Justiça manda bloquear R$ 102,6 milhões do PT, de Vaccari e de Paulo Bernardo
O ex-ministro Paulo Bernardo deixa a Superintendência Regional da Policia Federal em São Paulo. Foto: Edilson Dantas-Agência O Globo
A Justiça Federal de São Paulo determinou o bloqueio de até R$ 102,6 milhões das contas do PT, do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e do ex-ministro Paulo Bernardo em decorrência da Operação Custo Brasil. De acordo com o juiz Paulo Bueno de Azevedo o partido foi um dos principais beneficiários do dinheiro desviado de empréstimos consignados de servidores federais. O valor bloqueado representa quase 90% do que o PT recebeu de fundo partidário no ano passado (R$ 116,2 milhões).
"Os colaboradores apontam Vaccari como uma espécie de mentor de esquema de desvio de dinheiro no caso CONSIST", disse o juiz no despacho completando: "O principal beneficiário do esquema seria o Partido dos Trabalhadores".
Além dos três, Bueno mandou bloquear os mesmo valores da empresa Consist e da CSA NET que tiveram participação central no esquema. O ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, que teve nova prisão decretada na segunda-feira na 31ª fase da Operação Lava-Jato, teve bloqueados R$ 755,9 mil - valor que ele teria recebido no esquema. Bueno bloqueou ainda R$ 120 mil da Editora 247, que edita o site "Brasil 247", referente aos valores repassados ao site.
Os bloqueios são decorrentes da Operação Custo Brasil, um desdobramento da 18ª fase da Lava-Jato, que apura o pagamento de propina em contratos de prestação de serviços de informática com a empresa Consist, na ordem de R$ 100 milhões, entre os anos de 2010 e 2015
Segundo a Polícia Federal, há indícios de que o Ministério do Planejamento, durante a gestão de Paulo Bernardo, direcionou a contratação da Consist para a gestão do crédito consignado na folha de pagamento de funcionários públicos federais com bancos privados, interessados na concessão de crédito consignado. De acordo com a apuração, 70% dos valores recebidos por essa empresa eram repassados a pessoas ligadas a funcionários públicos ou agentes públicos com influência por meio de outros contratos fictícios.
Foram bloqueados ainda R$ 34,1 milhões das empresas Consucred Serviços e Consulcred Tecnologia e R$ 1,9 milhão da Politec. O juiz determinou valores menores de bloqueio a acusados que tiveram participação menor no esquema. O advogado Guilherme Gonçalves, por exemplo, que teria repassado valores ao ex-ministro Paulo Bernardo, teve bloqueados R$ 7,6 milhões. Outros intermediários de recursos tiveram bloqueios limitados aos valores que transitaram por suas empresas e contas.
Fonte: Renato Onofre e Cleide Carvalho, da Agência Globo
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