Jornada da Água começa com visita a nascentes do rio Paraguai

06/03/2018 21:36 Meio Ambiente
Nascente recuperada na fazenda Olho d'Água: exemplo de boa prática © WWF-Brasil/Bruno Taitson
Nascente recuperada na fazenda Olho d'Água: exemplo de boa prática © WWF-Brasil/Bruno Taitson

O grupo que participa da Jornada das Águas saiu cedo de Cuiabá para conhecer as nascentes do rio Paraguai. É dali que jorram as águas que abastecem a planície pantaneira. A expedição, que tem como objetivo mostrar o caminho percorrido pela água, da nascente à torneira, percorreu trechos da BR-163, um dos principais corredores da soja, para chegar à Área de Proteção Ambiental (APA) Nascentes do Rio Paraguai, localizada no município de Diamantino (MT). 

A primeira parada, na fazenda Olho d’Água, propriedade de 600 hectares no interior da APA, mostrou aos participantes que as boas práticas na agricultura e na pecuária, aliadas com ações de conservação ambiental, podem fazer maravilhas. Ali, cerca de 30 anos atrás, a nascente do rio Amolar, um dos afluentes do rio Paraguai, estava praticamente seca, em virtude do desmatamento causado pelo garimpo e, principalmente, do pisoteamento da área pelo gado e pela criação de porcos. 

O proprietário, José Ezídio Capeleto, decidiu recuperar a nascente e não mediu esforços para isso. Cercou o local para os rebanhos suínos e bovinos não causarem mais danos e plantou espécies nativas. O restante ficou por conta da regeneração natural. “Hoje a gente usa a água para regar a horta e até para beber. A qualidade de vida de todos melhorou, a gente se sente mais dentro da natureza com uma nascente dessas”, conta Capeleto.

A outra parada da Jornada da Água foi na comunidade de Piraputangas, também no município mato-grossense de Diamantino. O grupo conheceu uma propriedade familiar, de cerca de 950 hectares, com nascentes bem cuidadas, onde se praticam fruticultura, piscicultura, agricultura de subsistência e apicultura. Mais um exemplo importante de cuidado com a água, desde a nascente. 

Porém, nem todas as histórias ouvidas no dia foram felizes. Um dos proprietários da fazenda, Sr. Euzébio Lopes, nascido na região, relata uma série de mudanças observadas nas últimas décadas. “Depois da ampliação das lavouras de soja, do uso do veneno, diminuiu a quantidade de água e de peixes, tem mais assoreamento nos rios”, relatou. 

Júlio César Sampaio, coordenador do programa Cerrado-Pantanal do WWF-Brasil, observou que um dos objetivos da viagem é mostrar, aos participantes e a todo o público que acompanha a expedição pela internet, todo o caminho percorrido pelas águas do rio Paraguai, desde as nascentes até o Pantanal. “Para isso, vamos mostrar a importância das boas práticas de produção sustentável e de conservação, bem como os danos causados pelo desmatamento, pela descarga de esgoto, mercúrio, lixo e agrotóxico nos rios. Esperamos disseminar, junto à sociedade, a importância da questão hídrica e do Pantanal”, concluiu. 

Nesta terça-feira a Jornada da Água chega até o município de Cáceres (MT) e, posteriormente, desce em embarcações o rio Paraguai, chegando ao Pantanal. Para saber mais sobre a Jornada da Água e acompanhar mais notícias, posts, fotos, vídeos e depoimentos, acesse www.jornadadaagua.org. 

(Colaborou Letícia Campos)

 

Fonte: Por Bruno Taitson, do WWF

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