Eleitos para o Congresso e Assembleia de MS gastaram R$ 15,2 milhões
Em ano de campanha intensa na internet, gastos de parlamentares eleitos caiu na comparação com 2014. (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)
Mudanças na legislação eleitoral que entraram em vigor nas eleições deste ano –que incluem desde a proibição de doações de empresas e instituição de tetos de gastos bem menores na comparação com 2014, bem como a liberação do uso de redes sociais – desidrataram as receitas e, consequentemente, os gastos dos eleitos a uma vaga no Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa em Mato Grosso do Sul. Os 34 parlamentares do Estado, juntos, arrecadaram R$ 16,6 milhões e informaram despesas de quase R$ 15,2 milhões.
Embora altos, os valores conseguem ser até 60% inferiores aos R$ 41 milhões que os eleitos há quatro anos relataram como receitas.
O número ganha ainda mais peso ao se considerar que em 2018 foram eleitos dois senadores. Em 2014, havia apenas uma cadeira em disputa, conquistada nas urnas por Simone Tebet (MDB). Naquele ano, a senadora emedebista relatou sozinha receitas de R$ 3,2 milhões. Neste ano, a arrecadação dos eleitos Soraya Tronicke (PSL) e Nelsinho Trad (PTB) foi, somada, de R$ 583,2 mil, ou 18,22% do total da futura companheira de bancada.
Já a despesa dos dois candidatos eleitos neste ano foi de R$ 484,3 mil, a maior parte creditada a Nelsinho (R$ 409,4 mil). Soraya se elegeu com receitas de R$ 76 mil –2,37% do arrecadado por Simone na eleição anterior– e gastos de R$ 74,8 mil.
A minirreforma eleitoral instituiu restrições às campanhas neste ano que atingem em cheio o custeio e o financiamento dos candidatos. As doações de pessoas jurídicas foram proibidas e substituídas por um grande fundo eleitoral, com recursos de cerca de R$ 1,7 bilhão a serem destinados a todo o país e se somaram aos mais de R$ 800 milhões do fundo partidário, também fatiado entre Estados conforme avaliação das cúpulas estaduais.
Outra novidade para o custeio das candidaturas envolveram o financiamento coletivo e realização de eventos. Porém, ao menos em Mato Grosso do Sul, eles não figuram entre as cinco principais fontes de finanças da grande maioria dos candidatos –figurando entre as exceções Soraya (R$ 2,1 mil em arrecadação por meio de vaquinha online) e seu correligionário Loester Carlos, o deputado federal eleito Tio Trutis (R$ 1.375).
Enxugamento – Além da menor receita, os candidatos também lidaram com tetos de gastos bem inferiores às realidades das campanhas de 2014, estipulados de acordo com o tamanho do eleitorado de cada Estado –para Mato Grosso do Sul, os senadores poderiam gastar até R$ 2,5 milhões na campanha, mesmo limite de gastos para se conquistar uma das oito cadeiras da Câmara dos Deputados, e até R$ 1 milhão na corrida por uma das 24 vagas na Assembleia Legislativa.
Juntos, os oito deputados federais eleitos declararam receitas conjuntos pouco superiores a R$ 7,2 milhões, com gastos declarados de R$ 6,57 milhões. Há quatro anos, os recursos combinados dos oito eleitos chegaram a R$ 16,3 milhões –226% a mais do que o registrado neste ano.
A proporção entre recursos e despesas, porém, também não reflete a realidade das campanhas para a Câmara, uma vez que apenas dois candidatos responderam por metade da arrecadação deste ano. Há quatro anos, a deputada federal Tereza Cristina (DEM) declarou receitas e despesas na ordem de R$ 4,298 milhões. Neste ano, a parlamentar reeleita e futura ministra da Agricultura viu suas receitas chegarem a R$ 2,23 milhões.
A segunda maior arrecadação neste ano foi de Dagoberto Nogueira (PDT), de R$ 1,74 milhão, dos quais R$ 1,41 milhão representaram gastos. Em 2014, o pedetista arrecadou menos do que na campanha deste ano: foram R$ 1,54 milhão e R$ 1,39 milhão em gastos. Também reeleito, Vander Loubet (PT) seguiu o caminho inverso: de R$ 2,99 milhões em recursos e despesas na eleição anterior, o petista atingiu R$ 888,7 mil e R$ 730,7 mil, respectivamente.
