Superintendente diz que soube de vídeo de violação de túmulo pela imprensa
O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Cléo Mazzotti, afirmou em entrevista ao Campo Grande News que soube da existência do vídeo mostrando o vilipêndio do cadáver de Jorge Rafaat Toumani pela imprensa e que não teve acesso às imagens apreendidas no celular do traficante ligado a Elton Leonel Rumich Silva, o Galã, um dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
A fala, de agora à tarde, é diferente da afirmação feita de manhã, durante evento realizado na OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil), quando Mazzotti citou que, aparentemente, Galã era um dos responsáveis pela violação do túmulo de Rafaat e que o vídeo estava com a polícia do Rio de Janeiro.
"A Polícia Federal prendeu o Galã, e o Galã, aparentemente, foi um dos responsáveis por essa violação e tem um vídeo, que estava com a polícia do Rio de Janeiro, onde o Galã foi preso, que acabou sendo disponibilizado”, disse à reportagem. “Não sei se o vídeo existe ou não. Ele pode existir, mas não tenho acesso a ele”, detalhou nesta tarde.
Conforme apurado pela reportagem, as imagens que mostram integrantes do PCC violando o túmulo de Rafaat foram encontradas no celular de Lucas Pereira Theodoro, preso em flagrante no dia 11 de agosto de 2017, durante operação da Polícia Federal que descobriu um “bunker” da facção paulista em Ponta Porã.
Entenda - O crime é descrito em um processo de lavagem de dinheiro e associação criminosa contra Elton Leonel, que tramita na 2ª Vara da Justiça Federal de Ponta Porã. Segundo o relato, as imagens foram encontradas durante perícia nos celulares apreendidos na operação que resultou na prisão de Lucas e outros três comparsas de Galã - Giovani Luiz Bello, Sergio Denis Sierra Ayala e Luís Henrique da Silva.
A violação aconteceu exato um ano após a execução de Rafaat, considerado o chefe da fronteira até sua morte. No dia 15 de junho de 2017, três integrantes da facção paulista foram ao cemitério municipal de Ponta Porã, desenterraram o caixão do narcotraficante e atearam fogo em seu corpo.
Os policiais ainda encontraram nos celulares conversas em que “Galã” orienta os comparsas a sumirem com o caixão para “causar pânico e demonstrar que eles estavam fortemente na pista”.
Ainda segundo o processo, perícia no túmulo comprovou a violação. A situação também foi confirmada a polícia pela esposa de Rafaat e pelo coveiro do cemitério. Além de Lucas, Jonathas Carlos Gonzales, conhecido como Zóio e Luiz Henrique da Silva, o Batata, foram identificados como autores do crime através das imagens.
Segundo a polícia paraguaia, “Galã” foi enviado com a missão de expandir as ações do PCC em território vizinho, principalmente no controle do tráfico de drogas e armas, mas encontrou Rafaat no caminho, que não permitia o avanço das facções na fronteira.
Em um ataque cinematográfico, arquitetado por Galã, Rafaat foi morto a tiros de metralhadora calibre 50, que perfuraram a blindagem do seu utilitário Hummer preto. O atirador, o também brasileiro Sérgio Lima dos Santos, foi ferido na boca por um dos seguranças de Rafaat e acabou preso.
Lavagem de dinheiro – A operação que encontrou o “bunker” comprovou que “Galã” era o chefe do grupo, e que Sergio Denis Sierra Ayala e Ivanilton Moretti, o Grandão – assassinado no dia 24 de julho do ano passado em uma boate de Pedro Juan Caballero – eram seus principais ajudantes. Os outros três presos na data vinham abaixo na “hierarquia” da facção.
Sergio era sócio do traficante em duas empresas no Paraguai - a RSS Internacional S.A. e Notles S.A. - que eram usadas para lavar dinheiro do tráfico. As investigações apuraram que para comandar os negócios de fachada Galã usava documentos falsos e se identificava como Ronald Rodrigo Benites.
Assinando como Ronald, Galã era o sócio majoritário da RSS Internacional com 90% das ações. Os outros 10% pertenciam a Sérgio. Na Notles, Elton tinha 60%, Sérgio 20% e os outros 20% das ações ficavam em nome de Felipa Benitez, identificada como a mãe da identidade falsa do suspeito.
Já Ivanilton era o responsável pela instalação e operacionalização do bunker. No local foram apreendidos armas, munições, maconha, documentos e uma caminhonete Dodge Ram blindada em nome de uma das empresas, a RSS Internacional S.A..
Em março de 2018, “Galã” teve a prisão decretada pela Justiça Federal de Ponta Porã em virtude a análise do material apreendido na ocasião. Na decisão, o juiz ressalta a importância do investigado dentro da facção e ainda a força bélica e a estrutura logística da organização, “que conta com centro de comando e veículos blindados, nem sempre disponíveis às próprias Forças de Segurança Pública no Brasil”.
Fonte: Geisy Garnes / Campo Grandes News
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