Ciclista assaltada na rodovia MS-156, fala com exclusividade ao iFato

28/05/2015 14:46 Policial
Bicicleta furtada. Qualquer informação, denuncie via 190..
Bicicleta furtada. Qualquer informação, denuncie via 190..

O iFato entrevistou, com exclusividade, a ciclista que teve a bicicleta roubada na MS-156, trecho entre Itaporã e Dourados, altura da reserva indígena, na terça-feira (26/05).

A vítima relatou em detalhes como foi a abordagem dos ladrões e expressou a sensação do fato.

A vítima pratica ciclismo há dois anos, e diz nunca ter passado por um fato como o de terça-feira.

Conforme a ciclista, no momento em que levou o soco, ela temeu que o ladrão quisesse sua bicicleta, ela chegou a oferecer que ele levasse seu celular. No tempo em que “discutiram”, ela conseguiu olhar o rosto do homem, e confirma que realmente era indígena e diz que o reconheceria.


Leia mais - Ciclista é assaltada na rodovia MS-156


A ciclista destaca a sensação de impotência após o fato, levando ela a crer que “somos vítimas do que conquistamos”, e lamenta “parece que sempre alguém tem que sofrer, para providências serem tomadas.”

O iFato agradece a vítima pelos relatos e pela confiança em falar sobre o fato. Abaixo a entrevista na íntegra.
 

iFato - Como exatamente aconteceu o roubo?
Vítima - Estávamos retornando para Dourados e eu me distanciei do grupo uns 50 metros à frente. Um pouco antes da rotatória da aldeia (sentido Itaporã-Dourados), tem um ponto bem escuro, eles surgiram na pista, eram dois indígenas, e eu tentei desviar indo para pista, mas um deles me deu um soco no braço direito e me derrubou.

Levantei segurando a ‘bike’ por que imaginei que eles iam tomar de mim. Mas só um deles puxou ela, e eu tentei puxar de volta e negociar entregando meu celular.

O outro só roubou a lanterna e saiu correndo pro outro lado da pista.

Mas o que puxou a ‘bike’, eu pedia pra não levar. Foi quando ele tirou a faca do bolso da calça e mandou eu soltar.

Nessa hora, vinha descendo um caminhão e na hora entrei na pista pedindo socorro e o motorista fechou na frente dele, não deixando ele descer no sentido da rotatória.

Daí ele saiu com a bicicleta, em sentido oposto que eu estava, pela contramão. Eu sai correndo atrás e gritando pro pessoal ver ele com a ‘bike’. Ele passou pelos ciclistas que estavam comigo, mas não deu tempo de impedir por que ele entrou na aldeia.

E no mesmo local, outros ciclistas quase foram abordados por eles.

Na mesma hora todos se mobilizaram, ligaram pra Polícia Civil, Força Nacional e Guarda Municipal.

E comunicaram o fato aos outros ciclistas. Todos foram muito prestativos. E ainda estão sendo na intenção de achar a bicicleta.

Para que isso não venha mais a acontecer. Ontem fui eu, hoje pode ser outro ciclista, de forma até mais violenta. Por que no lugar do soco que ele me deu, eu poderia ter levado uma facada. Mas Graças a Deus, fui polpada.

iFato - Você nunca tinha sofrido algo do tipo?
Vítima -Nunca.

iFato - Qual a sensação depois disso?
Vítima - Sensação de impotência. Sensação de que somos vítimas do que conquistamos. Parece que alguém sempre tem que sofrer algo pior para tomarem providências. Tanto quem transita todos os dias por lá, sejam ciclistas, moradores, estudantes, trabalhadores; tanto quem mora lá. Todos são vítimas por tão pouco.

iFato - Você ficou ferida?
Vítima -Fiquei. No braço direito, onde ele me deu o soco. Escoriações no pulso e cotovelo esquerdo. E um hematoma no quadril do lado esquerdo também, por causa da queda. Bati a cabeça no chão, mas por causa do capacete não aconteceu nada de mais grave, só as dores no pescoço.

iFato - Você conseguiria reconhecer os dois, e dá para ter certeza que eram indígenas?
Vítima -Da para reconhecer o que levou a bike. O outro jogou a luz da lanterna no meu rosto e fugiu. E eram indígenas sim.

iFato - Voltaria a pedalar no local?
Vítima - Por enquanto não. Até providenciarem a manutenção dos locais sem iluminação, fica o medo. Pelo fato de que mesmo em dupla ou trio, eles ameaçaram nos derrubar. E eu sei da força que ele usou para fazer isso em mim.

iFato - Em relação a pergunta anterior, tem o mesmo pensamento se fosse indicar o local para outro ciclista?
Vítima -Indico sem problemas. Por maior segurança que temos, há riscos, por isso pedalamos em grupo. Eu que me distanciei na hora e local errado. Demorou para acontecer, agora precisamos, nós ciclistas, nós mobilizar para que não aconteça mais.

iFato - Você acha que se tivesse iluminação, não teria acontecido?
Vítima -Com certeza, não teria. Isso já é um risco que corríamos há tempos. Pedimos várias providências e nada foi resolvido.

iFato - Além da iluminação, o que acha que poderia ser feito para melhorar para os ciclistas, e se tem algum apelo a fazer.
Vítima -Nós só queremos pedalar com segurança. E que os demais condutores nos respeitem. Somos mais um, que merece um espaço na via, seja pra praticar o esporte, seja para o trabalho. É o mínimo que queremos, unir as pessoas através deste esporte. E mais educação de quem, com todo direito e nosso respeito, não gosta da prática.

 

Fonte: Aislan Nonato/iFato

COMENTÁRIOS

Usando sua conta do Facebook para comentar, você estará sujeito aos termos de uso e politicas de privacidade do Facebook. Seu nome no Facebook, Foto e outras informações pessoais que você deixou como públicas, irão aparecer no seu comentário e poderão ser usadas nas plataformas do iFato.