Quadrilha internacional tinha transportadora e fazenda de 10 milhões na Capital

Grupo, alvo da Operação Alba Vírus, também mantinha residência no Carandá Bosque, e fazia transações em dinheiro vivo
28/08/2019 06:36 Policial
Foto: Reprodução
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Fazenda na MS-040 comprada em dinheiro vivo por pelo menos R$ 10 milhões, transportadora no bairro Copharádio, com frota de caminhões de R$ 900 mil, e uma casa no Carandá Bosque, área nobre de Campo Grande. Os bens pertencem a integrantes da quadrilha de tráfico alvo de Operação Alba Vírus, desencadeada pela Polícia Federal nesta terça-feira (27) para cumprir mandados em quatro estados, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Bahia. Segundo a PF, a organização era especializada em enviar cocaína para a Europa em cargas que saíam do Brasil pelos portos de Santos (SP), Paranaguá (PR) e Navegantes (SC).

Em Mato Grosso do Sul, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão: um na fazenda, que fica MS-040, na área rural de Campo Grande, outro na residência localizada no Carandá Bosque e terceiro em uma casa na Copharádio, onde funcionaria uma empresa de fachada, a S.O Transportes. Em nome de Sandra de Oliveira, a transportadora, segundo a investigação da PF, comprou em menos de um ano três caminhões, com valor de R$ 300 mil cada um.

Sandra, a quem são atribuídos depósitos em dinheiro com origem duvidosa, é mãe de Karine de Oliveira Campos, apontada pela Polícia Federal como líder da quadrilha, junto com marido, Marcelo Mendes Ferreira. Foi pedida a prisão dos três, além do sequestro da fazenda e da residência no Carandá Bosque.

A fazenda tem em torno de 1,5 mil hectares e chegou a abrigar criação de ovinos, por volta de 2014, mas acabou sendo vendida. A reportagem não teve acesso à data compra e compra. No local, houve apreensão de dinheiro, assim como na residência do Carandá Bosque.

Milhões - A apuração policial indica que as transações feitas pelos integrantes da quadrilha ocorriam em “cash”. Ao todo, a organização criminosa teve bens apreendidos no valor de R$ 23 milhões em imóveis, em ordem expedida pelo juiz Roberto Lemos Filho, da 5ª Vara Federal de Santos. Foram US$ 7,2 milhões e R$ 1,6 milhão em espécie, além de 10 carros de luxo e 26 caminhões .

A ação reuniu 180 agentes, para cumprir 18 mandados de prisão temporária e 42 buscas nos municípios de São Paulo, Santos, Guarujá (SP), Itajaí, Balneário Camboriú (SC), Campo Grande (MS) e Salvador (BA). As ordens foram expedidas pelo juiz Roberto Lemos Fiho, da 5ª Vara Federal de Santos.

Confira imagens de dinheiro apreendido nos endereços ligados à quadrilha.

O fio da meada – Segundo divulgou o jornalista Fausto Macedo, em sua coluna no jornal O Estado de S.Paulo, a PF identificou os integrantes do grupo, assim como bens móveis e imóveis adquiridos com o dinheiro do tráfico, após uma prisão em flagrante realizada no Guarujá em fevereiro. Durante a análise dos celulares apreendidos na ocasião, foram encontrados vídeos nos quais os integrantes do grupo aparecem ocultando grandes quantidades de cocaína em meio a cargas lícitas em contêineres que embarcaram em navios com destino à Europa. A droga era transportada em meio a diversos tipos de carga, de cortes de frango congelado até cargas de ardósia.

Em um dos vídeos encontrados, aparece Marcelo Mendes Ferreira, marido de Karine, cuja mãe é dona de transportadora sediada em Campo Grande. O trabalho policial revelou que Karine tinha duas carteiras de motorista com nomes falsos, depois que os documentos foram apreendidos durante a ação no Guarujá.

O nome da operação, segundo a PF, significa vírus ou veneno branco em latim, ‘fazendo referência à cocaína, substância entorpecente objeto do tráfico internacional praticado pela Organização Criminosa’. Estão sendo imputados aos investigados os crimes de organização Criminosa, tráfico internacional de entorpecente e associação para o tráfico.

O grupo, consta da representação feita à Justiça Federal, “movimentou milhões em depósitos em espécie, transformando-o em dezenas de caminhões, imóveis, carros de luxo, joias, entre outros objetos de elevador valor”. Ainda segundo o texto, as empresas e pessoas envolvidas, “não têm lastro patrimonial ou financeiro que justifiquem essas movimentações milionárias”.

Conforme a PF, a maioria das pessoas físicas sequer tem emprego ou outra fonte de renda lícita e ainda há aquelas com registros de baixa renda nos cadastros do Governo Federal. As informações sobre esse aspecto foram descobertas depois de comunicações suspeitas encaminhadas ao COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Isso, para os investigadores, significa que falta muito a descobrir sobre a organização criminosa. “É apenas uma parcela (talvez, uma pequena parte) de todo o conjunto financeiro movimentado pela quadrilha. A atividade criminosa promovida pelo bando não dá sinais que esteja cessando por conta dos flagrantes e apreensões já realizados, até porque essas ações de repressão talvez não representem nem 10% (dez por cento) de suas perdas”.

Para a corporação, “é necessário, um conjunto de ações do Estado que combata o grupo de forma sistêmica, atingindo, principalmente, seus líderes e patrimônio, de forma a enfraquecê-los e aniquilá-los do mundo criminoso”, segundo o argumento apresentado ao juiz para obter a decisão determinando as prisões, buscas e sequestro de bens.

Fonte: Marta Ferreira / Campo Grandes News

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