Nos pênaltis, Holanda enfim fura bloqueio da Costa Rica para avançar à semi

06/07/2014 01:51 Esporte
Tim Krul defende pênalti cobrado por Ruiz durante partida entre Holanda e Costa Rica. AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS
Tim Krul defende pênalti cobrado por Ruiz durante partida entre Holanda e Costa Rica. AFP PHOTO / GABRIEL BOUYS

A Costa Rica estava no Grupo da Morte e passou. Estava com um a menos contra a Grécia, levou gol no último minuto e, mesmo assim, passou nos pênaltis. Apostou que conseguiria parar a Holanda como parou a Itália e o Uruguai – e parou, de forma que poucos saberão explicar quando, no futuro, virem a tabela da Copa-2014: 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação. Só que, nos pênaltis, foi encontrado o limite: a Holanda conseguiu bater o goleiro Navas em quatro cobranças e está nas semifinais: 4 a 3. Para a história fica Krul, o goleiro que entrou no último minuto da prorrogação só para os pênaltis, e pegou dois.

A Holanda encara a Argentina, e o Itaquerão verá um duelo entre duas grandes seleções do mundo na próxima quarta-feira, às 17h. Os laranjas podem ver o jogo como uma chance de revanche, pelo vice em 1978; como a chance de manter o sonho de, após três vices, levantar a taça mais desejada do futebol mundial. Para isso, terão que bater uma seleção que estará nas semifinais pela primeira vez após 24 anos, e liderada por aquele que, quatro vezes melhor do mundo, quer entrar de vez para o panteão dos melhores da história. É possível que o jogo seja ruim?

Fases do jogo: A primeira etapa do último duelo das quartas de final começou como era esperado: a Holanda teve que sair mais para o jogo, diferentemente do que vinha fazendo nas partidas anteriores, mas fez isso sem mudar um ponto fundamental em seu estilo: as bolas em velocidade para Robben. Enquanto isso, a Costa Rica se defendia e apostava na consciência de Bryan Ruiz no meio campo. Conseguiu criar boas jogadas que eram paradas com faltas pelos holandeses e soube neutralizar bastantes ataques rivais, mas viu por duas vezes a Holanda achar seu ataque nas costas da defesa.

Na segunda etapa, os 10 primeiros minutos foram similares à primeira metade, mas com um porém: em contra-ataque, Junior Diaz invadiu a área pela esquerda e tocou rasteiro para Campbell. O atacante foi derrubado, em lance que gerou suspeita de pênalti. Depois, a Costa rica chegou a ensaiar "gostar do jogo", como diz o clichê, algo que acabou quando Campbell foi substituído. A partir daí, Sneijder colocou a bola na trave em falta e Van Persie furou em lance dentro da pequena área. O destino foi a prorrogação, após o lance mais incrível da partida: nos acréscimos, Tejeda salvou bola em cima da linha após ela cruzar por dois atacantes na pequena área; a bola tocou no jogador e ainda no travessão antes de ser afastada.

A prorrogação mostrou que Navas fez um acordo com uma entidade espiritual, possivelmente: três bolas na trave, e nada de gol. Ureña ainda teve a chance para a Costa Rica, mas parou em Cillessen - que foi substituído por Krul só para as cobranças. Nos pênaltis, a substituição de Van Gaal se mostrou correta: Krul pegou dois pênaltis, e levou a Holanda para as semifinais.

O melhor: Navas - Novamente o goleiro costarriquenho teve atuação grandiosa. Na primeira etapa, pegou duas bolas cara a cara com os atacantes holandeses, além de uma espetacular ponte em falta cobrada por Sneijder. Na etapa final, pegou uma cabeçada de Lens com o jogo já parado por impedimento, em plástico salto, e mais uma bola cara a cara com Van Persie, que chutou de bico e, no estilo futsal, Navas evitou o gol. Na prorrogação, mais algumas defesas difíceis. Não conseguiu defender nos pênaltis, mas fica para a história como o melhor jogador da principal campanha da Costa Rica em todos os tempos.

O pior: Não há como eleger um pior jogador para o mais emocionante jogo da Copa. Não houve falhas individuais nem coletivas. Os atacantes da Holanda, se não marcaram, pararam no goleiro Navas. Os defensores da Costa Rica, por mais que tenham apelado para faltas duras, cumpriram seu objetivo. E não é válido crucificar Bryan Ruiz e Umaña pelos pênaltis desperdiçados.

