Invasões deixam rastros de destruição e geram insegurança no Cone Sul

24/06/2015 14:54 Política
Danos, segundo os proprietários, provocados pelos invasores na Fazenda São Luiz, em Paranhos. Invasões de terras voltam a gerar insegurança a ameaçar
Danos, segundo os proprietários, provocados pelos invasores na Fazenda São Luiz, em Paranhos. Invasões de terras voltam a gerar insegurança a ameaçar

Após tempos de calmaria que se estendeu desde o início da campanha eleitoral do ano passado até os primeiros meses desse ano (2015) o fantasma das invasões de terras voltaram a assombrar a classe produtora e a economia da região Cone Sul do Estado, em Mato Grosso Sul.

Indígenas, acompanhados por indivíduos armados com armas brancas, com rostos camuflados e usando capuz para evitarem serem identificados invadiram, em menos de sessenta dias, duas propriedades da região.

A primeira invasão, registrada na noite do dia 28 de abril, ocorreu na Fazenda São Luiz, no município de Paranhos.

Segundo a Polícia Civil local, que registrou o caso como “seqüestro e cárcere privado”, além de disparo de arma de fogo e lesão corporal dolosa, os indivíduos, cerca de cem pessoas, entre eles mulheres e crianças, segundo a polícia supostamente oriundos do acampamento indígena “Ypoí”, teriam chegado à sede da propriedade rural, rendido os funcionários e suas esposas, vindo a manter as vítimas como reféns por horas.

De acordo com relatos das vítimas à Polícia Civil, além de ameaças de morte, os invasores agiram com violência, agredindo fisicamente os moradores, que inclusive, depois de liberados, foram submetidos a exame de corpo e delito.

Na mesma ocorrência o grupo de invasores foi acusado de promover agressões contra um “patrício” de prática de agressão.

Segundo o indígena de 48 anos, que é motorista da SESAI (Secretaria Especial da Saúde Indígena), instituição que presta atendimento as próprias comunidade indígenas do município, ele teria parado o veículo para colher algumas espigas de milho na fazenda invadida, a São Luiz, quando foi cercado por indígenas do grupo invasor da propriedade, onde acabou agredido a pauladas.

Segundo relatou o motorista à polícia, os agressores estavam de posse de armas de fogo e inclusive um deles chegou a efetuar disparo contra ele com o objetivo de intimidá-lo.

De acordo com relatos das vítimas, durante a permanência na sede da propriedade rural os invasores deixaram um rastro de destruição, tanto nas instalações da fazenda, bem como nas residências dos funcionários, quebrando e danificando mobílias.

Segundo o proprietário da área rural, Firmino Escobar, a Fazenda São Luiz que possui 1.650 hectares, 1.150 destinadas ao cultivo de soja e milho, 50 hectares cobertas por plantação de eucalipto e outras 356 como reserva legal, matas ciliares e APP (Área de Proteção Permanente), além de abrigar um confinamento com capacidade para cem bois, está de posse da família Escobar há 133 anos, o equivalente a seis gerações.

Tática de guerrilha na invasão em Coronel Sapucaia
Em uma nova invasão de propriedade rural da região, a da “Fazenda Madama”, situada entre Amambai e Coronel Sapucaia, os invasores usaram técnica semelhantes às praticadas por grupos guerrilheiros.

Segundo o Sindicato Rural de Amambai, que acompanha o caso, os invasores, cerca de 60 pessoas, supostamente indígenas, teriam chegado à sede da propriedade rural por volta das 4h30 da madrugada dessa segunda-feira, 22 de junho, fazendo algazarras, soltando foguetes e efetuando disparos, supostamente com o emprego de armas de fogo.

Em ato contínuo o grupo teria invadido as casas dos funcionários, três famílias, inclusive com várias crianças e, mediante ameaças, teriam obrigado os moradores a fugirem a pé durante a madrugada em meio à pastagem.

Assustadas, as vítimas teriam procurado abrigo em outras propriedades da região.

Com o objetivo de barrar a entrada na propriedade rural, os invasores teriam aberto valetas e armado barricadas nas vias de acesso a propriedade rural.

Na tarde dessa segunda-feira, com o emprego de um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) o Procurador da República do Ministério Público Federal (MPF), de Ponta Porã, Ricardo Pael Ardenghi, pousou na propriedade invadida e se reuniu com as lideranças do movimento invasor.

De acordo com Sindicato Rural, durante a reunião os invasores teriam se recusado a sair, mas teriam prometido manter a integridade das instalações até que os funcionários retirassem seus pertences e o proprietário da fazenda retirasse os equipamentos e cerca de 3,5 mil cabeças de gado existentes na propriedade rural.

Acontece, segundo o SRA, que a promessa não foi cumprida. Quando chegaram à fazenda, na manhã dessa terça-feira para iniciar a remoção dos bens, os funcionários encontraram suas casas arrombadas, seus pertences danificados e na invernada pelo menos três cabeças de animais abatidos.

Diante da destruição e visando evitar maiores prejuízos, o proprietário da fazenda optou por uma ação emergencial para a retirada do gado mesmo sem ter para onde levar, e de pertences da propriedade rural.

Segundo do Sindicado Rural de Amambai, além das 3,5 mil cabeças de gado, a Fazenda Madama, que tem 3.870 hectares, também tem 350 hectares destinados ao planto de soja.

CIMI diz que ação foi “retomada”
Em seu site, o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), órgão ligado a Igreja Católica, afirmou que a invasão da Fazenda Madama, na madrugada dessa segunda-feira, de fato foi praticada por indígenas guarani-kaiowa da região do Kurusu Ambá, uma área que vem enfrentando ocupações e gerando conflitos pela posse da terra desde a década passada.

Para a entidade, que é um organismo vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e tem em sua atuação missionária, segundo a direção, conferiu um novo sentido ao trabalho da Igreja Católica junto aos povos indígenas no Brasil, a ação na Fazenda Madama não foi uma invasão e sim a retomada de áreas de terras tradicionais retiradas dos povos indígenas em passado longínquo, terras essas que agora são reivindicadas pelas comunidades indígenas.

A classe produtora aponta o CIMI como o principal responsável por instigar as invasões de propriedades rurais na região Cone Sul de Mato Grosso do Sul.

Além de afetar diretamente a produção rural, principal geradora de emprego e renda no Cone Sul do Estado, as constantes ameaças e invasões de terras na região geram insegurança, a desvalorização de imóveis e afasta investidores, travando o desenvolvimento do País de toda a região de fronteira entre Brasil e Paraguai.

 

Fonte: Vilson Nascimento, da Gazeta News

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