“É um crime militar, cometido por um militar, durante o serviço militar”, explicou na manhã desta segunda-feira (28) a delegada de Polícia Civil Fernanda Félix, da Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Campo Grande, ao explicar que será encaminhado para a Justiça Militar a denúncia de assédio sexual contra oficial do Exército, de 43 anos, registrada na unidade. A situação, envolvendo um major, foi relatada por meio do disque-denúncia, sendo formalizada em boletim de ocorrência registrado na última quarta-feira (dia 23) na delegacia.

Para a delegada, pelo que chegou até a Corporação, ficou claro que o militar “se valeu da condição hierárquica para ter favorecimento sexual”, fato caracterizador do assédio sexual. Mas como tudo ocorreu dentro de unidade militar, informou, “é outra competência, uma competência específica”. De acordo com ela, será encaminhado ofício sobre o assunto à Junta Militar, responsável por investigar e determinar a punição dos crimes militares.

O registro feito na Deam informa oito vítimas de assédio sexual e uma outra por assédio moral, entre militares e civis. A vítima de assédio moral teria sido criticada pelo major, em frente a colegas de trabalho, por suposto excesso de peso.

Chefia equipe - A denúncia cita que o militar é subchefe de um setor, com 80 subordinados, entre homens e mulheres, e por isso tem uma sala exclusiva.
Conforme o relato, as vítimas são chamadas até o local para tratar de assunto de trabalho, mas o teor da conversa acaba sendo outro, incluindo cunho sexual e até envio de conteúdo pornográfico por celular e alerta de não renovação de contrato. Uma das vítimas teria ouvido, diante de negativa, “vou acabar com a sua vida”.

Junto com a denúncia, foram encaminhadas 180 imagens do aplicativo WhatsApp.A reportagem teve acesso a um diálogo, apontado como sendo entre o major e uma vítima. Na conversa, o homem destaca características físicas e afirma que ela sempre será assediada por ser bonita.“Sei...que não posso, pela minha posição de chefe e homem casado...expor você e nem ninguém”, diz o trecho atribuído ao major

Já apura - O CMO (Comando Militar do Oeste) informou que recebeu denúncia anônima e foi instaurado procedimento administrativo para verificar os fatos apontados pela denúncia anônima. “As pessoas citadas já estão sendo ouvidas, de forma a se verificar a comprovação da denúncia. Caso haja a confirmação do fato, será instaurado o devido processo legal para responsabilização do militar”.

Procurado pelo Campo Grande News, o oficial negou o crime de assédio. Disse, ainda não ser autor das mensagens no WhatsApp.

Fonte: Marta Ferreira e Clayton Neves / Campo Grandes News