Indígenas ameaçam fechar MS-156 por saúde nas aldeias
Índios das aldeias de Dourados protestaram ontem em frente à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). A comunidade promete onda de bloqueios na MS-156, caso uma providência não seja tomada pela Sesai.
As lideranças indígenas denunciam a crise na Saúde, que atinge tanto pacientes quanto os servidores que sofrem sem material para atendimento.
Esta semana, os funcionários foram obrigados a desativar a sala de vacinação da Unidade Básica de Saúde (UBS) da Aldeia Jaguapiru devido à falta de estrutura.
De acordo com o vice-cacique Laucídio Ribeiro Flores, terena da Aldeia Jaguapiru, a comunidade sofre com o sucateamento dos veículos da Saúde, falta de material para os servidores, atraso em salário, entre outros problemas crônicos da reserva.
Segundo ele, em relação à sala de vacinação desativada, a medida foi tomada porque não havia material básico, como agulhas, luvas ou seringas, no prédio. Na Casa de Apoio Indígena (Casai) 10 dos 29 leitos foram desativados devido à falta de manutenção na estrutura, segundo o vice-cacique.
Ele diz que não há alimentos disponíveis para os pacientes da Casa e que os servidores estão mantendo o serviço com o próprio salário. “Se não é a vaquinha dos funcionários, os pacientes ficam sem alimentação. Esta semana eu estive no local e vou encaminhar relatório para o Ministério Público Federal”, disse.
De acordo com Ribeiro, a Casai enfrenta problemas como a falta de materiais de limpeza, higiene pessoal para os pacientes, roupas de cama, banheiros danificados, e no abastecimento de alimentos, que não é suficiente para atender toda a demanda durante todo o mês.
Em alguns quartos, falta iluminação e ventilação, o que também estaria castigando os doentes. “Todas estas situações impedem o funcionamento adequado da casa e chegou a um ponto em que o atendimento ficou inviável em alguns dos leitos”, disse.
Com a desativação dos leitos, a estrutura terá menos vagas para atender os pacientes indígenas que chegam da região.
São homens, mulheres, crianças e idosos que saem das aldeias da região para serem atendidos em tratamentos ambulatoriais em hospitais de Dourados. “As dificuldades para os indígenas são muitas.
Vão desde o choque de sair da sua aldeia para receber atendimento médico em outro município, até o fato de não ser tratado com estrutura adequada na Casai.
As denúncias vão desde a falta de alimentação, até o transporte, que é demorado. Muitas vezes o índio sai da consulta às 9h, mas devido à falta de veículos disponíveis, é buscado lá pelas 14h”, denuncia o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Fernando de Souza.
Conforme ele, há anos a comunidade indígena protesta contra a situação precária em que se encontra a Saúde. “São postos de saúde sem médicos, sem medicamentos e material básico para atender a população.
Os veículos da Saúde estão sucateados. Eles estão no pátio da Sesai parados, quando deveriam estar nas aldeias, ajudando a salvar.
Fonte: Valéria Araújo
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