Movimento antissistema disputa eleições italianas com candidato moderado
Luigi Di Maio, em Nápoles, em 12 de fevereiro de 2018 / Foto: AFP / CARLO HERMANN Luigi Di Maio, em Nápoles, em 12 de fevereiro de 2018
O jovem Luigi Di Maio, 31 anos, representa o rosto moderado do Movimento 5 Estrelas - o partido antissistema, no qual teve uma ascensão meteórica.
Sempre vestido de forma impecável e elegante, o candidato oficial do M5E a primeiro-ministro é, desde 2013, vice-presidente da Câmara dos Deputados, o mais jovem da história da Itália.
Com um estilo completamente diferente daquele do comediante Beppe Grillo, o fundador do movimento famoso por suas vulgaridades e palavras chulas, Di Maio é a nova estrela da sigla. O M5E conquistou a simpatia de boa parte dos italianos que se dizem fartos da corrupção e dos privilégios da classe política.
O deslumbrante herdeiro político de Grillo "é muito popular entre os militantes, e sua força está, precisamente, em ser diferente de Grillo, tanto na forma de se comunicar quanto em sua aparência", explicou à AFP o professor Alberto Castelvecchi, da Universidade Luiss de Roma.
'Tranquilizar as mães'
Em menos de dez anos, mesmo sem experiência, ou título universitário, Di Maio escalou rapidamente todos os degraus do movimento antissistema.
Iniciou sua carreira em Nápoles, onde sofreu sua primeira derrota em 2010, até chegar, três anos depois, ao Parlamento e ser eleito vice-presidente da Câmara dos Deputados, aos 26 anos.
Eleito em setembro passado como candidato para o cargo de primeiro-ministro em polêmicas primárias realizadas "on-line", nas quais não teve rivais, o jovem napolitano se transformou no indiscutível líder da nova força política do país.
"É um moderado, tranquiliza as mães", diz o jornalista Jacopo Iacoboni em um livro, no qual o retrata como "uma criatura criada pela empresa de marketing Casaleggio Associati", a consultoria que administra o site e as atividades do M5E.
Nascido em 6 de julho de 1986 em Avelino - na região da Campânia, no sul do país -, cresceu na pequena localidade industrial de Pomigliano d'Arco, na periferia de Nápoles.
Filho de um empresário da construção afiliado ao Movimento Social Italiano - herdeiros do ditador fascista Benito Mussolini - e de uma professora de latim e de grego, sempre foi considerado um "bom rapaz".
Dotado de notável calma, Di Maio rejeita como pejorativa a definição de "populistas", a qual costuma ser dada pelos analistas aos dirigentes do M5E.
Para consolidar sua imagem de homem moderado, fez várias viagens ao exterior, reuniu-se com estudantes americanos de Harvard, assim como com investidores de Londres.
Também suavizou as posições do movimento em relação a uma eventual saída da União Europeia (UE) e não descarta se aliar com outros partidos, quebrando uma das mais rígidas regras internas até então adotadas.
Marionete
"Em temas de ética e de imigração, o candidato a primeiro-ministro do M5E é como um surfista: segue a onda do momento", escreveu recentemente o semanário católico "Famiglia Cristiana", após lembrar as mudanças de posição sobre o fenômeno da migração africana.
"Elege-se o homem, ou sua disponibilidade para ser guiado e aconselhado?", questiona o jornal moderado "La Stampa".
A falta de estudos e sua curta experiência profissional, que se limita a ter sido administrador de uma página na Internet, alimentam a ideia de que seja uma marionete do brilhante Beppe Grillo, sem armas para dirigir a terceira economia da zona euro.
"O presidente francês tem 40 anos, o chanceler austríaco a mesma idade que eu, 31. Chegou a hora dos jovens", afirma.
Fonte: AFP
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