Chave do jogo: A velocidade holandesa já se torna uma das marcas da Copa. Os principais ataques do time parecem surgir de bolas aleatoriamente afastadas pela zaga - mas não se engane, todos os lançamentos são conscientes e quase sempre encontram Robben ou Van Persie em boa situação. Do outro lado, a impressionante defesa costarriquenha, que segurou um dos melhores ataques do mundo por 120 minutos. A decisão só poderia ser nos pênaltis.

E lá surgiu a chave alternativa: a entrada de Krul no último minuto da prorrogação só para as cobranças. Com seu 1,93 m, o goleiro pegou dois e garantiu a Holanda entre as quatro melhores seleções do mundo.

Toque dos técnicos: De forma surpreendente, o técnico Jorge Luis Pinto, da Costa Rica, tirou Joel Campbell, seu único atacante, aos 20 min. do segundo tempo, para colocar Ureña, de características mais de centroavante do que de jogador de velocidade. Isso acabou com os contra-ataques costarriquenhos, que se limitaram a tentar defender a Holanda.

Do lado holandês, uma substituição extremamente polêmica, mas que entrará para a história das Copas: Krul no lugar de Cillessen só para os pênaltis. Deu certo.

Para lembrar:

Ravshan Irmatov, o árbitro do duelo, se tornou o juiz a mais apitar partidas de Copa do Mundo na história: foi o 9° jogo do uzbeque.

Navas, o goleiro da Costa Rica e um dos melhores da Copa, realizou 21 defesas contando o jogo das quartas de final. A marca é ótima, mas mostra como o recorde de Tim Howard, que fendeu 16 bolas para os EUA contra a Bélgica, é espetacular.

As semifinais da Copa terão equipes que, juntas, somam 10 títulos mundiais. O único confronto que não cedeu uma seleção já dona de taça de Copa foi exatamente esse entre Holanda e Costa Rica.

A Fonte Nova chegou ao duelo pelas quartas, seu último no Mundial, com 4,8 gols de média por partida. Com o 0 a 0, sai da Copa com exatos 4 gols por partida.

A Holanda consegue terminar uma maldição: nunca havia vencido um jogo de Copa que chegou a prorrogação: em 1938, caiu por 3 a 0 no tempo extra para a Tchevoslováquia; em 1978, perdeu a final na prorrogação para a Argentina por 3 a 1; em 1998, perdeu nos pênaltis para o Brasil nas semis; e em 2010, perdeu a final para a Espanha.

HOLANDA 0 (4) X (3) 0 COSTA RICA

Data: 5 de julho de 2014
Horário: 17h00 (de Brasília)
Local: Fonte Nova, em Bahia (BA)
Árbitro: Ravshan Irmatov (UZB)
Assistentes: Abduxamidullo Rasulov (UZB) e Bakhadyr Kochkarov (QUI)
Cartões amarelos: Junior Diaz, aos 37 min. do 1°t, Umaña, aos 6 min., Gonzalez, aos 35 min. do 2°t, Acosta, a 1 min. do 2°t da pror.) (CRC); Martins Indi, aos 18 min. do 2°t (HOL)

HOLANDA: Cillessen (Krul, aos 15 min. do 2°t da pror.); Bind, Martins Indi (Huntelaar, no intervalo da pror.), Vlaar e De Vrij; Kuyt, Wijnaldum, Sneijder e Memphis Depay (Lens, aos 30 min. do 2°t); Robben e Van Persie
Técnico: Louis Van Gaal

COSTA RICA: Navas; Acosta, Gonzalez, Umaña e Junior Diaz; Celso Borges, Gamboa (Myrie, aos 32 min. do 2°t), Tejeda (Cubero, aos 6 min. do 1°t da pror), Bolaños e Bryan Ruiz; Joel Campbell (Ureña, aos 20 min. do 2°t)
Técnico: Jorge Luis Pinto

Fonte: UOL

COMENTÁRIOS

Usando sua conta do Facebook para comentar, você estará sujeito aos termos de uso e politicas de privacidade do Facebook. Seu nome no Facebook, Foto e outras informações pessoais que você deixou como públicas, irão aparecer no seu comentário e poderão ser usadas nas plataformas do iFato.