Primeiro debate é marcado por tom ácido entre candidatos ao governo de MS
O primeiro debate entre os seis candidatos ao governo de Mato Grosso do Sul foi marcado por tom ácido, críticas, poucas propostas e intrigantes silêncios, até dos debatedores mais “incendiários”, sobre denúncias que marcaram a última semana.
Na linha dos escândalos, apareceram JBS, empresa marcada por delatores que afirmaram trocar incentivos fiscais por propinas nas gestões de Zeca do PT, André Puccinelli (MDB) e de Reinaldo Azambuja (PSDB), que disputa a reeleição; Lama Asfáltica, maior operação contra a corrupção em Mato Grosso do Sul; e jogo do bicho. As denúncias de Jedeão de Oliveira, ex-servidor da Justiça Federal que ataca o juiz aposentado Odilon Oliveira, candidato do PDT, ficaram de fora.
Enquanto o petista Humberto Amaducci fez homenagem ao ex-presidente Lula, preso na operação Lava Jato, e o declarou como eterno presidente. O candidato emedebista Junior Mochi optou por ocultar o nome de Puccinelli ao citar números da habitação. Ele preferiu dizer administração do MDB.
O ex-governador, que está preso desde 20 de julho na Lama Asfáltica, foi lembrado por João Alfredo (Psol), que ao lado de Marcelo Bluma (PV), fez as críticas mais contundentes.
Durante os cinco blocos do debate, realizado pelo jornal Midiamax na noite desta segunda-feira (dia 3), em Campo Grande, o alvo preferencial foi Azambuja, detentor do cargo em disputa.
Balanço, família e Branca de Neve – Com a mediação do jornalista Eduardo Grillo, o debate teve três horas de duração, das 20h05 às 23h. Foram cinco blocos, o terceiro deles com mais perguntas polêmicas entre os candidatos. O primeiro bloco se resumiu as apresentações dos candidatos, que aproveitaram para falar do currículo e família.
O primeiro a tomar o seu posto no debate foi Humberto Amaducci, ao som de gritos de “Lula livre”. Em seguida o juiz aposentado Odilon de Oliveira, do PDT, fazendo símbolo de vitória com a duas mãos.
Azambuja, candidato do PSDB à reeleição, abriu as explanações fazendo um balanço dos 3 anos e oito meses de gestão. Comentou que houve momentos de crise durante o período e que tomou medidas impopulares, mas necessárias.
Durante a sua apresentação, João Alfredo, do PSOL, comentou que há 25 anos mora em Ribas do Rio Pardo. Relembrou os escândalos de corrupção descobertos pela Lama Asfáltica, as delações da JBS e crime organizado.
Estabelecidos por sorteio foram discutidos os temas obras, combate à corrupção, emprego, saúde, educação e turismo.
Azambuja iniciou os trabalhos pontuando que foram concluídas muitas obras durante sua gestão. Mas perguntou ao candidato João Alfredo qual seria a postura dele sobre as obras não iniciadas no seu governo.
Ao ser questionado sobre a paralisação nas obras do Aquário do Pantanal, o governador ressaltou que não haviam sido retomadas por falta de autorização da Justiça. “Não vou pôr minhas digitais numa obra que não tem autorização da justiça”, disse Azambuja.
Sobre o tema “combate a corrupção”, João Alfredo perguntou a Marcelo Bluma “como combater a corrupção ?"
Em sua resposta, Bluma ironizou a pergunta citando quem em tempos de eleições “vê alianças de Branca de Neve com Saci-Pererê”, ao criticar coligações de partidos rivais nas eleições.Na réplica, João Alfredo diz que renunciou ao cargo de vice-prefeito em Ribas do Rio Pardo por não concordar com esquemas de corrupção.
Odilon fez diversas menções a sua origem simples e destacou que chegou ao posto de juiz pela educação. No debate, aproveitou para criticar o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que retirou a sua escolta, que era feita por policiais federais. “Cujos integrantes nunca botaram o pé na fronteira”. A temática fronteira surgiu no debate com pergunta do candidato do Psol, como gancho para questionar o posicionamento de Odilon sobre o jogo do bicho.
Já Mochi prometeu trocar impostos por empregos e criticou que o atual governador não dialoga com os servidores. “Quero ser governador de Mato Grosso do Sul não pelo prazer do exercício do poder, mas para servir a população”, diz.
Amaducci fez várias menções ao governo de Zeca do PT, defendeu a volta de projetos e reclamou do sucateamento da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). Sobre o tom do debate, declarou que é preciso estar preparado para a acidez da crítica, porque ela faz parte da política.
Acidez, desinformado e marinheiro - Azambuja apresentou dados para defender sua gestão e destacou ações para implementar transparência no governo, além de “abrir a caixa preta” dos incentivos fiscais.
"Não tenho preocupação nenhuma com acidez. Quem está na vida pública, não se preocupa com crítica. Ela é até um instrumento para ajustar algo que estiver errado. Mas o que vi hoje foram muitos candidatos sem nenhum conhecimento sobre a gestão pública. Sem nenhum conhecimento sobre os números do Estado”.
Ao término do debate, João Alfredo disse ao Campo Grande News que sua estratégia não foi “incendiária”, mas falar a verdade. “ É hora do eleitor saber quem efetivamente fala a verdade. Criticas vão existir sempre, sobretudo diante de um estado onde as pessoas que nos ouvem, estão sofrendo muito”.
Para o candidato do PDT, os ataques se encaixaram no tom adequado e bem dirigidos. “As propostas foram adequadas e os ataques, se aconteceram, foram adequados e bem dirigidos. De modo que eu entendo que qualquer administrador tem que suportar criticas e, principalmente quando ele mereça críticas”.
Já Marcelo Bluma acredita que coube a ele um resumo do que aconteceu no debate. “ Eu sintetizei. Politico que reclama de critica é como marinheiros que reclama de mar. Eu vim bem realista e faço parte dos indignados da população. A gente respeita a todos e vai se aprimorando para os próximos”.
O programa foi transmitido pelo site Midiamax, pelas emissoras de televisão TVE e TVI e por 23 emissoras de rádio em todo o Estado.
Fonte: Aline dos Santos e Adriano Fernandes / Campo Grandes News
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