Técnico já pode ganhar até R$12 mil, mas estigma não foi superado

03/09/2014 17:40 Educação
Segundo consultoria, falta de "qualificações técnicas" impede empresas de preencherem suas vagas.. Abr
Segundo consultoria, falta de "qualificações técnicas" impede empresas de preencherem suas vagas.. Abr

''Por que só pobre faz isso?'' A pergunta foi feita via Twitter pelo usuário volta@loenisonfire, segundos após a BBC Brasil convidar seus leitores a colocarem suas dúvidas sobre o ensino técnico e profissionalizante e a carreira de quem segue essa área no Brasil.

O tema entrou na agenda eleitoral em função de uma das vitrines de campanha da presidente Dilma Rousseff ser o Programa Nacional de Ensino Técnico e Emprego, ou Pronatec, que patrocina cursos profissionalizantes em entidades públicas e privadas.

Tanto a candidata pelo PSB, Marina Silva quanto Aécio Neves, do PSDB, prometem expandir o programa, mas defendem ajustes e mais controle sobre seus resultados.

Um dos objetivos da iniciativa é suprir a falta de profissionais com qualificações específicas no mercado brasileiro - apontada como um gargalo importante da nossa economia.

Hoje, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), só 6% dos jovens fazem curso técnico no Brasil, enquanto a média da OCDE é de 35%.

Entidades ligadas a indústria e ao sistema S (Senai, Senac, etc) garantem que tal escassez faz do mercado de trabalho para os técnicos um verdadeiro poço de oportunidades.

"Já temos técnicos ganhando até R$ 12 mil no auge da carreira - mais do que recebe muita gente com curso superior", disse à BBC Brasil Rafael Lucchesi, diretor do Senai. "Com dez anos de trabalho, há setores em que se ganha R$ 8 ou R$ 9 mil em média e não raro temos áreas técnicas com remuneração de R$ 5 ou $ 6 mil."

Na página da BBC no Facebook, leitores contam histórias mais diversificadas sobre a trajetória dos que optam por esse ramo de carreira. Wellington Antonio, por exemplo, é um dos céticos.

"Eu quero saber onde uma pessoa com nível técnico ganha R$ 12 mil, só se for R$ 12 mi por ano. As empresas nem querem saber de técnicos, exigem graduados e de determinadas instituições ainda por cima e não pagam mais que 2 salários mínimos. A pessoa formada em curso técnico é marginalizada", escreve ele.

Daniel Alves acredita ter feito a escolha certa ao optar por um curso técnico: "Sou técnico e ganho mais que muito e engenheiro". "Parei minha faculdade e não me arrependi. Escolhendo a área certa tudo corre bem e conseguimos uma vida confortável".

Já Samara Silva conta que, onde ela mora, em Minas, há muitos técnicos desempregados.

"Com a facilidade que existe aqui de se fazer um curso técnico, a maioria dos jovens possui curso técnico e quase todos continuam desempregados".

 

Fonte: Ruth Costas/UOL

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