Estiagem do inverno castiga e MS registra 239 focos de queimada em julho
Dos 106 Projetos de Assentamentos (PA’s) do banco de dados da instituição, 37 apresentaram registros de focos de calor. (Foto: Corpo de Bombeiros)
O inverno seco e a umidade relatividade do ar abaixo do recomendado formam o cenário ideal para aumentar não apenas os riscos de problemas respiratórios, mas as queimadas ou incêndios. Por conta desses fatores é que a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) alerta os agricultores e pecuaristas para evitem o fogo para limpeza de solos. Só em julho, MS registrou 239 focos de queimadas.
Em alguns municípios já faz tanto tempo que não chove. Só a Capital já contabiliza 45 dias de estiagem, enquanto cidades como Cassilândia e Paranaíba lideram esse ranking de secura com 66 dias sem ver uma gota de água caindo do céu, conforme dados do Cemtec/MS (Centro de Monitoramento de Tempo e do Clima).
Por conta desses fatores é que a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) alerta os agricultores e pecuaristas para invés de usar fogo para limpar terrenos adotem outras medidas de manejo mais eficazes.
“Hoje existem sistemas de produção sustentáveis, que não necessitam do fogo para limpeza ou manutenção. Entre essas tecnologias, podemos destacar os sistemas agroflorestais, o sistema de plantio direto, a trituração da capoeira e a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)”, destacou a engenheira agrônoma da Agraer, Izabel Cristina Pereira.
De acordo com dados do PrevFogo do Ibama, dos 106 Projetos de Assentamentos (PA’s) do banco de dados da instituição, 37 apresentaram registros de focos de calor. O PA com mais focos de calor registrados neste ano é o PA Monjolinho, no município de Anastácio.
Agosto a outubro são os meses mais críticos para incêndios florestais em Mato Grosso do Sul.
O fogo utilizado em queimadas para “preparar” o solo, ao contrário, o prejudica e muito visto que elimina nutrientes fundamentais a qualquer cultura vegetativa, como o potássio e fósforo, mata microrganismos que auxiliam no desenvolvimento das plantas, reduz a umidade da terra e facilita o processo de degradação do solo. Isso sem mencionar problemas de poluição do ar e até mesmo de nascentes, águas subterrâneas e rios por meio das cinzas.
As queimadas não apenas geram problemas ambientais como também são passíveis penalização. “A lei de crimes ambientais n.º 9.605 de 1998 prevê em seu Art. 41 Pena de reclusão, de dois a quatro anos, e multa. A multa é regulamentada pelo Decreto nº 6.514 de 2008, onde em seu Art. 58 a multa varia entre R$ 1.000,00 a R$ 1.500,00 por hectare” explica o analista ambiental do PrevFogo/Ibama, Alexandre de Matos.
“Dependendo da dimensão do incêndio, caso cause poluição em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da biodiversidade, a multa pode chegar a R$ 50 mil”, ressalta o analista.
Proiibição - Também há uma resolução conjunta entre o Ibama e o Imasul - (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), órgão vinculado à Semagro - Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, que suspende qualquer tipo de uso do fogo, através das queimas controladas, a partir de 1º de agosto, se estendendo até 30 de setembro no planalto e até 31 de outubro no Bioma do Pantanal. “Ou seja, nenhuma autorização de uso do fogo nesses períodos é permitida”, alerta Alexandre.
O município de Corumbá é sempre o município que mais registra focos de calor no Estado. ”Isso devido a sua extensão territorial e por ter grandes áreas de pasto, possibilitando a ocorrência de incêndios. Contudo, até o momento, a distribuição de focos de calor está mais equitativa, com Corumbá registrando 106 focos [12,6% do total], Aquidauana 51 [6,1%], Rio Verde 47 [5,6%], Três Lagoas 35 [4,2%]".
Entretanto, se comparando aos registros de focos de calor deste ano com o mesmo período do ano passado, estamos com uma redução de 41%. Mas, como ainda não entramos nos ditos “meses mais críticos do ano” a recomendação é não facilitar e evitar as queimadas.
Orientações – A engenheira agrônoma Izabel Cristina dá dicas de como ajudar na prevenção de acidentes que acarretam grandes queimadas e incêndios.
“Nunca fumar nos pastos e nas lavouras ou jogar lixo ao longo das rodovias. Não realizar queimadas em pastos ou lavouras, mesmo que, aparentemente, seja algo totalmente controlável. E, quando uma determinada área apresentar a vegetação muito seca, se possível, deve-se "regar" ou molhá-la, não totalmente, mas em pontos estratégicos, visando prevenir ou ajudar a conter um possível incêndio”.
As queimadas não se restringem aos problemas ambientais, pois tal prática prejudica a saúde e a economia local por influir em atraso de voos, acidentes nas rodovias, etc. Caso você veja uma queimada ou avistar fumaça suspeita ligue para os Bombeiros no número 193.
Fonte: Danielle Valentim / Campo Grandes News
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