Golpistas citavam orações para “acalmar” clientela
Participantes de suposto esquema estelionatário que desencadeou a Operação Ouro de Ofir, realizada na terça-feira (21) em Campo Grande, Terenos, Goiânia (GO) e Brasília (DF), citavam orações para tentar acalmar e dar credibilidade a pessoas que acabaram iludidas na promessa de multiplicação de valores investidos.
O golpe pode ter atingido, conforme a PF, aproximadamente 25 mil pessoas em várias partes do país.
Em conversas e áudios de grupos de whatsapp formados para tratar do assunto, a qual o Dourados News teve acesso, um dos integrantes, identificado apenas como pastor Thiago cita que pela fé os pagamentos de cotas começariam a ser feito nos próximos dias.
“O dinheiro estava aplicado através da União por meio acordo feito junto ao governo federal. Foi feito através dos advogados responsáveis o bloqueio para que o dinheiro não fosse mais movimentado [pelo governo e fosse repassado aos donos dos supostos títulos]. A partir de hoje fica proibido o governo aplicar ou reaplicar o valor porque foi feito deferimento (...) Então gente, a nossa oração teve efeito. Louvado seja o nome do senhor (...) festejem e alegrem-se, porque daqui para a frente, não existe outra coisa a não ser pagamento”, diz, o que não ocorreu até o momento.
Desde agosto já havia a desconfiança do não recebimento das promessas realizadas.
Muitas das vítimas cobravam aos envolvidos e recebiam sempre respostas de que os dividendos seriam feitos a cada semana, o que nunca aconteceu, conforme relatou morador em Brasília (DF), atendido por advogado douradense e que investiu R$ 35 mil no ‘negócio’.
Em outro áudio, informado ser de 18 de setembro, um homem identificado como Sidney chega a falar em ‘lágrimas de sangue’ para citar a liberação do dinheiro, porém, o mesmo não ocorre.
“Está tudo pronto para a liberação do que nós temos direito. Queria agradecer algumas pessoas que caminharam comigo (...), colegas que choraram lágrimas de sangue (...)”, conta.
Na sequência ele ainda provoca: “teve muita gente do contra que vai ter que se explicar, rever o seu pensamento”.
Conforme a defesa de uma das vítimas, todas essas conversas estão sendo anexadas ao processo de reparação de danos morais e materiais contra os responsáveis.
Conforme informou a Polícia Federal, na ação desencadeada na terça-feira (21) em Campo Grande em conjunto com a Receita Federal, foram apreendidos mais de R$ 1 milhão em dinheiro vivo, além de diversas peças de joias, entre relógios e objetos de ouro e carros de luxo.
Ouro de Ofir
O grupo atuava como instituição financeira clandestina e captava valores em espécie de cotas a partir de R$ 1 mil. A promessa era de recebimentos milionários, com lucratividade de mais de 1.000%.
De acordo com a PF, o grupo dizia existir uma mina de ouro já explorada e que os valores referentes às comissões de venda estavam sendo repatriados, vendidos e até mesmo doados a terceiros.
O grupo também prometia quantias milionárias com liberação de uma antiga Letra do Tesouro Nacional – LTN. Tudo isso mediante pagamento prévio.
Durante as ações nas quatro cidades foram expedidos 11 mandados de busca e apreensão, quatro de prisão temporária e quatro de condução coercitiva, que é quando a pessoa é levada para prestar depoimento e depois liberada.
Um dos presos durante a Ouro de Ofir é o proprietário da Company Consultoria, instalada em Campo Grande, Celso Eder Gonzaga Araújo.
Na manhã de terça-feira, policiais federais cumpriram mandados em sua residência, localizada no bairro Chácara Cachoeira e na empresa.
Fonte: Do Dourados News
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