Parlamentares reagem a exibição de filme com cena de sexo em escola na Capital

Filme “Crime Barato” foi exibido na Escola Estadual Maria Constança de Barros Machado, em Campo Grande
04/10/2018 15:21 Política
Vereadores discutem no plenário da Câmara Municipal. (Foto: Izaías Medeiros/Câmara Municipal de Campo Grande).
Vereadores discutem no plenário da Câmara Municipal. (Foto: Izaías Medeiros/Câmara Municipal de Campo Grande).

Vereadores de Campo Grande e deputados de Mato Grosso do Sul usaram parte das respectivas sessões, nesta quinta-feira (dia 4), para criticar a exibição de um filme com cena de sexo para estudantes da Escola Estadual Maria Constança de Barros Machado.

O filme se chama “Crime Barato”. O filme foi rodado na cidade pelo diretor Mhiguel Horta, para falar da marginalização que muitos da comunidade LGBT+ vivem.

A princípio, a ideia do vereador Junior Longo (PSB) era apresentar uma moção de repúdio contra o professor que exibiu o filme. Contudo, a maioria dos parlamentares pediu para aguardar o posicionamento da Secretaria de Estado de Educação.

Classificando como “grave e inadmissível”, o vereador Carlos Augusto Borges (PSB) chegou a cogitar até exoneração do profissional por causa da exibição. Gilmar da Cruz (PRB) disse que o episódio vai trazer “problemas psicológicos” para os adolescentes que viram as cenas. “Porque isso agride. Crianças não podem ser vítimas de um estupro mental”.

Por outro lado, também houve discurso em tom mais cauteloso, a exemplo do que o vereador Wellington de Oliveira (PSDB) disse.

“Na minha análise, é precipitado [aprovar moção de repúdio]. Vamos aguardar o posicionamento, para saber o que de fato ocorreu. Se não corremos o risco de colocar cabresto no professor. Não somos a favor, mas própria administração pode ter condição de proceder neste caso”.

Eduardo Romero (Rede) lembrou que o filme é uma produção de Mato Grosso do Sul e que “tem de ser reconhecida, independentemente da temática”. “Que é sensível e polêmica, mas é justamente o papel da arte”.

A proposta dele era deixar claro que a moção era contra o professor, não contra o autor do filme e a diretoria da instituição de ensino.

“De fato vimos um excesso [na exibição de filme]. Mas eu também fico com os colegas, de forma mais cautelosa. Se queremos propor debate, até concordo, mas que os pais e direção saibam. Esse assunto de forma oculta não pode ocorrer”.

No fim das contas, o presidente da Câmara sugeriu, e o autor da moção aceitou, enviar uma manifestação oficial da Casa de Leis à Secretaria de Educação, pedindo esclarecimentos.

A exibição do filme “Crime Barato” na escola estadual Maria Constança de Barros Machado também reverberou na bancada cristã da Assembleia Legislativa, que congrega católicos e evangélicos.

Para o deputado estadual Paulo Siufi (PMDB), habitual crítico de exposições e livros, o filme é pornográfico, com relação entre homossexuais. Ele pondera que essa modalidade de filme deve existir, mas sem exibição em escola.

“Isso é um crime. Eu me preocupo muito com a inversão dos valores, colocando crianças para assistirem vídeo de sexo explícito. Além disso, os pais e alunos não tinham sido comunicados antes sobre a exibição do filme”.

Segundo o deputado, o filme feito em Campo Grande deve ter seu conteúdo artístico, mas que ele particularmente não gosta. “Mas arte é arte, porém, não deve estar nas escolas”.

O deputado estadual Herculano Borges (SD) encaminhou ofício pedindo providências à SED (Secretaria Estadual de Educação).

“Eu sei que a secretária Maria Cecília Amendola não concorda com o que foi feito. Espero que os responsáveis por isso sejam punidos. Ontem, recebi muitas reclamações no meu celular, com pais reclamando do vídeo, mandando alguns trechos. Já recebi informações que tanto diretor quanto professor terão que se explicar na secretaria”, diz. A classificação do filme é 14 anos, sendo exibido para adolescentes.

A secretária de Educação de MS, Maria Cecília Amendola da Motta, disse que abriu um procedimento administrativo para apurar os fatos. Afirmou, ainda, que já conversou com a diretoria da escola e com o jurídico da pasta estadual. Só depois de levantar as informações é que a secretária vai opinar sobre o assunto.

Fonte: Mayara Bueno, Aline dos Santos e Leonardo Rocha / Campo Grandes News

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