Inquérito do Gaeco aponta que Gilmar Olarte teria comprado cassação de Bernal
O Gaeco investiga se a cassação de Bernal foi comprada. A manobra teria sido orquestrada pelo então vice-prefeito Gilmar Antunes Olarte e por seu “braço direito” Ronam Edson Feitosa de Lima, pastor da igreja Assembléia de Deus Nova Aliança, a exemplo do prefeito. Aos financiadores do “golpe”, ambos teriam prometido vantagens depois que Olarte assumisse a prefeitura de Campo Grande.
A reportagem do jornal Centro-Oeste Popular e do Brasil Notícia – portal do grupo na internet, sediado na capital federal – teve acesso, com exclusividade, aos autos do Procedimento Investigatório Criminal nº 02/2014/Gaeco. A peça inquisitória se encontra sob sigilo em razão de haver nela interceptação de comunicações telefônicas.
“No caso em exame tem-se claro que existe uma associação criminosa, voltada à prática de delitos graves, cuja característica do modus operandi e dos delitos cometidos pelos agentes tem por base a utilização de comunicação telefônica, para o comando de suas ações”, asseverou o promotor de Justiça Marcos Alex Vera de Oliveira, do Gaeco, ao postular autorização para os “grampos”, prontamente deferida pelo juiz de Direito Aluizio Pereira dos Santos.
As revelações da investigação promovida pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPE/MS) comprometem, além de Gilmar Olarte e Ronam Feitosa de Lima, diversos agiotas que operam no mercado sul-mato-grossense, além de políticos e, principalmente, um grupo empresarial chefiado por grande empreiteiro que há várias administrações fatura alto nos cofres públicos da “Cidade Morena”.
“O esquema contaria, ainda, com a participação de outros indivíduos que atuariam tanto nas articulações para o desenvolvimento do golpe, bem como agiriam como ‘laranjas’ figurando como proprietários de bens que na verdade seriam de propriedade de Ronam Edsom e Gilmar Olarte”, destaca trecho do relatório produzido pelo Gaeco.
“Verificou-se, também, que alguns dos cheques recebidos de terceiros, principalmente pela pessoa de Ronam (que mantém relações diretas com Gilmar), de alguma forma foram parar em mãos de agiotas (…) sob a promessa de recebimento de vantagens em uma futura administração municipal, tais como posse de terrenos e favorecimento na contratação para execução de obras públicas”, prossegue o MPE, que aponta suposto “conluio encabeçado por Gilmar Antunes Olarte, na época vice-prefeito, e perpetrado por Ronam Edsom Feitosa de Lima, na época funcionário da Secretaria de Educação, que estariam agindo com intuito de angariar fundos para financiamento de vereadores e captação de sufrágio, buscando influenciar no resultado da votação da comissão processante que apurou supostas irregularidades praticadas na administração do então prefeito Alcides Bernal, pois a cassação deste acarretaria a ascensão de Gilmar Olarte ao cargo de prefeito; para esse feito, Ronam Edson estaria arrecadando doações de empresários, com promessa futura de favorecimento na administração municipal quando Gilmar Olarte ascendesse ao cargo de prefeito e nessa ocasião utilizaria a estrutura da prefeitura para beneficiar os doadores”.
Nas interceptações telefônicas realizadas pelo Gaeco sob autorização da Justiça sul-mato-grossense, um dos “alvos” confidencia que “cada vereador que votou a favor da cassação do prefeito Alcides Bernal teria recebido R$ 1 milhão”. Certa vereadora supostamente envolvida no esquema – candidata à Secretaria de Educação e a um grande negócio de sete milhões – usa número telefônico registrado em nome do irmão deputado.
Depois que Bernal foi cassado e Olarte assumiu a prefeitura campo-grandense, vieram as cobranças. Assim que “os rolos estouraram”, pressionado, ameaçado e chantageado, Ronam Feitosa de Lima – que teria feito “coisas do inferno” – deu no pé. Correu para Três Lagoas (MS), depois para Santos (SP) e finalmente para a capital paulista, onde foi preso a pedido do Gaeco e por determinação do desembargador Ruy Celso Barbosa Florence, do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul (TJ/MS). Nesse tempo, continuou recebendo normalmente seu gordo salário – cerca de R$ 7 mil – na prefeitura de Campo Grande, além de interceder pela esposa e filho que também queriam bons cargos de confiança na administração do ‘patrono’ Gilmar Olarte.
Fonte: Centro-Oeste Popular
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