Maracanazo foi trágico, 'Minerazo', a maior vergonha do Brasil

08/07/2014 18:03 Esporte
Luiz Felipe Scolari leva as mãos ao rosto durante a derrota para a Alemanha.
Luiz Felipe Scolari leva as mãos ao rosto durante a derrota para a Alemanha.

O Maracanazo foi trágico, o "Minerazo", a maior vergonha da história centenária da seleção brasileira. Acabou nesta terça-feira, em Belo Horizonte, a segunda chance da seleção brasileira ganhar uma Copa do Mundo em casa.

E sem o drama de 64 anos atrás, quando perdeu de virada para o Uruguai. Agora, o carrasco foi a Alemanha, que massacrou o time de Luiz Felipe Scolari por 7 a 1, na pior derrota da história da seleção brasileira. Foram cinco gols apenas nos 29 minutos iniciais, em um confronto que mais parecia um duelo entre profisssionais e jogadores amadores, dado à disparidade técnica, física e tática.

Em 1950, a culpa quase toda caiu no goleiro Barbosa, por uma falha discutível. Agora, não faltam responsáveis por tamanho vexame, e vai soar ridículo colocar toda a culpa nos desfalques do lesionado Neymar e do suspenso Thiago Silva.

Felipão montou um time que arma seu jogo com chutões de zagueiros, sem variações táticas e que ainda apela às faltas para marcar o rival. Ele e seu coordenador, Carlos Alberto Parreira, pressionaram ainda mais os jogadores ao dizerem que o Brasil já estava "com uma mão na taça" antes e durante o Mundial.

Em campo, Fred foi um centroavante de um gol em seis jogos. Os veteranos da lateral direita, Daniel Alves e Maicon, não marcavam nem atacavam. O meio-campo foi um setor inexistente. Hulk completou seu décimo jogo oficial pela seleção principal sem marcar um gol. Fora de campo, a CBF bancou os treinos na Granja Comary, sem privacidade para treinos secretos, mas com convidados de patrocinadores nas arquibancadas.

Para os alemães, o triunfo significou a passagem para a oitava final de Mundial, o que o Brasil também buscava. O adversário para a decisão, domingo, no Maracanã, será definido hoje, na partida entre Argentina x Holanda, na Arena Corinthians.

Neymar, fora por fratura na vértebra, foi lembrado pelos companheiros. Na execução do hino nacional, o capitão David Luiz exibiu a camisa 10 do companheiro.

O Brasil começou o jogo com uma surpresa. No lugar do machucado Neymar, nada de Willian para cadenciar o meio-campo ou Paulino para deixar o time com três volantes. Luiz Felipe Scolari ousou e escalou Bernard, deixando o time com a mesma característica tática Na vaga do suspenso Thiago Silva, entrou quem era esperado: Dante.

No lado alemão, Joachim Low manteve Klose, dando ao veterano atacante a chance de se isolar como o maior artilheiro das Copas, deixando Ronaldo para trás.

A ideia de Felipão era atacar a Alemanha. No início, e só no início, isso funcionou. O Brasil partiu para cima e marcava o rival no campo dele. Mas não demorou para os europeus começarem a tocar a bola e diminuir a velocidade do jogo, que aos 10min já era equilibrado. E menos ainda para sair o primeiro gol.

Aos 11min, Kroos bateu escanteio pelo lado direito, a defesa brasileira falhou e Muller ficou livre para marcar seu quinto gol na Copa.

Em desvantagem, começaram os chutões brasileiros. Aos 17min, a primeira discussão em campo, depois que Marcelo pediu pênalti, inexistente, em disputa com Lahm. Boateng reclamou com o lateral esquerdo do Real Madrid.

A opção de Felipão por Bernard era uma tragédia. O ex-jogador do Atlético-MG era nulo no ataque e a seleção levava um baile no meio-campo. O segundo gol alemão era questão de tempo. Aos 23min, os europeus entraram tocando na área. Klose chutou uma vez. Júlio César defendeu, mas no rebote ele marcou o 16º gol da sua carreira em Copas, finalmente passando Ronaldo. E o pesadelo aumentou um minuto depois.

Kroos fez o terceiro. Ele mesmo fez o quarto gol, aos 26min. A seleção conseguiu a proeza de levar quatro gols em apenas seis minutos depois que Khedira fez o quinto, aos 29min. Seu time era uma tragédia, mas Felipão, atônito no banco, não fez substituições.

Trocas só no intervalo. Paulinho entrou no lugar de Fernandinho, e Ramires na vaga de Hulk. Bernard ficou em campo.

Com o meio-campo reforçado, o jogo deixou de ser profissionais x amadores. A Alemanha tinha mais dificuldades de controlar a bola, e o Brasil conseguiu criar. Mas o time de Low tem um dos melhores goleiros do mundo, e Neuer evitou o gol brasileiro duas vezes. E fez um milagre aos 8min, em chute de Paulinho que desviou para escanteio.

Lances que animaram a torcida por apenas alguns minutos. Ao errar mais uma finalização, Fred, que é mineiro, foi xingado por quase todo Mineirão. Os alemães se irritavam com as seguidas tentativas dos brasileiros de cavarem um pênalti se jogando na área.

E, mesmo sem atacar com a mesma intensidade, fizeram o sexto, aos 24min, mais uma vez tocando dentro da área brasileira com se não houvesse marcação. Schuerrle foi o autor do gol.

A humilhação não tinha fim. Aos 34min, Schuerrle chutou cruzado para marcar o sétimo. O Mineirão, que poupava Felipão dos xingamentos, resolveu aplaudir. E começou a gritar olé nas trocas de bola dos alemães. Alguns ainda comemoraram o gol de honra dos brasileiros, aos 45min, com Oscar.

A seleção brasileira embarca ainda nesta terça-feira para Teresópolis, sua base de treinos durante toda a Copa do Mundo. Deve ficar lá até sexta-feira, quando viaja para Brasília, palco da disputa do terceiro lugar. Os alemães também retornam hoje para sua casa durante o Mundial, no litoral da Bahia.

FICHA TÉCNICA:
BRASIL 1 X 7 ALEMANHA

Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data: terça-feira, 8 de julho de 2014
Horário: 17h (de Brasília)
Árbitro: Marco Rodríguez (MEX)
Assistentes: Marvin Torrentera e Marcos Quintero (ambos MEX)
Gols: Muller, aos 11min, Klose, aos 23min, Kroos, aos 24min e 26min, Khedira, aos 29min do primeiro tempo; Schuerrle, aos 24min e 34min, Oscar, aos 45min do segundo tempo
Cartões amarelos: Dante (BRA); (ALE)

BRASIL: Júlio César; Maicon, Dante, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho (Paulinho) e Oscar; Hulk (Ramires), Bernard e Fred (Willian)
Técnico: Luiz Felipe Scolari

ALEMANHA: Neuer; Lahm, Hummels, Boateng e Howedes (Mertesacker); Khedira (Draxler), Schweinsteinger, Kroos e Ozil; Muller e Klose (Schuerrle)
Técnico: Joachim Low

Fonte: ESPN

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