Ex-secretários e empresários são transferidos para presídio em MS
Os quatro que continuam presos durante a segunda fase da operação Lama Asfáltica foram transferidos na tarde de ontem (16) para o Centro de Triagem “Anízio Lima” que fica ao lado do Presídio de Segurança Máxima, em Campo Grande. Eles estão presos desde o dia 10 de maio e estavam na Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar).
O empreiteiro João Amorim, o ex-deputado federal Edson Giroto (PR), o ex-diretor da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), Wilson Roberto Mariano de Oliveira, e o empresário do interior de São Paulo, Flávio Henrique Garcia, estão juntos em uma cela com outros 20 detentos, que têm formação superior.
Segundo o diretor-presidente da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Ailton Stropa, a cela tem chuveiro de água quente, televisão e está com lotação máxima. Eles vão receber três refeições diárias - café da manhã, almoço e janta - e terão direito a banho de sol.
Os quatro tiveram a prisão temporária convertida em preventiva – quando não há prazo final – no último sábado. Além deles, também tiveram a prisão preventiva decretada a filha do ex-prefeito de Paranaíba, Mariane Mariano, por estar em fase de amamentação, a advogada Raquel Giroto, mulher do ex-deputado federal Edson Giroto (PR), por ela ser advogada e ter uma filha de 7 anos, Elza Cristina Araújo dos Santos, advogada, secretária e sócia de João Amorim e Ana Paula Amorim, filha de Amorim presa no Rio Grande do Sul. Elas conseguiram o benefício da prisão domiciliar.
No último sábado (14) terminou o prazo da prisão temporária e foram libertados a ex-diretora-presidente da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), Maria Vilma Casanova Rosa, Ana Cristina Pereira da Silva, Evaldo Furrer Matos, Renata e Ana Lúcia Amorim, filhas de Amorim. O ex-servidor da Agesul, Hélio Yudi, deixou a delegacia na sexta-feira (13).
Salas específicas
Para manter o mais absoluto sigilo sobre o teor da documentação apreendida na operação Lama Asfáltica, 2 salas foram "criadas" para análise e depósito do material apreendido, conforme explicou o chefe da Controladoria-Geral da União (CGU-MS), José Paulo Juliete Barbieri.
Além de documentos, dólares e reais em espécie, veículos e dois aviões foram apreendidos. Houve ainda o bloqueio de R$ 43 milhões dos R$ 195 milhões identificados como recursos desviados.
Durante as buscas, responsáveis constataram ainda o investimento de 67 mil hectares em imóveis rurais. Já na área urbana, os envolvidos montaram empresas e adquiriram bens.
Foram ao todo 15 presos, entre servidores considerados “fundamentais para o esquema”, segundo a polícia, além de empresários e outros suspeitos. Até o momento, 24 pessoas são investigadas. Das prisões, são 8 mulheres e 7 homens.
Investigação
As investigações sobre o suposto esquema de corrupção teve início em 2013. Na primeira fase da apuração, foi verificada a existência de um grupo que, por meio de empresas em nome próprio e de terceiros, superfaturaram obras contratadas com a administração pública, mediante corrupção de servidores públicos e fraudes a licitações, ocasionando desvios de recursos públicos.
Em análise a material apreendido na primeira fase da operação, a CGU e a Receita Federal verificaram indícios de lavagem de dinheiro, inclusive decorrentes de desvio de recursos públicos federais e provenientes de corrupção passiva, com a utilização de mecanismos para ocultação de tais valores, como aquisição de bens em nome de terceiros e saques em espécie.
Primeira fase
No último mês de fevereiro, o Ministério Público do Estado (MP-MS), denunciou 40 pessoas por envolvimento em corrupção em obras públicas de Mato Grosso do Sul. Esses denunciados tinham sido investigados pela PF. Na época, R$ 84 milhões em bens foram bloqueados.
A operação foi deflagrada em 9 de julho de 2015, cumprindo 19 mandados de busca e apreensão em residências de investigados e em empresas que tinham contratos com o poder público.
A PF e a Receita Federal também foram à Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra). De acordo com o secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, quatro servidores foram afastados na época.
Na lista de obras investigadas na primeira fase estão o Aquário do Pantanal e as rodovias MS-171, MS-228 e MS-187. Todas foram executadas na administração de André Puccinelli (PMDB). Na época, a assessoria do ex-governador informou que "todas as contratações seguiram rigorosamente a legislação vigente e aplicável ao caso" e "os pagamentos efetuados foram feitos após verificação dos fiscais de cada uma das obras.
Fonte: G1
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