Superintendente da Unei admite que foragidos são ‘perigosos’

10/10/2014 10:15 Policial
Adolescentes escalaram muros para fugir de unidade educacional na noite de ontem; 19 são procurados pela polícia (Foto: Adriano Moretto).
Adolescentes escalaram muros para fugir de unidade educacional na noite de ontem; 19 são procurados pela polícia (Foto: Adriano Moretto).

A fuga em massa na Unei (Unidade Educacional de Internação Laranja Doce), em Dourados, ocorrida no início da noite de quarta-feira (8), trouxe a Dourados o superintendente das Uneis em Mato Grosso do Sul, Rubens Grandini, que pela manhã se reuniu com a direção da unidade.

Em entrevista ao Dourados News concedida logo após o fim da reunião onde ficou definida a instauração de uma sindicância para apurar detalhes da fuga, e também um remanejamento no sistema interno de segurança – que não inclui o deslocamento de mais agentes educacionais para a unidade – o superintendente admitiu que a situação é grave, até por conta do alto grau de periculosidade dos 19 adolescentes que estão foragidos.

“A internação só é devida a adolescentes que participam de ato infracional mediante a violência ou grave ameaça. Portanto, quem está aqui dentro é porque praticou realmente um crime grave, seja roubo, latrocínio [roubo seguido de morte], homicídio, e outros”.

No entendimento de Grandini, não há por enquanto a necessidade de um reforço na equipe de agentes educacionais na Unei de Dourados, ainda que, por exemplo, no momento da fuga, apenas três servidores estivessem responsáveis por ‘cuidar’ dos 45 internos que lá estavam.

“Foi estendido o plantão extraordinário para os servidores em horário de folga e por isso já houve, portanto, um incremento na segurança. O que vai ser feito é uma mudança de comportamento e tática interna visando melhorar a questão da segurança. Os adolescentes por vezes ficam soltos nos corredores centrais dos alojamentos, e são esses que têm acesso aos cadeados. Então nos reunimos o efetivo junto da direção vamos estabelecer essas mudanças que com certeza irão surtir efeito”.

Os menores que fugiram usaram uma barra de ferro arrancada da cama de uma das celas, que foi dividida em quatro partes, e que foi o objeto utilizado para estourar quatro cadeados. Depois, esperaram o momento em que os agentes educacionais foram recolher as marmitas da janta para literalmente ‘atropelá-los’ e darem início à fuga, pulando muros. Questionado também sobre uma falha na infraestrutura da unidade, relacionada à altura dos muros, Grandini admitiu problemas, mas os remeteu às recomendações nacionais para medidas socioeducativas.

“É um muro alto, mas possível de escalar. Na verdade seria uma falha. É que o sistema socioeducativo no Brasil entende que as unidades de internação não devam ter o regime de segurança total como é nos presídios, ainda que aqui existam indivíduos bastante perigosos. A filosofia é de unidades que não se assemelhem a presídios e, obviamente, que isso vai fragilizar a estrutura. A muralha não é tão alta assim e existem alguns pontos que, fazendo escada humana, é possível realmente escalar e saltar o muro, e foi o que eles fizeram”.

Por fim, o superintendente disse acreditar que em poucos dias a polícia deve conseguir localizar e recapturar todos os adolescentes foragidos, e disse que o clima entre os menores que não fugiram está sob controle. “Esta unidade há muito tempo não tinha fugas dessa natureza, diferente de muitas outras, mas infelizmente ontem aconteceu esse incidente. As polícias estão cuidando para recapturar esses internos, e temos certeza que em questão de dias estarão todos de volta. O clima lá dentro está tranquilo, e controlado. As polícias civil e militar estão encarregadas de fazer as buscas e o contato com as famílias”.

 

Fonte: Thalyta Andrade/Dourados News

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