Brasil perde de Cuba e fica com o vice em equipes mistas no Pan-Americano de Judô
No terceiro e último dia do Pan-Americano em San Jose, na Costa Rica, o Brasil ficou com o vice-campeonato na inédita disputa por equipes mistas após final decidida na última luta contra a equipe de Cuba, que venceu o duelo por 4 a 2. No individual, o País fechou a competição com sete pódios - sendo dois ouros, três pratas e dois bronzes.
"Acredito que o evento estava mais forte do que o ano passado. As equipes estavam mais fortalecidas, mas percebemos que são poucos os países que estão preocupados com renovação como nós estamos. Eu vejo que o Brasil está saindo na frente, apesar de não ter feito o resultado que merecia. Tiveram alguns resultados injustos, até mesmo hoje na disputa por equipes. Eu não sou de reclamar da arbitragem, mas foi absurdo", pontuou Ney Wilson, gestor de Alto Rendimento da CBJ.
"Essa seleção cresceu nesse Pan. Acho que a equipe entrou de uma forma e saiu maior. Cada um desses atletas jovens, com certeza, vão progredir, vão sair daqui mais confiantes e estarão criando mais competitividade com os atletas mais experientes", completou Ney Wilson.
Na final contra Cuba, o Brasil entrou com Tamires Crude (57kg), David Lima (73kg), Maria Portela (70kg), Rafael Macedo (90kg), Beatriz Souza (+78kg) e David Moura (+100kg). O primeiro ponto veio com a vice-campeã pan-americana Tamires Crude, que venceu Anailys Dorvigny por ippon em uma revanche do Pan de 2017. Para isso, ela contou com uma ajuda especial de suas colegas de treino, entre elas a campeã olímpica Rafaela Silva.
"Três dias antes de viajar eu fiz um treino específico para lutar com essa cubana e as meninas do Reação, a Rafaela, que lutou com ela ano passado, me deram muitas dicas. Felizmente, consegui fazer tudo o que treinei e venci", comemorou a peso-leve de 24 anos. "Eu vejo que, mesmo a equipe sendo novinha, estamos cada vez mais maduros, mais duros nas competições e o desenvolvimento de todo mundo, no geral, está sendo muito bom".
No segundo combate, os cubanos responderam com vitória de Magdiel Estrada por waza-ari sobre David Lima. Na sequência, Olga Masferrer abriu um waza-ari de vantagem sobre Maria Portela. A brasileira chegou a empatar a luta, mas acabou sofrendo o ippon e Cuba marcou o segundo ponto.
Na quarta luta, Rafael Macedo sofreu três punições e a vitória ficou com Ivan Silva Morales, fazendo 3 a 1 para Cuba. Beatriz Souza precisava da vitória contra a Idalis Ortiz, exatamente um dia após de ter perdido a final no individual para a mesma adversária. Dessa vez, Bia conseguiu se sair melhor. Depois de levar um waza-ari, a brasileira foi tática e venceu o confronto forçando três punições à cubana, que é uma das maiores atletas do judô mundial, dona de três medalhas olímpicas e cinco mundiais.
"Tive muita orientação de ontem para hoje e pensei muito no que eu precisava fazer de diferente para não cometer o mesmo erro da final. Então, fui na tática. Tomei um waza-ari, mas vi que tinha tempo, eu tinha a pegada e poderia, sim, ganhar no shido", explicou Beatriz Souza, que tem apenas 19 anos. "A equipe toda de Cuba é muito forte, mas todos nós brasileiros lutamos muito bem, demos mais que 100% e fico feliz de ver que temos uma equipe que não desiste nunca".
Com 3 a 2 no placar, o Brasil precisava de uma vitória por ippon de David Moura sobre Andy Granda no último combate para vencer o confronto nos critérios de desempate. No tempo normal, o brasileiro foi melhor, forçando duas punições contra o cubano. Mas quando tentou uma técnica de sacrifício a arbitragem entendeu que houve uma ação de contragolpe de Granda e deu o ippon para o cubano no "golden score".
Nas preliminares, o Brasil passou por Peru e Venezuela. A próxima competição para a seleção brasileira de judô será o Grand Prix de Hohhot, na China, em maio. Essa etapa definirá os classificados para o Mundial de Baku, no Azerbaijão, em setembro.
Fonte: Estadão
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