Mitos e verdades sobre o clima na região de Dourados

13/01/2016 18:57 Meio Ambiente
Estação meteorológica da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados - Foto: Nilton Pires/Embrapa.
Estação meteorológica da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados - Foto: Nilton Pires/Embrapa.

As estações meteorológicas da Embrapa Agropecuária Oeste começaram a operar em junho de 1979. Desde então, os dados coletados nessas estações passaram a formar uma série de dados meteorológicos, atualmente com 37 anos, que continua a ser atualizada diariamente com informações climáticas da região.

Quando se analisa essa série histórica é possível ter uma visão detalhada do comportamento do clima da região e também avaliar se algumas afirmações sobre clima, ditas e ouvidas frequentemente no dia-a-dia são falsas ou verdadeiras. Verifique se você conhece o clima da região de Dourados.

Responda se as nove afirmativas a seguir são mitos ou verdades. Após veja as respostas, elaboradas com base na série histórica.

Na região de Dourados não ocorrem temperaturas negativas.
Mito. Há 15 registros de temperaturas negativas na série histórica. A grande maioria ocorreu em julho (73%), mas também há registros em junho (20%) e agosto (7%). A menor temperatura foi -1,9°C em 17 de julho de 2000 e a mais recente ocorreu em 25 de julho de 2013, quando foi registrado -0,5°C. Nesta data houve formação de geadas de intensidade forte em vários locais da região.

Raramente ocorrem na região temperaturas superiores a 40°C.
Verdadeiro. Há apenas quatro registros de temperaturas maiores que 40°C nesses 37 anos. Em 1985 há dois registros, em 17 e 18 de novembro, atingindo 40,1°C e 40,2°C, respectivamente. Em 26 de setembro de 2004 a temperatura atingiu 40,7°C, mas a mais alta da série foi 40,8°C e ocorreu em 17 de outubro de 2014.

Em janeiro há maior ocorrência de dias muito quentes.
Mito. Considera-se dia quente aquele em que a temperatura supera 33°C. Apesar de janeiro ser o mês do ano com maior temperatura média (25,5°C), quase metade dos dias muito quentes nos últimos 37 anos ocorreram no período de agosto a novembro, principalmente em outubro. Em outubro também há 21 registros de dias com temperaturas superiores a 38°C, enquanto em janeiro há apenas um.

Ondas de calor são eventos comuns na região.
Verdadeiro. Uma onda de calor é caracterizada por uma sequência de dias muito quentes, com temperaturas superiores a 33°C. Desde 1979, ocorreram na região de Dourados 29 ondas de calor, com 10 ou mais dias de duração. Em 2002, houve três ondas de calor e também neste ano ocorreu a mais extensa, com duração de 27 dias. A onda de calor mais recente foi em 2015, no período de 15 a 25 de setembro, com duração de 11 dias.

Dezembro e janeiro são os meses em que ocorrem os menores índices de umidade do ar.
Mito. Os meses com os menores índices de umidade de ar são agosto e setembro. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), níveis de umidade do ar inferiores a 30% podem ser prejudiciais à saúde humana. Na região de Dourados, desde 2001, há 845 registros de dias com umidade do ar inferior a 30%. Mais da metade destes registros ocorreram nos meses de agosto, 255 registros, e setembro, 201 registros. Em dezembro e janeiro há apenas 25 e 19 ocorrências, respectivamente, por serem estes os meses mais chuvosos do ano.

Agosto é o mês do ano em que ocorrem os ventos mais fortes na região.
Mito. Desde janeiro de 2009 há 243 dias com registros de rajadas fortes de vento, superiores a 30 km/h. A maior parte desses dias ocorreu no período de setembro a novembro. Outubro é o mês com maior frequência, 30 registros, seguido de setembro, 28 ocorrências. Em agosto foram registradas rajadas fortes de vento em 19 ocasiões.

Dezembro e janeiro são os meses mais chuvosos e também os que ocorrem as chuvas mais intensas.
Verdadeiro. O mês mais chuvoso do ano é dezembro, com média de 176mm, seguido de janeiro, com 159mm. Desde 1979, há 12 registros de chuvas com mais de 100mm em um único dia. A maior chuva diária ocorreu em 8 de dezembro de 2006, totalizando 148mm. Desde 2009 há 60 registros de chuvas horárias com mais de 20mm. Mais da metade dessas ocorrências foram nos meses de verão, de dezembro a março, principalmente em janeiro. A maior chuva horária foi 51mm e ocorreu em 18 de março de 2013. Recentemente, em 2 de novembro de 2015, foram registrados 48mm de chuva em uma hora. Vale lembrar que 1mm de chuva significa 1 litro de água em cada metro quadrado de superfície.

Sempre chove nos feriados de 7 setembro (Independência do Brasil) e 2 de novembro (Dia de Finados).
Mito. Em 37 anos houve apenas 9 ocorrências de chuva em 7 de setembro, menos de um quarto dos registros. No feriado do Dia de Finados houve 17 ocorrências, portanto, menos da metade das vezes.

Chuvas de granizo são comuns na região de Dourados.
Mito. Em 19 anos, de 1980 a 1998, há 18 registros de granizo na estação meteorológica da Embrapa de Dourados. Portanto, em média, menos de uma ocorrência de granizo por ano. Isso se deve ao granizo se formar em um tipo específico de nuvem, a cumulonimbus. Essas nuvens, geralmente acompanhadas de ventos fortes e de descargas elétricas, necessitam de condições específicas para se formar, com temperaturas elevadas e alto índice de umidade do ar. Além disso, a chuva de granizo costuma ser localizada, não atingindo grandes áreas.

Carlos Ricardo Fietz; Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (Gabriela Moreira Ferreira, Graduanda em Engenharia Ambiental/UEMS)
Embrapa Agropecuária Oeste

[email protected]
Telefone: (67) 3416-6884

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

 

Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste

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