Bernal tenta se armar e conta com vereadores indecisos para escapar de eventual cassação
Para respirar aliviado na Câmara de Campo Grande, o prefeito Alcides Bernal (PP) caminha a passos lentos para construir uma base de sustentação e conta com a fragilidade dos indecisos. Após quase oito meses à frente da administração, o prefeito se arma para tentar escapar em um eventual processo de cassação, cada vez mais considerado inevitável.
Nesta segunda-feira (26) o vereador Edson Shimabukuro (PTB) confirmou que está perto de fechar com a administração, o que pode fazer o prefeito respirar. Para não perder o mandato por meio de Comissão Processante, Bernal precisa de 10 dos 29 vereadores da Câmara. Atualmente, a base de sustentação dele chega a nove, embora três destes (Zeca do PT, Rose Modesto-PSDB e João Rocha-PSDB) se declarem independentes.
Desde o começo do mandato Bernal tem prometido que vai chegar à maioria na Câmara, mas nunca conseguiu 10 apoiadores. O prefeito poderia alegar briga política ou perseguição, mas o fracasso na articulação política é fruto, segundo integrantes da base, como Zeca do PT, falta de habilidade "única e exclusiva" dele, já que não possui nem secretário de Governo.
Sem atitude para conversar com os vereadores, Bernal chegou a receber de bandeja um grupo de seis vereadores (Paulo Siufi-PMDB, Paulo Pedra-PDT, Edson Shimabukuro-PTB, Alceu Bueno-PSL, Carlão-PSB e Dr. Jamal-PR), que lhe garantiria uma maioria na Câmara, mas não procurou ninguém e viu o grupo se desfazer tão rápido quanto foi criado.
Sob acusações de que alguns estariam negociando o grupo sem a participação de todos, o chamado “G6” terminou com um para cada lado. Mais tarde, o vereador Siufi acusou Bernal pelo fracasso, dizendo que ele saiu falando para alguns integrantes que o grupo foi criado para fazer “barganha”.
Além das fofocas e troca de acusações, Bernal encontra dificuldade por não querer dividir a administração com os demais partidos. Foi o individualismo do prefeito que tirou o PSDB da base aliada e impede até hoje a aliança com o PDT, de Pedra, e o PSB, do vereador Carlão. Bernal quer que os vereadores integrem a base sem a participação dos partidos para não precisar entregar secretarias.
Há quem poderia elogiar a atitude por entender que Bernal quer evitar inchar a administração com várias secretárias. Porém, o argumento enfraquece se levar em conta que o prefeito tem três vacâncias na secretaria de Governo, de Políticas Públicas para Mulheres e da Juventude. “Se me chamar e tiver algo bom para o meu partido, eu vou. Pode ser uma diretoria de autarquia, o que for. Mas, preciso que o partido participe da administração”, justificou o vereador Carlão.
A inércia de Bernal também é amparada pelo apoio de vereadores que estão neutros na briga entre oposição e base. Entram na lista os vereadores Alceu Bueno (PSL), Juliana Zorzo (PSC) e Coringa (PSD). Alceu e Coringa têm como impedimento os colegas de partido, Elizeu Dionízio (PSL), Chiquinho Telles (PSD) e Delei Pinheiro (PSD), que atuam na oposição.
Coringa justifica que vai fazer oposição para respeitar o partido, mas vota a favor do que é bom para a cidade. Já a vereadora Juliana Zorzo garante que está independente. Ela justifica que resolveu ficar independente por defender que a Câmara deixe as brigas políticas de lado em nome da cidade. “Vereadores e prefeito têm que servir a população. Com as brigas a cidade só tem a perder”, criticou.
Sem a maioria, Bernal vai conseguindo se manter, mas pode ter dificuldade quando a fidelidade dos aliados “por conveniência” for testada, já que um sim ou não pode tirar o prefeito, que com a saída, perde o poder da caneta, que faz aumentar o número de “amigos” na Câmara.
O poder de dizer sim ou não acaba atraindo os vereadores na força, já que eles precisam da autorização de Bernal para conseguir emplacar projetos com verba federal ou mesmo para atender indicações da população. É este retorno, por exemplo, que atraiu o vereador Edson Shimabukuro. Ele já anunciou que pode fechar a parceria se o prefeito começar a investir em áreas do interesse dele. Também entra neste grupo o vereador Edil Albuquerque (PMDB). Embora pertença ao PMDB, o vereador já avisou ao prefeito que vai contribuir com a administração se ele investir nos empresários, área de atuação mais forte do mandato dele.
Fonte: midiamax
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