enquanto estava na capital da luz, Marx conheceu diversos intelectuais do período: o anarquista russo Mikhail Bakúnin, o filósofo francês Pierre-Joseph Proudhon e o alemão Friedrich Engels, com quem iria travar grande amizade e parceria.

Junto a Engels, Marx percebe que só seria possível libertar a humanidade da miséria, da exploração, do desemprego e das desigualdades – problemas que, segundo ele, eram resultados do capitalismo – através de uma transformação social, ao que nomeou de revolução comunista. Para tanto, renunciou à religião e ao Estado déspota e monárquico prussiano.

“Aí, Marx se torna mais radical e seu materialismo fica mais completo: mantém a dialética de Hegel, mas de forma invertida. A história é movida a partir da luta de classe, dos conflitos entre as forças produtivas e as relações de produção. As classes sociais têm interesses diferentes e é o embate entre elas que gira o mundo”, explica o historiador.

Amizade fraterna
Marx e Engels se completavam: enquanto o primeiro possuía um caráter intelectual e teórico, o segundo era filho de um dono de fábrica capitalista e conhecia as condições deploráveis do meio operário e a exploração desse serviço. Como Segrillo sintetiza: “Engels era prático, Marx era filosófico.”

Por Engels ter uma condição de vida mais abastada que seu colega, diversas vezes ele ajudou Marx e sua família com recursos financeiros, visto que ele apoiava o trabalho acadêmico do colega.

Quando Marx foi expulso de Paris devido aos artigos no jornal Anais Franco-Alemães, Marx refugiou-se na Bélgica e Engels foi junto.

Condição econômica
Por outro lado, Marx nunca conseguiu ter um emprego regular porque era perseguido praticamente em toda a Europa, então enfrentava dificuldades financeiras e vivia, principalmente, do dinheiro que conseguia como freelancer e de heranças que ele e sua esposa ganhavam.

As condições nunca foram simples para eles: de todos seus sete filhos, quatro deles morreram devido a problemas de saúde.

Obra-síntese
Enquanto Marx e Engels teorizavam suas propostas de revolução e como aplicá-las, a Europa era palco de rebeliões operárias contra os governos monarquistas e às recentes transformações decorrentes da industrialização global. Esses movimentos, ocorridos em 1848, ganharam o nome de Primavera dos Povos.

Neste mesmo ano, Marx e Engels lançaram O Manifesto do Partido Comunista, obra por meio da qual pretendiam atingir os operários de todo o mundo para iniciar a revolução. “Proletários de todos os países, uni-vos!”, escreveram os autores.

A revolução comunista
De acordo com Marx, o comunismo deveria ser implementado em um momento específico da história da sociedade. Devido sua visão de mundo materialista histórica, seria necessário que cada país passasse por uma revolução burguesa, adotasse o modelo de produção capitalista, em sequência, estaria pronta para a adesão do socialismo e, finalmente, para o comunismo.

O filósofo acreditava que o capitalismo era um sistema fadado a crises cíclicas e irremediáveis – tal como explica em seu livro O Capital (1867). Marx teorizou que, por exemplo, a livre concorrência gerava maior competição entre os fabricantes no mercado e a tecnologia resultante das revoluções industriais exigia cada vez menos mão de obra humana.

Cruzadas essas duas realidades, haveria cada vez menos trabalhadores assalariados (ou seja, com recursos financeiros) e cada vez mais produtos no mercado, o que geraria uma crise de superprodução em que a alta oferta não encontra tamanha demanda.

Para Marx, era exatamente em uma dessas crises do capitalismo que o operariado deveria tomar posse do governo e instaurar uma ditadura inicial para reprimir a contrarrevolução da burguesia. Neste primeiro momento, dar-se-ia início ao socialismo, e cada indivíduo trabalharia de acordo com sua especialização.

Em um segundo momento, seria dado o surgimento do comunismo, o momento final da luta de classes, em que cada ser trabalharia de acordo com suas próprias necessidades. Seria o fim da propriedade privada, da alienação e exploração capitalistas; o fim do trabalhador como mercadoria do capitalista, detentor dos meios de produção.

“Seu objetivo era chegar ao comunismo, mas como chegar lá, era uma questão particular. Marx acreditava que cada país deveria ser estudado, pois não adianta somente vontade política, tem que haver também condições objetivas”, explica Segrillo.

Mais-valia
Um termo cunhado por Marx e conhecido até hoje é a mais-valia, expressão que, em síntese, significa a diferença entre o valor do que o trabalhador produz e aquilo que ele realmente ganha.

Ou seja, para Marx, o trabalhador era apenas mais uma mercadoria que produzia outras mercadorias. Durante seu período de trabalho, ele desenvolve mais produtos do que de fato precisa para viver. Ou seja, há um valor em cima daquilo tudo o que ele produz e aquilo que ele ganha como salário. Essa diferença nunca chega até ele – fica nas mãos de seu chefe.

De acordo com o historiador Segrillo, é isso que Marx via como uma dicotomia dialética entre o capitalismo e a economia, o que chamou de caráter coletivo da produção e o privado da apropriação: “As pessoas produzem coletivamente em uma fábrica, mas a apropriação, os lucros, são privados, vão para o dono”, sinteza.

Falecimento
Novamente, Marx é expulso de outro país e parte para Londres com sua família, em 1849. Ali ele viveu momentos difíceis de falta de recursos financeiros e voltou a escrever para um jornal, o Nova Gazeta Renana.

Junto a Engels e outros pensadores da época, Marx dirige a Associação Internacional dos Trabalhadores, que reúne membros do operariado de diversas partes da Europa.

Em 1871, o grupo de intelectuais assiste ao surgimento da Comuna de Paris, o primeiro governo operário da história, formado na França, durante a guerra franco-prussiana. A Comuna adotou uma política de caráter socialista baseada nos fundamentos da Associação Internacional. Porém, durou poucas semanas.

Fonte: por Vitória Batistoti* / Galileu

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