Acuado pela Senad, Minotauro tentou tirar cocaína da fronteira

Carga de 940 quilos de cocaína pura foi interceptada pela PRF na madrugada de hoje quando era enviada para Dourados
22/01/2019 22:23 Policial
BMW usado para transportar cocaína; droga era de narcotraficante que tenta ser o novo “patrão” da fronteira (Foto: Adilson Domingos)
BMW usado para transportar cocaína; droga era de narcotraficante que tenta ser o novo “patrão” da fronteira (Foto: Adilson Domingos)

A carga de quase uma tonelada de cocaína avaliada em R$ 50 milhões, apreendida na madrugada desta terça-feira (22) na BR-463, em Ponta Porã, era do narcotraficante brasileiro Sergio de Arruda Quintiliano Neto, o “Minotauro”.

O Campo Grande News apurou que Minotauro, com o apoio de seus aliados do PCC (Primeiro Comando da Capital), tentou tirar a droga da fronteira devido ao momento de instabilidade em Pedro Juan Caballero e Ponta Porã, provocado pela guerra que ele declarou ao clã de outro narcotraficante brasileiro, Jarvis Gimenes Pavão.

Os seguidos atentados a tiros – o mais recente vitimou o ex-vereador e ex-candidato a prefeito de Ponta Porã Chico Gimenez, tio de Pavão – chamaram a atenção de grupos de elite da Polícia Nacional, especialmente da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas).

Minotauro também se preparava para um contra-ataque dos aliados de Pavão e não queria perder a carga milionária de cocaína. Por isso se aliou aos membros do PCC e mandou a droga para Dourados, mas a carga foi interceptada por policiais rodoviários federais no Posto Capey, na BR-463.

Os 940 quilos de cocaína pura estavam em um utilitário BMW X5 placa ARX- 2612, de Brusque (SC), conduzido por Ademir Amaro da Silva, 37, residente em Ponta Porã.

Ele já tinha sido preso pela PRF em 2013 com 93 quilos de cocaína em uma carreta e condenado a nove anos e oito meses de prisão. Saiu em regime aberto em dezembro passado.

O importado foi parado por policiais rodoviários federais quando seguia para Dourados e seria entregue a membros da quadrilha no Trevo da Bandeira, na entrada da cidade.

Pelo menos seis batedores acompanhavam a carga, mas a investigação conseguiu despistar os informantes até o BMW ser apreendido na estrada.

Foi a segunda maior apreensão de cocaína registrada em Mato Grosso do Sul. A maior, de 1,5 tonelada, foi feita pela Polícia Federal em Corumbá, em 2015.

Os 940 quilos de cocaína em estado mais puro poderiam render quase quatro toneladas da droga para consumo. “De cada quilo do cloridrato de cocaína os traficantes fazem quatro quilos da droga vendida em papelotes”, afirmou uma fonte policial.

Ademir contou aos policiais que pegou o BMW já carregado em Pedro Juan Caballero, para ganhar R$ 5 mil.

Quem é Minotauro – Aos 33 anos de idade, Sergio Quintiliano Neto, o “Minotauro”, é o inimigo número 1 da polícia da fronteira e apontado como mandante do assassinato do policial civil Wescley Dias Vasconcelos, 37, ocorrido no dia 6 de março de 2018 em Ponta Porã.

Ele está foragido da justiça de São Paulo desde agosto de 2012 e se esconde no Paraguai usando identidade falsa em nome de Celso Matos Espíndola. Antes de fugir para o Paraguai, foi chefe do tráfico de drogas em Bauru (SP), cidade de 372 mil habitantes localizada a 326 km da capital paulista.

Naquela cidade, Minotauro ficou conhecido por desfilar em um Porsche Panamera avaliado em R$ 300 mil. A quadrilha dele foi desarticulada pela Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) em 2012, o bandido escapou por um golpe de sorte.

Os policiais paulistas cumpriram os mandados de prisão nas primeiras horas da manhã de 9 de agosto de 2012, mas quando chegaram à casa de Sergio Neto não o encontraram. Ele tinha brigado com a mulher durante a madrugada e ela o colocou para fora de casa.

No dia em que desarticulou a quadrilha e prendeu os dois principais comparsas do traficante, a polícia paulista encontrou nos dez locais em que esteve R$ 21.415 em dinheiro e nove veículos médios e populares, fora os de luxo – uma BMW X6 usada por Sérgio para sair de casa, uma Land Rover avaliada em R$ 160 mil e o Porsche Panamera.

Ante de ser conhecido como Minotauro, Sergio Quintiliano Neto construiu um patrimônio milionário no interior paulista. Quando fugiu, ele tentava comprar uma casa de R$ 900 mil em um condomínio de luxo de Bauru.

PCC – Seis anos antes, durante os ataques do PCC em São Paulo, Sergio Neto, então com 21 anos de idade, foi detido com duas metralhadoras e um fuzil, em Panorama, cidade perto da divisa com Mato Grosso do Sul. Condenado por formação de quadrilha, cumpriu três anos de pena. Em 2009 ganhou liberdade e entrou para o tráfico.

Quando ainda era membro do PCC, Sergio foi preso por planejar a morte de agentes de segurança das penitenciárias de Presidente Bernardes e Presidente Venceslau. A ordem para a ação teria partido da liderança da facção criminosa.

Escondido no Paraguai, ele aproveitou a lacuna criada com o assassinato de Jorge Rafaat Toumani em junho de 2016 e a extradição de Jarvis Pavão para tentar se tornar o novo capo a fronteira.

Fonte: Helio de Freitas, de Dourados / Campo Grandes News

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