Para o governo, rota bioceânica é viável e não se limita às exportações
Caminhonetes da expedição que saiu de Campo Grande no dia 25 em uma das paradas em território vizinho (Foto: Sílvio Andrade/Campo Grande News)
A visita de representantes dos governos federal e estadual e empresários do setor de transporte de cargas ao Paraguai, Argentina e Chile, iniciada no dia 25 de agosto, foi extremamente positiva e não deixou dúvidas quanto ao compromisso do Brasil na construção da ponte sobre o Rio Paraguai e o empenho de Mato Grosso do Sul em criar o corredor bioceânico.
A avaliação é do coordenador-geral de Assuntos Econômicos do Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson de Campo. Ele integra a caravana formada por mais de 80 pessoas, as quais completarão a viagem até a costa do Pacífico nesta sexta-feira (1º), em Assunção, percorrendo cerca de 6 mil km em 29 caminhonetes.
A viagem, segundo ele, confirmou a ótima infraestrutura rodoviária e portuária do Chile e a rapidez com que a Argentina executa a pavimentação dos últimos 24 km do trecho do corredor em seu território, na fronteira com o Paraguai. Também destacou o esforço do Paraguai em asfaltar 600 km da Rodovia do Chaco, cujo primeiro trecho, de 277 km, já foi licitado.
Além disso, percebemos, pela receptividade dos nossos irmãos latino-americanos, que existe uma expectativa não só da iniciativa privada, como das autoridades, mas também na população, na efetivação desse corredor, um desejo cultivado há muitos anos, comentou o representante do Ministério das Relações Exteriores.
Empenho de Reinaldo - Ele enfatizou, ainda, as articulações políticas de Mato Grosso do Sul para efetivar esta rota, citando o empenho do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e da bancada federal para que a construção da ponte se inicie o mais rápido possível. No entanto, alertou para o fato de que o sucesso comercial da rota não depende apenas de infraestrutura, mas de ordenamento aduaneiro.
É preciso medidas para definir regras aduaneiras para assegurar o livre tráfego de cargas, maior controle de bens e pessoas, que precisam, necessariamente, ser empreendidas nos próximos meses, comentou. O fortalecimento dos laços entre população, autoridades e setor privado é outro ponto fundamental, ainda há muito desconhecimento das potencialidades do projeto.
Ao realçar que a construção da ponte e o fácil acesso à costa do Pacífico representam uma mudança de paradigmas, João Parkinson disse que as transformações que vão ocorrer devem ser desenvolvidas pelas autoridades locais e não pelo governo central.
Os agentes locais devem assumir a liderança desse processo e levar adiante as modificações necessárias, como criar um ambiente para fomentar o turismo e incentivar outras áreas, como a produtiva, pontuou.
Sal de Salta, Argentina - A rota da integração, na sua opinião, não alavancará apenas a economia de Mato Grosso do Sul, do Centro-Oeste e dos três países que integram o corredor com exportações, mas abrirá perspectivas de crescimento para novas correntes comerciais. Ele lembrou que Salta, na Argentina, é grande produtora de sal e pode atender a demanda do Estado.
Na visita que fizemos a Salta, descobriu-se que é possível exportar sal para atender a grande demanda de Mato Grosso do Sul, que traz o produto de Mossoró (RN), numa distancia de 3 mil km, quando poderia ser suprido pela Argentina em um tempo de 14 horas, frisou.
Neste aspecto, segundo ele, o novo corredor não servirá unicamente aos países exportadores de comodities e terá apenas um caminho, o dos portos chilenos. “É um projeto mais complexo, servirá às importações e exportações em todos os sentidos, será abrangente, atendendo demandas e acordos localizados, como a questão do sal”, finalizou.
Fonte: Do Campo Grande News
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