Casa Branca lança edital para monitoramento da imprensa nos EUA

Escolha de empresa para formar banco de dados sobre jornalistas levantou preocupações
07/04/2018 01:32 Mundo
O presidente dos EUA, Donald Trump, aponta para repórter em meio a entrevista coletiva no Air Force One enquanto voltava a Washington nesta quinta-feira (5) - Nicholas Kamm - 5.abr.18/AFP
O presidente dos EUA, Donald Trump, aponta para repórter em meio a entrevista coletiva no Air Force One enquanto voltava a Washington nesta quinta-feira (5) - Nicholas Kamm - 5.abr.18/AFP

O Departamento de Segurança Interna dos EUA lançou nesta semana edital para contratar serviços de monitoramento de imprensa, com o objetivo de formar um banco de dados sobre jornalistas e identificar os principais influenciadores de mídia pelo mundo.

O edital estabelece que a empresa vencedora deve monitorar 290 mil fontes de notícia, como veículos digitais, impressos, rádios, TVs e redes sociais, e ser capaz de encontrar artigos sobre temas relacionados à agência em cerca de 100 idiomas, incluindo árabe, chinês e russo.

A formação do banco de perfis sobre os jornalistas e influenciadores está entre os seis objetivos do serviço, e deve incluir informações de contato, localização e uma análise da cobertura prévia de cada um.

O edital, que foi noticiado pela Bloomberg, levantou preocupações sobre o monitoramento da imprensa em meio a uma batalha do presidente Donald Trump contra veículos e reportagens que o desagradam ou que são críticas à sua administração.

O Departamento de Segurança Interna afirma no edital, que o objetivo é "atingir parceiros de forma mais eficiente", tanto em nível governamental, quanto privado.

Serviços semelhantes já foram contratados durante o governo de Barack Obama, mas com o objetivo alegado de monitorar potenciais ameaças à segurança pública, incluindo terrorismo.

Na época, o contrato custou US$ 11 milhões (cerca de R$ 37 milhões no câmbio atual) e rastreava inclusive a opinião de leitores em comentários em sites ou redes sociais.

O governo foi criticado por promover o "monitoramento da dissidência política online", conforme afirmou na ocasião a Epic, organização que trabalha pela defesa da privacidade digital nos EUA.

Desta vez, o contrato dá ênfase à identificação de "toda e qualquer cobertura relacionada ao departamento", com destaque para "comparações de mídia" e a "habilidade de identificar os principais influenciadores".

No fim do ano passado, o órgão também anunciou que iria monitorar as redes sociais de imigrantes que vivem nos EUA, com o objetivo de colher informações para o processo de naturalização e concessão de vistos.

Segundo o departamento, essa "não é uma política nova" e segue diretrizes estabelecidas em 2012.

Procurado pela Folha nesta sexta-feira (6), o Departamento de Segurança Interna não se manifestou sobre o novo contrato até a conclusão desta edição.

O edital continuará aberto até o dia 13, e o valor não foi estimado. Até agora, sete empresas manifestaram interesse em oferecer o serviço.

Fonte: Estelita Hass Carazzai / Folha de S.Paulo

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