Uma semana antes do início das aulas, famílias sofrem com a falta de vagas nas escolas
Moradora do Jardim Colibri reclama que filha designada para estudar bem longe de casa, na Escola Weimar, atrás do Parque do Lago. Foto: Alexandre Duar
Faltam apenas sete dias para o início das aulas na rede municipal de ensino, mas apesar da iminência do começo do ano letivo, quase nada está definido e o caos predomina na educação. Pais não conseguem vaga para seus filhos e precisam recorrer ao Ministério Público e à Defensoria, que são instituições públicas que ainda resguardam os direitos constitucionais em Dourados.
Marcada pela inércia e irresponsabilidade, a administração da cidade se fecha dentro de suas ilhas de paz e conforto enquanto abandona os cidadãos à própria sorte. Um exemplo disso é uma moradora do Jardim Flórida II, ela alega que no dia 25 de novembro do ano passado, fez a pré-matrícula de sua filha no site da Secretaria de Educação do Município, contudo, ainda não conseguiu a vaga no primeiro ano do ensino básico e o cenário até o momento não é nada animador.
“Eu liguei na secretaria e uma pessoa muito sem educação e despreparada me atendeu, falou que ainda não tinha a vaga para minha filha e que não há uma previsão. Me falou para retornar na segunda-feira para saber se tem alguma novidade. Ainda me disse que eu nunca vou me deparar com uma escola na porta de casa e que devo me contentar com o que aparecer e quando ameacei procurar a justiça ela desligou na minha cara”, reclamou a moradora, que por possuir vínculo empregatício com a prefeitura, pediu para não ser identificada, alegando que a opressão e a vingança são práticas usuais na atual administração.
A mesma moradora do Jardim Flórida II, disse que foi até a Defensoria Pública, onde encontrou uma legião de pais sofrendo com o mesmo problema. “Tinha muita gente lá, então só consegui uma audiência para o dia 18, mas as aulas começam no dia 05”, complementou.
Com uma sorte um pouco melhor, ou menos pior, dependendo do ponto de vista, a comerciária Letícia Rocha, residente no Jardim Colibri, afirma que após muita luta conseguiu matricular os dois filhos, um menino de sete anos e uma menina de cinco. A princípio parece que está tudo certo, mas o problema está na localidade na qual a menina foi designada para estudar.
“Até o ano passado minha filha estudava no Caic, que é a escola mais próxima da minha casa, agora mandaram ela para a Escola Weimar, atrás do Parque do Lago. Isso é um absurdo, é muito longe da minha casa, eu e meu marido trabalhamos o dia inteiro e essa distância dificulta muito a nossa vida. Além disso, a minha filha sofre de bronquite e outros problemas respiratórios, então quanto mais perto ela estiver melhor, pois vez ou outra me ligam para buscá-la quando está passando mal”, alegou.
Ainda conforme Letícia, os critérios de designação da prefeitura são irracionais e contraditórios. Conforme a comerciária, as vagas da Escola Caic primeiro deveriam ser preenchidas com alunos que moram no seu entorno, para depois aceitar alunos de outros bairros, e o mesmo deveria ser feito em todas as escolas.
“Esse sistema é uma zona, é tudo muito aleatório, não tem um critério, eles não perguntam a sua preferência de escola e nem o turno que é melhor a criança estudar. Agora como vou levar minha filha para a escola? Eu só tenho uma moto e ela é muito pequena para andar na garupa. O que resta é contratar uma van, mas isso custa em torno de R$ 150 por mês e não posso pagar por isso”, lamentou.
A reportagem da 94FM também falou com o Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados), e conforme a vice-presidente Gleice Barbosa, o sistema de matrículas da prefeitura é realmente desorganizado. Além disso, Gleice lembra que o município é obrigado a suprir todo o remanescente que as escolas do estado não conseguem atender.
E como tem sido costumeiro nos últimos dias, a reportagem entrou em contato com a prefeitura, mas até o momento a administração municipal não se manifestou sobre o caso.
Fonte: 94fm/Alexandre Duarte
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