Beto Pereira (PSDB, receitas de R$ 833,5 mil e gastos de R$ 899,4 mil), Rose Modesto (PSDB, R$ 776,4 mil e R$ 741,8 mil) e Fábio Trad (PSD, R$ 688,6 mil e R$ 619,5 mil) também tiveram campanhas na casa dos três dígitos. Dois novos deputados, porém, registraram receitas e despesas muito inferiores.
Luiz Ovando (PSL) relatou receitas de R$ 21,6 mil, e gastos pouco superiores a R$ 20,6 mil. Loester, por sua vez, teve a campanha mais barata entre todos os eleitos no Estado: foram R$ 12.075 arrecadados e R$ 12.051,10 gastos –0,59% das despesas de Tereza Cristina, a mais cara à Câmara neste ano. Em 2014, a campanha mais “barata” foi a do entãoi deputado Márcio Monteiro (PSDB), que arrecadou puco mais de R$ 803 mil.
De cima – O baixo custo informado pelos candidatos do PSL em suas campanhas não foi um fenômeno apenas estadual, replicando-se em várias regiões do país.
O partido, que contou com pouco tempo na propaganda eleitoral gratuita, manteve campanha intensa em redes sociais, muito usada por seu principal cabo eleitoral: o presidente eleito Jair Bolsonaro –que antecipou a entrega de sua prestação de contas final ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) relatando arrecadação de R$ 4,3 milhões e gastos de R$ 2,8 milhões. Em 2014, a chapa Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB) relatou arrecadação de R$ 318 milhões, com despesas em valor semelhante.
Tal perfil de gastos reproduziu-se também entre os dois eleitos do PSL para a Assembleia Legislativa estadual, também os dois deputados federais mais votados do Estado. Capitão Contar (78,3 mil votos) informou receitas de R$ 93,2 mil, com gastos de R$ 82,3 mil; números semelhantes aos do Coronel David (45,9 mil votos) –com receitas de R$ 96,5 mil e despesas de R$ 80,7 mil.
Ambos foram eleitos pelo quociente partidário, porém, não tiveram a campanha mais barata à Assembleia em 2018: o posto coube ao vereador e radialista Lucas de Lima (SD), que atingiu 12,3 mil votos na mesma coligação dos candidatos do PSL –elegendo-se pela média, isto é, a distribuição das “sobras” a partir da votação de partidos e coligações. Lucas teve receitas de R$ 59,1 mil e gastos de R$ 53,9 mil em sua campanha.
Na comparação com 2014, a campanha à Assembleia tambem ficou menos cara: foram R$ 8,85 milhões em arrecadação entre os 24 eleitos, que juntos tiveram gastos de R$ 8,14 milhões. Na disputa anterior, os 24 eleitos informaram arrecadação de R$ 21,5 milhões (242,9% a mais).
Naquela eleição, a campanha em arrecadação e gastos foi Antonieta Amorim (MDB), que neste ano desistiu de disputar um novo mandato. A deputada havia chegado a receitas de R$ 2,746 milhões. Neste ano, os maiores valores foram divulgados por Jamilson Name (PDT): receitas de R$ 994,9 mil e gastos de R$ 936,4 mil, cerca de R$ 65 mil abaixo do teto.
Há quatro anos, a campanha mais barata havia sido a de Lídio Lopes (Patriota), que arrecadou pouco mais de R$ 204 mil. Neste ano, ele superou o valor: foram R$ 292,1 mil em receitas e R$ 275,1 mil em gastos.
Candidatos que disputaram o segundo turno têm até 17 de novembro para apresentarem suas prestações de contas –é o caso de Fernando Haddad (PT) na corrida presidencial e, no Estado, do governador reeleito Reinaldo Azambuja (PSDB) e do pedetista Odilon de Oliveira.
Fonte: Humberto Marques / Campo Grandes News
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