Cenário de caos: moradores contabilizam estragos causados pela chuva em Itaporã
A casa da filha de Floriano foi toda levada pela enxurrada. - Crédito: Vinicios Araújo/Dourados News
Um dia após os alagamentos registrados em Itaporã, moradores começaram a contabilizar os prejuízos deixados pela chuva que atingiu a cidade ontem pela manhã.
Foram aproximadamente 160 milímetros ‘derramados’ em um curto intervalo de tempo, o que acabou transbordando os dois córregos que passam pelo município: o Sardinha e o Canhadão.
Em entrevista ao Dourados News, o prefeito Marcos Pacco estimou que cerca de 30 a 40 famílias acabaram afetadas pelo aguaceiro. Ele estuda decretar estado de emergência.
“Ontem conversei com o secretário de governo, amanhã eu me encontro com o governador durante uma agenda no interior e uma equipe da Defesa Civil já foi acionada. Eles estão a caminho de Itaporã para fazerem o balanço geral dos estragos e, a partir disso vamos analisar a necessidade de um decreto de emergência”, explicou Pacco.
Os bairros mais afetados foram o Pioneira I, Coemat e áreas rurais.
Floriano D’ávilla Vasques, 54, recebeu a reportagem do Dourados News na casa onde a filha dele mora há 6 anos. A força da enxurrada levou a parede da casa e empurrou todos os pertences da família para o terreno aos fundos. Veja no vídeo abaixo!
A água alcançou a altura de aproximadamente um metro na residência dela. A cozinha planejada, recém instalada, foi afetada e preocupa a moradora para os danos nos móveis novos.
A despensa que estava sendo construída aos fundos do imóvel foi toda levada e para evitar que o barracão onde são guardadas as ferramentas de trabalho do marido fosse também arrastado pela enxurrada, o companheiro de Sílvia abriu um buraco na parede para que a água escoasse. Mesmo assim, vários equipamentos e materiais de construção acabaram perdidos.
A itaporaense acredita que o carro da família também pode ter sido afetado pelo prejuízo. O motor do veículo ficou coberto pela água embarrada.
“Veio rápido demais, não tive como fazer muita coisa”, disse o idoso interrompendo a entrevista por conta das lágrimas. Moisés mora no local há 11 anos. Em Itaporã está desde 1958.
Numa área pequena ele cria porcos e galinhas. Com a chuvarada de ontem, as águas que transbordaram do córrego Sardinha mataram nove aves que se refugiaram nos primeiros degraus do poleiro, montado com madeira e telas metálicas, além de 20 sacos de milho que serviam de alimento para os bichos. Hoje a lama acumulada impedia o acesso aos animais sobreviventes.
Há poucos metros dali o produtor Adão Bento Sobrinho, 53, e a esposa dele Roseli Rodrigues Alves Sobrinho, 49, contaram à reportagem que foram surpreendidos pela água intensa.
“Foi muito rápido. Deu mais de três metros de altura. A minha filha me ligou, eu estava em Itaporã, quando eu cheguei estava tudo arrasado. Perdi todo o trato da criação, uns 20 frangos e meus peixes. Nunca vi um negócio daquele”, disse.
Roseli relembrou que, quando percebeu a enxurrada, tentou salvar máximo de frangos que podia. Ao todo a produtora conseguiu resguardar 30 aves. “Eu ia jogando elas na casinha, uma atrás da outra. Isso tudo com a água cobrindo. Foi assustador”, relembra.
Adão e Roseli trabalham com a chácara há 20 anos e vivem do que produzem. Com a rotina da chácara eles criaram cinco filhos e agora, apostam no trabalho e na fé em Deus para recuperar o prejuízo.
Córrego transbordando e estradas bloqueadas
A chuva de ontem intensificou a corrente do córrego Sardinha e arrastou parte da vegetação às margens do ribeiro. O acúmulo de taboa acabou se tornando uma grande barreira e impediu que a água seguisse o trânsito normal embaixo da ponte, na MS-270.
Tanto a MS-270, quanto a ITA-35, também afetada pelo transbordamento do córrego, dão acesso às propriedades rurais do município. Elas são consideradas as principais vias de escoamento da produção. As vias seguem bloqueadas, impedindo a distribuição de carnes, sementes e vegetais.
O prefeito Marcos Pacco informou que a Prefeitura de Itaporã mobilizou equipes da Gerência Municipal de Saúde e de Assistência Social para atender os moradores afetados. Agora ele aguarda avaliação da Defesa Civil para iniciar as ações de recuperação dos estragos.
Fonte: Vinicios Araújo / Dourados News
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