Presidente da Coreia do Sul deve ser interrogada sobre caso de corrupção
Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, durante entrevista à agência Reuters em Seul (Foto: Reuters/Kim Hong-Ji)
O Ministério Público de Seul informou neste domingo (13) que quer interrogar o mais rápido possível a presidente sul-coreana Park Geun-hye sobre um escândalo de corrupção que gerou manifestações em massa exigindo a demissão da chefe de Estado.
"Precismos interrogar a presidente na terça ou quarta-feira, no mais tardar", informou uma fonte da procuradoria de Seul, citada pela agência de notícias sul-coreana Yonhap, acrescentando que já foi enviada uma intimação e que agora esperam por uma resposta.
Park poderá dar uma resposta a partir de terça (15), depois de escolher um advogado, declarou seu porta-voz sem dar maiores detalhes. Se aceitar, será a primeira vez que um presidente sul-coreano em exercício se submeterá a uma sessão deste tipo.
Recentemente, ela se declarou disposta a responder às perguntas sem se amparar na imunidade presidenciail.
Onda de protestos
O escândalo de corrupção envolvendo a presidente provocou uma onda de protestos no país. Os organizadores de uma megamanifestação no sábado (12) para pedir a renúncia de Park Geun-Hye afirmaram ter reunido um milhão de pessoas em Seul. A polícia, por sua vez, falou de cerca de 170 mil e pessoas e posteriormente corrigiu a cifra para 260 mil.
A origem dos protestos é uma amiga e confidente da presidente sul-coreana, chamada de "Rasputina" pela imprensa. Ela foi detida sob suspeita de tráfico de influência, abrindo caminho a um escândalo político de consequências imprevisíveis para Geun-Hye.
A chefe de Estado está desestabilizada por uma série de revelações que sugerem que Choin Soon-Sil, sua amiga há 40 anos, a aconselhava nos assuntos de Estado sem exercer nenhuma função oficial ou ter habilitação em matéria de segurança.
Investigação
Choi é investigada por tráfico de influência e corrupção devido a suspeitas de que aproveitou seus contatos na Casa Azul, sede da presidência, para extorquir os principais conglomerados econômicos do país, como Samsung, que teria destinado importantes somas de dinheiro a fundações criadas pela amiga da presidente.
Na semana passada, ao retornar da Alemanha, para onde havia fugido, Choi se entregou à polícia e foi submetida a várias horas de interrogatório pelo Ministério Público (MP) sul-coreano. "Desculpem-me. Cometi um pecado mortal", declarou Choi depois de entrar na sede do MP.
'Rasputina'
Durante dias, a imprensa publicou diariamente informações sobre esta mulher de 60 anos e seu relacionamento com a presidente.
Os meios de comunicação a descrevem como uma "Rasputina" - em alusão a Rasputin, o místico (chamado de Monge Louco) que exerceu uma grande influência sobre o Czar Nicolau II da Rússia no início do século XX. Choi relia e corrigia os discursos da presidente e até mesmo a aconselhava nas nomeações de integrantes de alto escalão.
Além disso, ela teria tido acesso a documentos confidenciais, o que abala a imagem da presidente, em franca queda, apesar de ter se desculpado publicamente na sexta (11).
Apenas 9,2% dos sul-coreanos aprovam a gestão de Geun-hye e 67% desejam que a presidente renuncie, segundo uma pesquisa de opinião pública divulgada nesta terça-feira.
Influência herdada
Choi é filha de uma misteriosa figura religiosa, Choi-Tae-Min, chefe autoproclamado da Igreja da Vida Eterna. Ele havia se convertido em mentor de Park Geun-Hye depois do assassinato de sua mãe, em 1974.
Segundo a imprensa, Choi Soon-Sil teria herdado de seu pai, morto em 1994, uma influência pouco apropriada sobre a presidência. Seu ex-marido havia sido um dos principais adjuntos de Park até sua eleição, em 2012.
Choi visitava frequentemente a Casa Azul desde que Park assumiu a presidência, em fevereiro de 2013, afirmou na terça (8) o jornal "Hankyoreh". A presidência desmentiu energicamente a afirmação, e a presidente só admitiu ter pedido conselhos a Choi a respeito de alguns discursos.
Depois da explosão do escândalo, Park destituiu vários de seus conselheiros suspeitos de estar vinculados a Choi. Para superar a crise, ela cogita a possibilidade de nomear um gabinete de união nacional, segundo alguns observadores.
A Constituição sul-coreana não autoriza ações judiciais contra um presidente em funções.
Fonte: Da France Presse
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