Terror do crime organizado, juiz Odilon trocará toga pela tribuna e teme vingança

03/02/2014 17:56 Policial
Foto: Correio do Estado/Arquivo Juiz Odilon de Oliveira vive sob forte esquema de segurança.
Foto: Correio do Estado/Arquivo Juiz Odilon de Oliveira vive sob forte esquema de segurança.

Responsável em quebrar a espinha dorsal do crime organizado - principalmente dos traficantes de droga -, com suas pesadas sentenças, o juiz federal Odilon de Oliveira está prestes a se aposentar. Mas, promete continuar sua jornada em defesa da cidadania, desta feita disputando mandato eleitoral, provavelmente uma cadeira por Mato Grosso do Sul na Câmara Federal ou Senado.

O magistrado, que vive 24h por dia cercado de um forte esquema de segurança, não esconde que teme por sua vida. Afinal, ao longo desses anos, foi por diversas vezes ameaçado e muitos planos para assassiná-lo foram descobertos e abortados. Até um ‘‘Consórcio do Crime’’ foi feito para eliminá-lo e sua cabeça colocada a prêmio por valores que chegaram a ultrapassar US$ 100 mil.

“Temo sim pela minha vida. Tenho receio. Mas não tenho pavor”, afirma ele, lembrando que pode ser vítima de vingança. “Cabe a gente se cuidar”, disse ele durante entrevista ao Portal Correio do Estado (veja o vídeo).

Para se ter uma ideia de 2006 a 20010, por sentenças de Odilon de Oliveira, a Justiça sequestrou R$ 17 milhões; 32,5 mil hectares em 80 imóveis rurais; 14 mil cabeças de gado, 170 imóveis urbanos e 500 veículos apreendidos (carros populares a luxuosos) e cinco apreendidas, de um total de 10 bloqueadas para uso.

Em 2011, durante palestra para secretários municipais de Educação, o magistrado disse que o patrimônio sequestrado dos integrantes do crime organizado, em sua juridisdição, superava R$ 1 bilhão.

Em 2013 já eram quase R$ 2 bilhões em bens confiscados do crime organizado, especialmente do tráfico de drogas e do contrabando de cigarros. São bens adquiridos pela lavagem de dinheiro, manobra onde se verifica, a ocultação (ou dissimulação), a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.

O magistrado defende, em suas palestras, que esse volume de recursos sejam aplicados em educação de qualidade como mecanismo eficaz de prevenção e combate ao uso e ao tráfico de drogas. E, para isso, deveria ser dado preferência aos cursos profissionalizantes, período integral e educadores especializados que pudessem ser atraídos com salários dignos e valorizados.

E essa educação de qualidade é que será uma de suas bandeiras assim como saúde que atenda de forma ampla a população e a segurança pública. Setores que deixam muito a desejar no País. Quem sabe, o homem que tem feito o crime organizado dobrar a espinha dorsal, possa também contribuir - da tribuna, em Brasília - fazer com que benefício para a população não seja mero ‘‘dobrar de língua’’ - simples frases feitas - de políticos mais compromissados com seus interesses do que o respeito à cidadania.

Fonte: Correio do Estado

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