No adeus à Câmara, disparam gastos da bancada de MS com divulgação

Ao menos quatro deputados federais ampliaram despesas; Zeca do PT e Geraldo Resende incluíram entre as despesas empresas com as quais trabalharam na campanha eleitoral
18/01/2019 13:02 Política
Zeca do PT ampliou gastos com divulgação em dezembro para mais de R$ 77 mil. (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)
Zeca do PT ampliou gastos com divulgação em dezembro para mais de R$ 77 mil. (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)

Deputados federais de Mato Grosso do Sul, reeleitos ou não, valeram-se da cota da atividade parlamentar destinada à divulgação de suas atividades no fim de 2018 em proporções superiores às registradas ao longo do ano passado.

Superado o processo eleitoral, no qual o uso da verba é alvo de restrições, ao menos quatro congressistas elevaram consideravelmente uma despesa que, entre todos os integrantes da bancada federal estadual na Câmara, foi de pouco mais de R$ 1 milhão.

Apenas entre novembro e dezembro, as despesas dos deputados sul-mato-grossenses com a divulgação da atividade parlamentar (que vai desde a produção de impressos e sites à publicações direcionadas) chegou a R$ 339 mil –um terço de todo o gasto no ano.

Dois casos saltam aos olhos: Zeca do PT, que de gastos mensais entre R$ 13,2 mil a R$ 14,2 mil, elevou suas despesas em novembro para R$ 19,6 mil e em dezembro a R$ 77,5 mil; e Geraldo Resende (PSDB), que manteve uma crescente no ano passado e, de R$ 11,3 mil em fevereiro, chegou a despesas de R$ 35,3 mil em junho, não utilizou os valores em agosto e setembro, totalizou R$ 4,5 mil em outubro e, então, elevou os gastos a R$ 120,3 mil em novembro, recuando para R$ 41,5 mil em dezembro –foram R$ 262,9 mil destinados à rubrica no ano.

Zeca e Geraldo não se reelegeram. O primeiro concorreu ao Senado, ficando em quinto lugar na disputa e vai exercer mandato na Câmara até 31 de janeiro. Em dezembro, mês no qual teve o maior salto nas despesas, destinou R$ 56,4 mil para a Artfix Gráfica Rápida Ltda., com a qual manteve relação inclusive na campanha eleitoral ao Senado: segundo a prestação de contas ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral), Zeca encomendou R$ 21 mil em serviços à empresa, entre “santões”, praguinhas e banners, declarados em notas fiscais.

Ao Campo Grande News, Zeca confirma que gastou mais porque investiu em material de divulgação sobre os quatro anos de mandato. "Mandei fazer uma cartilha para prestar contas sobre o meu mandato".

Geraldo ficou como primeiro suplente de deputado federal, mas optou por renunciar aos últimos dias em Brasília para assumir a Secretaria de Estado de Saúde. Em novembro passado, quando gastou R$ 120,3 mil em divulgação da atividade parlamentar, relatou duas notas destinadas à F. F. Vieira (Fergraf), empresa de serviços gráficos, nos valores de R$ 56 mil e R$ 55,8 mil, totalizando R$ 111,8 mil da despesa do mês. Na campanha, a mesma empresa emitiu nove notas referentes a serviços gráficos que totalizaram R$ 290,2 mil.

O parlamentar explicou à reportagem que durante o período eleitoral ficou impedido de usar algumas verbas as quais tem direito e por isso, acumulou despesas para o fim do mandato. "Está tudo aprovado pela Câmara, dentro da legislação".

Resende disse ainda que o maior gasto que precisa "pagar para divulgar" suas ações como deputado. "Você tem de pagar para divulgar suas ações, mesmo que seja uma ação benéfica, não sai se não pagar", afirmou.

Fora – Elizeu Dionizio (PSB), outro que não se reelegeu, foi mais comedido com seus gastos. Foram R$ 25,4 mil em todo o ano, sendo R$ 21,2 mil em abril e R$ 4,1 mil em junho. No restante de 2018, não declarou despesas com divulgação.

Luiz Mandetta (DEM), que abriu mão da disputa e se tornou ministro da Saúde de Jair Bolsonaro neste ano, gastou R$ 93,4 mil com divulgação, divididos entre janeiro e abril (mês em que a despesa totalizou R$ 32,1 mil) e, depois, entre R$ 10 mil e R$ 12 mil. Em outubro, último mês que registrou tais gastos, foram R$ 1,6 mil.

A também ministra Tereza Cristina (DEM), titular da Agricultura, reelegeu-se deputada federal. Em 2018, gastou R$ 63,4 mil com divulgação da atividade parlamentar, em despesas entre R$ 7 mil e R$ 9,3 mil de janeiro a maio. Em outubro, foram R$ 3,3 mil na despesa, que subiu para R$ 14,4 mil em novembro e novamente recuou a R$ 4,1 mil em dezembro.

Reeleitos – Dagoberto Nogueira (PDT), que voltará à Câmara, encerrou 2018 com R$ 20,2 mil em gastos com divulgação da atividade parlamentar, realizando despesas de janeiro a maio (caindo de R$ 7 mil no primeiro mês para R$ 1.850 no fim do ano). Em dezembro, destinou R$ 466,84 à rubrica.

Também reeleito, Fábio Trad (PSD) teve gastos de R$ 81,1 mil, concentrados no primeiro semestre. Foram R$ 10,5 mil em fevereiro e março, R$ 33 mil em abril e R$ 25 mil em maio, até um enxugamento para R$ 1 mil em junho. Em outubro, a despesa voltou, com gasto de R$ 421,67, e de R$ 550 em novembro.

Vander Loubet (PT) gastou R$ 273 mil com divulgação da atividade parlamentar, maior montante e sempre a maior média entre os congressistas –havendo picos de R$ 26,2 mil em janeiro, R$ 39,4 mil em fevereiro, R$ 42,2 mil em maio, R$ 31,6 mil em outubro, R$ 21,3 mil em novembro e R$ 39 mil em dezembro.

Fonte: Ângela Kempfer e Anahi Zurutuza / Campo Grandes News

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